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Bets: a psicologia das apostas

Em 2023, os brasileiros gastaram 54 bilhões de reais em bets esportivas e cassinos online. Entenda como os jogos de azar manipulam o sistema de motivação e desejo do seu cérebro – e veja como o hábito pode evoluir para um vício.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 15 fev 2024, 17h33 - Publicado em 15 fev 2024, 10h39

Texto Rafael Battaglia | Edição Bruno Vaiano | Design e colagens Luana Pillmann e Cristielle Luise

Denise Coates é a mulher mais rica do Reino Unido. A executiva do mundo tech tem um patrimônio de US$ 7,7 bilhões. Em 2023, seu salário anual foi de US$ 300 milhões.

E tome holerite: esse é um ordenado maior que o de qualquer CEO do S&P 500, a lista das 500 maiores empresas das bolsas americanas. Sundar Pinchai, presidente da Alphabet (dona do Google), ganha US$ 226 milhões anuais. Tim Cook, da Apple, US$ 90 milhões.

Mas Denise passa longe do desenvolvimento de softwares e celulares. Seu negócio é outro. Em 2000, ela fundou a bet365, uma das maiores casas de apostas online do mundo. Hoje, o site, que reúne bets esportivas e jogos de cassino, movimenta US$ 65 bilhões por ano.

Os britânicos sempre foram apaixonados por uma fezinha (a carreira de Denise, diga-se, começou na Provincial Racing, empresa de sua família que organizava palpites em corridas de cavalo). Até pouco tempo, o Reino Unido era o lugar com o maior número de acessos a sites de apostas – um mercado que, no mundo, vale US$ 107 bilhões.

Em 2022, os britânicos perderam esse posto para o Brasil. Segundo uma pesquisa do Datafolha, 15% dos brasileiros já apostaram em sites de bet. É uma atividade mais comum entre os jovens (30% de quem tem entre 16 e 24 anos, ante 15% da média nacional) e entre os homens (21%, contra 9% das mulheres). O gasto médio por mês é de R$ 263.

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O boom começou em 2018, quando o governo Temer legalizou as apostas esportivas online. De lá pra cá, mais de 500 empresas de bets chegaram a operar por aqui, investindo pesado em propaganda. Em 2022, doze companhias do tipo figuraram entre os 300 maiores anunciantes do Brasil. Naquele ano, a Sportingbet, 49ª na lista geral, gastou R$ 200 milhões em publicidade.

As bets têm sido o principal motor do futebol brasileiro. Dos 20 times que disputam a série A do Brasileirão, 18 recebem dinheiro de alguma empresa do ramo. Recentemente, Flamengo e Corinthians, donos das maiores torcidas do país, escolheram casas de apostas como seus patrocinadores máster (aqueles que ocupam o espaço nobre no centro do uniforme). O caso do clube paulista, que fechou com a VaiDeBet, é o maior máster da história do Brasil: R$ 370 milhões por três anos de logo estampado nas camisetas.

O investimento é alto, mas o retorno também. Em 2023, os brasileiros torraram R$ 54 bilhões em apostas online. A grana vai para os países-sede das empresas – no geral, paraísos fiscais, onde a legislação é mais flexível. Tudo livre de impostos, já que a medida de 2018, embora tenha liberado a prática, não a regulamentou.

Sem regras específicas nem fiscalização, o mundo das bets é um terreno fértil para fraudes. Em 2023, o Ministério Público de Goiás deu início à operação “Penalidade Máxima”, que investiga arranjos em jogos de futebol para favorecer apostas. Uma análise da empresa Sportsradar, de tecnologia esportiva, mostrou que o Brasil é o país que abriga o maior número de partidas com indícios de manipulação.

As suspeitas de crime não param por aí. As plataformas, além das apostas esportivas, também concentram jogos de azar e de cassino – ilegais no Brasil. É o caso da Blaze, que recrutou um exército de influenciadores para disseminar produtos como o “Jogo do Aviãozinho”. A premissa é simples: pela tela, você acompanha um avião. Quanto maior a distância percorrida, maior a recompensa. Mas é preciso interromper o voo antes que um aviso surja – e mostre que você perdeu.

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US$ 107 bilhões é o tamanho do mercado mundial de sites de apostas. Em 2028, pode chegar a US$ 138 bi.

No final do ano passado, a Justiça bloqueou R$ 101 milhões da Blaze. Diversos usuários acusam a empresa de não entregar recompensas aos ganhadores. Quer enviar uma reclamação? É mais fácil tentar contato com Saturno: com sede em Curaçao, no Caribe, a plataforma não tem representantes legais no Brasil. Ninguém sabe quem são os seus donos.

