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Armas e equipamentos de guerra são vendidos no Facebook

Em países controlados pelo Estado Islâmico, foram encontrados pelo menos sete grupos dedicados ao comércio e à troca de vários tipos de armas.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 10h09 - Publicado em 12 abr 2016, 19h45

Aparentemente, não é preciso mergulhar fundo na deep web para encontrar armas à venda. No Facebook, grupos secretos da Líbia, da Síria, do Iraque e do Iêmen têm funcionado como plataformas para a compra, a venda e a troca de materiais de guerra. Entre os produtos disponibilizados para o comércio até o fechamento dos grupos, que aconteceu esta semana, havia desde pistolas até equipamento antiaéreo. 

As comunidades estavam funcionando desde setembro de 2014 – pelo menos -, e foram denunciadas ao Facebook pela Armament Research Services (ARES), uma agência de pesquisas dos Estados Unidos que tem como objetivo estudar questões relacionadas a armas ao redor do mundo. Em um artigo publicado esta semana, a agência revela os grupos e descreve suas atividades: só na Líbia, no período analisado, o relatório menciona 97 tentativas de compra e venda de mísseis, maquinaria pesada, granadas, foguetes, armas de defesa antiaérea e rifles pelo Facebook. Juntando os quatro países que aparecem no estudo, o ARES contou uma média de 300 posts de comércio de materiais de guerra por mês, e mais de 6 mil trocas documentadas pelo Facebook, no Instagram e no Whatsapp. A partir da denúncia, o Facebook investigou o caso e fechou os grupos. 

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Esses grupos foram criados em países com forte influência do Estado Islâmico, todos eles com a presença de grupos armados, como a Al Qaeda, e com governos não muito estáveis. Consequentemente, a legislação relacionada à venda e ao porte de armas também não é muito bem estabelecida – por isso, mesmo com os grupos fechados pelo Facebook, seus participantes não foram presos. A maioria dos consumidores e dos vendedores são militantes do EI, mas também há muitas pessoas que procuram as armas apenas para a autodefesa. 

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Não são só armas que compõem os bazares online. Entre os itens à venda, estão também munições, coletes à prova de balas, rádios para a comunicação, capacetes de guerra, uniformes de polícia e câmeras de visão noturna. Além disso, os grupos também oferecem passagens de barco para a Grécia, para quem precisar sair rápido do país. “É garantido”, dizia uma das propagandas.

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Surpreendentemente, a maior parte do que vem sendo comercializado nos grupos tem origem nos Estados Unidos. É que o país tem interesses comerciais na região (principalmente por causa do petróleo e do gás natural) e, por isso, costuma ser um grande fornecedor de armas. Foi o caso da Líbia, onde os rebeldes foram armados pelos EUA para lutar contra o então ditador Muammar Gaddafi, durante a Primavera Árabe, em 2011. Outra forma de os armamentos entrarem nos países é pela guerra: quando o Iraque foi invadido pelos Estados Unidos, em 2003, muitas armas foram roubadas pela Al Qaeda.

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O Facebook caiu como uma luva para atender uma demanda crescente em vários países da região. A Líbia, por exemplo, tradicionalmente tem uma política bem restritiva em relação ao comércio de armamentos. Mas, depois dos protestos violentos de 2011, as pessoas começaram a ter medo – tanto é que, no país, as pistolas são as mais procuradas por quem quer comprar. O Facebook é um lugar perfeito para atender a essa nova demanda, graças a recursos como a função de colocar itens à venda em grupos. A troca se torna rápida, de fácil acesso e discreta. 

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Além disso, acredite se quiser: até janeiro deste ano, o Facebook não tinha nenhuma restrição ao comércio de armas. É que, como a rede está em constante mudança, suas regras também vão sendo remanejadas ao longo do tempo. Na origem, em 2004, nem existia a possibilidade de postar fotos – então, a ideia de que alguém pudesse vender armas era, no mínimo, remota. Depois da publicação do estudo do ARES, porém, a empresa reviu suas regras e baniu as armas de vez, fechando os grupos expostos pela agência. Mesmo assim, é difícil acabar com o tráfico de verdade, já que os conteúdos precisam ser denunciados por usuários da própria rede para que os moderadores do Facebook retirem-no do ar – mas dificilmente alguém dentro de um grupo de compra e venda de armas vai querer denunciar um post da comunidade. 

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