Alpinista que subiu o Monte Fuji foi resgatado duas vezes na mesma semana
Ele voltou, acredite, para buscar o celular. Entenda o caso.

“É errando que se aprende” é um ditado popular que justifica um traço evolutivo importante entre espécies: a valorização do erro como forma de aprendizado – entender essa lógica pode, inclusive, salvar vidas.
Mas nem todo mundo leva essa dica a sério. Na semana passada, um alpinista precisou ser resgatado de helicóptero próximo ao pico do Monte Fuji, no Japão. Não satisfeito, acabou voltando à montanha (que tem 3.776 metros de altitude) e precisou ser resgatado novamente apenas quatro dias depois do primeiro incidente.
Segundo as autoridades locais, nas duas ocasiões o homem passou mal por causa da altitude – uma reação conhecida como “mal de montanha”, condição causada pela exposição a altitudes elevadas, em que a pressão do ar e a quantidade de oxigênio são menores. Os sintomas mais comuns incluem dor de cabeça, náusea, tontura, fadiga e dificuldade para respirar. Em casos mais graves, pode levar a edemas pulmonares ou cerebrais, colocando a vida em risco.
No dia 22 de abril, na primeira subida, o alpinista foi encontrado por outro montanhista em uma trilha a mais de três mil metros de altitude. Cinco dias depois, no sábado (26), ele retornou à montanha para tentar recuperar seu celular e outros pertences deixados para trás – e sofreu novamente os efeitos do mal de montanha. Mais uma vez, foi outro alpinista quem o encontrou e relatou que o homem não conseguia se movimentar.
A polícia informou que o alpinista resgatado é um estudante universitário chinês de 27 anos, que vive no Japão.
Não há penalidades para quem decide escalar fora da temporada oficial de escalada (que vai de julho ao início de setembro, época mais quente do Hemisfério Norte) nem taxas ou multas para resgates. Apesar disso, o caso do estudante chinês gerou revolta nas redes sociais, com pedidos para que ele fosse cobrado, ao menos, pelo segundo incidente.
No ano passado, autoridades locais implementaram uma taxa de entrada e um limite de visitantes na trilha mais popular para lidar com a superlotação e os riscos de escaladas noturnas para ver o nascer do sol. A expectativa é que medidas semelhantes sejam adotadas em outras rotas principais ainda este ano.
Além disso, autoridades japonesas alertaram para as condições severas do Monte Fuji fora da temporada de escalada. A polícia da cidade de Shizuoka, ao sul da montanha, reforçou a todos os alpinistas que o Fuji ainda enfrenta temperaturas muito baixas e permanece coberta de neve mesmo na primavera.