Em dezembro, Lula sancionou uma lei que regula as apostas online. O presidente também criou a Secretaria de Prêmios e Apostas, vinculada ao Ministério da Fazenda, para fiscalizar e taxar bets esportivas e outros jogos, como os de cassino. Espera-se arrecadar até R$ 6 bilhões em 2024 com a medida.

A questão das apostas, porém, não é apenas tributária ou criminal. Em doses cavalares, elas podem se tornar um problema de saúde pública.

Em 1980, o vício em jogos apareceu pela primeira vez como um transtorno impulsivo na terceira edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a maior referência na área. Na quinta edição, publicada em 2013, foi classificado como uma dependência. Ainda que não haja nenhum composto químico envolvido, os jogos de azar atuam no cérebro de maneira semelhante aos vícios em álcool e outras drogas.

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O DSM estima que até 0,3% da população mundial sofra com esse problema: são 24 milhões de pessoas. Vamos explicar como as apostas embaralham o nosso cérebro e podem se tornar viciantes. O primeiro passo é entender uma molécula em particular: a dopamina.

Querer é poder

No fundo do seu crânio, há uma antiga parte do cérebro chamada área tegmental ventral. Ela é rica em dopamina, uma molécula mensageira produzida por só 0,0005% das células cerebrais. Quando a área tegmental é ativada, a dopamina flui para outra parte da cabeça, o núcleo accumbens. No momento em que essa mensagem química chega ao núcleo, você tem aquela sensação de “nossa, isso é interessante” típica de quem vê uma vitrine.

O tempo todo, o cérebro passa um pente-fino no ambiente e analisa os recursos ao nosso redor. Cada coisa ganha uma etiquetinha: “mais risco”, “menos risco”, “mais recompensa”, “menos recompensa”. Algumas associações são inatas: bebês já nascem gostando de doce – comidas açucaradas, afinal, são garantia de energia. Mas essas associações também podem ser aprendidas. Insista o suficiente e seu filho pode liberar dopamina diante de um rabanete.

Essa é a mecânica básica do circuito do desejo, um sistema que evoluiu para nos deixar motivados ao menor sinal de algo que possa garantir a nossa sobrevivência e reprodução.

O cheiro de um hambúrguer na chapa. Uma vaga de emprego no LinkedIn. A mensagem do seu contatinho. Qualquer chance de que algo positivo aconteça é suficiente para elevar os níveis de dopamina no cérebro.

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Montagem de fotos com o tema
O Brasil liberou apostas esportivas online em 2018, mas a legislação para regular esse mercado só saiu em 2023. (Luana Pillmann e Cristielle Luise/Fotos: Getty Images/Superinteressante)

Se você vai sentir prazer com o que está buscando, é outra história. A dopamina gera motivação, e só. “Querer e gostar são sensações produzidas por sistemas diferentes do cérebro”, escrevem Daniel Z. Lieberman e Michael E. Long, autores do livro Dopamina – a molécula do desejo. Ou seja: a dopamina, muitas vezes, promete mais do que entrega. Mas isso basta para deixar você pilhado.

Seria impossível permanecer 100% do tempo nesse estado, claro – ficar alerta gasta muita energia. É por isso que o cérebro tem alguns contrapesos. Os circuitos de saciedade baixam os níveis de dopamina quando você mata a sua fome, tem um orgasmo e até quando finalmente encontra o banheiro do shopping. Outro freio para a dopamina é o neocórtex, área do cérebro ligada ao planejamento e à tomada de decisões racionais. É ele quem baliza os impulsos do circuito do desejo, direcionando esforços para o que é possível atingir. “Não se pode ter tudo”, já diria o neocórtex.

Dá para contornar essas travas, claro. A maneira mais óbvia são as drogas, que jogam os níveis de dopamina para o teto. Elas tiram o freio da área tegmental e deixam o neurotransmissor acelerar na reta. Com o tempo, o cérebro entende que essas substâncias são a única coisa capaz de ativar nosso desejo e motivação. E faz você buscar mais e mais delas. Instaura-se um vício.

Outro problema é que também dá para condicionar o cérebro a exagerar na dose de dopamina sem usar substância nenhuma. Vamos entender como jogos viciam.

Quebrando a banca – só que não

Nos anos 1950, B.F. Skinner, professor de psicologia em Harvard, colocou um pombo numa caixa e o condicionou a bicar uma alavanca para conseguir comida. A cada rodada do teste, Skinner mudava o número de bicadas necessárias para obter a recompensa.

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Como o número mudava em intervalos regulares, o pombo logo sacava se eram necessárias uma ou dez bicadas para conseguir o rango. Skinner, então, mudou o jogo: a comida só seria liberada após uma sequência aleatória de bicadas. Aí, a cachola do pássaro entrou em curto, e ele passou a bicar cada vez mais rápido para conseguir o prêmio. Com ratos, o resultado foi o mesmo.

Ações rotineiras não inflam os níveis de dopamina, porque você já conhece o resultado. A batata frita daquele quilo perto do trabalho é ótima – mas ela perdeu o brilho depois das primeiras semanas. Resultados inesperados, porém, ativam os circuitos de desejo. Você precisa conhecer o novo restaurante que abriu no fim da rua. Vai que a batata de lá é melhor…

Esse é o mecanismo por trás do vício em apostas, e talvez o melhor exemplo sejam os caça-níqueis. Troque as bicadas de pombo pela alavanca da máquina e voilà: descarga infinita de dopamina. Nos EUA, as slot machines ocupam 80% do espaço dos cassinos. Em 2021, faturaram US$ 34 bilhões, mais da metade de toda a renda do setor de apostas do país.

O reforço intermitente – ou seja, as recompensas aleatórias – são uma das estratégias de um jogo de azar viciante. Outro é o near-miss: o famoso “na trave!”, que causa a sensação de que você passou muito perto da vitória. “Perdi o jogo do aviãozinho por um décimo de segundo, então na próxima eu ganho.” Só que não.

Há também as perdas disfarçadas de ganhos. Em alguns caça-níqueis, dá para apostar em várias linhas de jogo ao mesmo tempo. Você perde umas, ganha uns trocados em outras… São essas pequenas vitórias que te estimulam a continuar. Nas apostas esportivas, existe algo similar: para além do resultado das partidas, os usuários podem palpitar em um sem-fim de categorias: número de faltas, de escanteios, de cartões amarelos…

O espaço curto de tempo entre fazer a aposta e saber o resultado também é uma variável importante: quanto menor o intervalo, menos tempo o cérebro tem para avaliar os riscos – e frear racionalmente o circuito de desejo. É por isso que caça-níqueis são mais viciantes que loterias. Nas bets, dá para apostar em tempo real os lances que vão acontecer nos próximos minutos da partida.

Os jogos também oferecem a ilusão de controle – a ideia de que é possível domar a aleatoriedade com sua experiência. Nas bets, isso deu origem a uma subcategoria de apostas: o “trading esportivo”, em que jogadores try hard acompanham uma partida em tempo real e vão mudando suas apostas com o desenrolar do jogo.

A prática se assemelha ao day trade: comprar e vender ativos voláteis durante um único pregão da bolsa, surfando nas oscilações do mercado. Mas não se engane: nem o Paulo Vinícius Coelho conseguiria antecipar o número de laterais do Paysandu. Quem de fato ganha dinheiro no trading esportivo é quem vende “cursos” sobre trading esportivo.

O apostador vai ao médico

As bets mimam o cérebro com doses cavalares de dopamina. Ele fica mal-acostumado. Com o tempo, o indivíduo passa a jogar, sobretudo, para aliviar a angústia de não estar jogando. E faz lances cada vez maiores e arriscados, numa tentativa de alcançar a mesma sensação do início.

O DSM descreve vários indícios para o chamado Transtorno de Jogo (TJ), como impulsividade, irritação, problemas financeiros e a perda de controle sobre a hora de parar. Mas esse é um tipo mais sutil de dependência, que pode passar despercebido pelos próprios viciados.

“Muitas vezes, os pacientes não sabem que é uma questão de saúde e chegam até nós num estágio avançado do problema: desempregados, cheios de dívidas e com brigas na família”, diz Nicole Rezende, do Pro-Amiti, ambulatório de transtornos do impulso do Instituto de Psiquiatria da USP. O TJ também pode vir acompanhado de comorbidades, como ansiedade, depressão e até ideações suicidas.

Montagem de fotos com o tema
As apostas causam ilusão de controle: a ideia de que é possível prever eventos aleatórios com base na experiência. (Luana Pillmann e Cristielle Luise/Fotos: Getty Images/Superinteressante)

Na clínica, os pacientes fazem uma triagem para descobrir o nível do vício. Existem três fases. Na primeira, a da “vitória”, o indivíduo se anima com seus acertos, se sente um apostador excepcional e começa a jogar cada vez mais. Na segunda, a da “perda”, os valores apostados saem de controle, as perdas ficam cada vez maiores e toda a grana ganha vai embora em mais apostas. A mais aguda é a “fase de desespero”, em que a pessoa se afasta dos entes queridos e há uma enorme pressão para recuperar o dinheiro perdido – o que envolve, não raro, vender o carro e a casa.

Feito o enquadramento, ele vai para grupos terapêuticos, guiados por psicólogos. Em paralelo, há consultas individuais com psiquiatras. Sessões de conversa com familiares e pessoas próximas também são comuns – é preciso apoio para controlar a vida financeira do paciente e mantê-lo longe do jogo.

Trata-se de um esforço para a vida toda. Depois do tratamento inicial, recomenda-se que o apostador mantenha sessões de psicoterapia individuais. A mais indicada é a cognitivo-comportamental (TCC), que busca exercitar uma mudança na maneira como o paciente responde aos estímulos para o jogo. O objetivo é evitar que pequenos lapsos (apostas pontuais) evoluam para uma recaída (a volta do hábito viciante).

É claro: nem todo mundo que joga desenvolve um transtorno. Existem fatores genéticos e sociais que podem tornar alguém mais suscetível ao vício.

Algumas pessoas têm a chamada “busca pela sensação”: a predisposição de vivenciar o tempo todo coisas novas e intensas. Nesse caso, o sarrafo de excitação costuma ser alto. Para atingi-lo, só com experiências extremas. Pode ser um salto de paraquedas, um investimento arriscado na bolsa ou apostar tudo no aviãozinho.

As chances de vício também aumentam se a pessoa for exposta desde cedo às apostas. O cérebro de um adolescente ainda não está 100% desenvolvido (isso só vai acontecer por volta dos 25 anos). Logo, está mais suscetível às mudanças que drogas e apostas causam nos sistemas de dopamina.

Estudos apontam que pessoas de baixa renda também são mais vulneráveis, já que podem enxergar o jogo como uma das poucas formas de prazer (e de fazer dinheiro) disponíveis. É por isso que uma das partes do tratamento envolve colocar o paciente em outras atividades: cursos, hobbies, esportes. Elas oferecem as doses de dopamina que, antes, só a fezinha era capaz de proporcionar.

Jogo responsável?

Com a nova regulamentação, a expectativa é que as apostas se tornem ainda mais corriqueiras: até o fim de janeiro, 134 empresas manifestaram interesse ao Ministério da Fazenda em operar jogos online legalmente – entre elas, a Globo (dona do Cartola, um game que simula o Brasileirão) e o Kwai, app similar ao TikTok investigado pelo Ministério Público por permitir a disseminação de fake news.

No Brasil, estima-se que 1% da população preencha os critérios para o transtorno de jogo: são dois milhões de pessoas. Como impedir que esse problema evolua?

O primeiro passo é uma publicidade honesta. O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) determinou que as propagandas não podem dar certeza de vitória – e também devem ressaltar as consequências psicológicas do jogo compulsivo. Atletas e celebridades, contudo, podem continuar estampando campanhas, algo que o Reino Unido proibiu em 2022.

15% dos brasileiros já fizeram apostas esportivas. A prática é mais comum entre homens de 16 a 24 anos.

Só isso não basta, claro. Poucos deixam de comprar cigarros pelos avisos de saúde no maço. Também é preciso dificultar o acesso aos jogos – cobrando impostos altos das empresas e dos apostadores, por exemplo. A nova lei determina que elas paguem 12% do faturamento. Para quem joga, a taxa é de 15% sobre os prêmios. Parte dessa grana será destinada ao SUS – para tratar danos relacionados às apostas.

Especialistas defendem que haja, ainda, travas dentro das próprias plataformas, como limites diários de tempo e dinheiro, além de filtros mais duros para detectar menores de idade. “Os usuários poderiam, por exemplo, ter um contato de emergência, que seria acionado quando o seu comportamento no site indicar alguma compulsão”, sugere Rezende.

É impossível controlar o destino de roletas, caça-níqueis e aviõezinhos. Mas dá para decidir se você vai mergulhar nessa ou não. Lembre-se: a banca sempre ganha. E quem banca é você.

Agradecimento Gabriel Gaudencio Rego, professor da pós em ciências do desenvolvimento humano do Mackenzie. Giovanna Oliveira Santos, psicóloga e especialista em neurociências (USP).

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