Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

De onde veio o “ame-o ou deixe-o”?

Antes de virar slogan do governo Médici, ele foi letra de música country, e nasceu na boca de um "caçador de comunistas"

Por SUPER
Atualizado em 6 nov 2018, 23h00 - Publicado em 6 nov 2018, 20h18
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Começou com um slogan bem mais sonoro: “America: love it or leave it”, nos EUA dos anos 50. Quem criou este “America: ame-a ou deixe-a” foi um radialista extremamente popular na época, Walter Winchell (1897-1972).

    Publicidade

    Winchell ganhou fama fazendo fofoca sobre celebridades e, mais tarde, como apoiador ferrenho do senador Joseph McCarthy (1908-1957). McCarthy este que notabilizou-se com sua teoria do “inimigo interno” – alardeando que o governo, as empresas e a indústria do entretenimento dos EUA estava recheada de “comunistas” prontos para transformar o país em vassalo da União Soviética (era um Cabo Daciolo, mas com menos carisma).

    Publicidade

    Winchell cravou a frase nos anos 50, numa de suas defesas do macarthismo. Daí em diante ela foi se espalhando nos círculos da direita americana – mas nunca se tornou um slogan oficial do governo de lá, como muita gente por aqui imagina.

    Quando os EUA entraram na Guerra do Vietnam, em 1965, o país ficou dividido entre pacifistas, contrários à participação no conflito, e nacionalistas, orgulhosos da contenda contra os comunistas do sudeste asiático.

    Publicidade

    Nesse cenário, o slogan foi parar na música. Artistas country de viés nacionalista fizeram canções com o “love it or leave it” nos versos. Um deles foi este aqui, Ernest Tubb:

    Continua após a publicidade

    A letra – traduzida:

    Publicidade

    Estou cansado de ver esses hippies correndo soltos,

    Tacando fogo nas escolas e pisando na bandeira

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    As coisas estão saindo do controle quando você lê sobre um cara

    Que queima seu cartão de alistamento e depois vai jogar sinuca, se achando.

    Publicidade

    Tem gente que acha que não faz mal, mas eu não fui criado assim.

    E não vou ficar satisfeito antes que escutem o que tenho a dizer.

    Continua após a publicidade

    Isso aqui é a América. […] É a melhor que há, acredite. Bons homens morreram para que pudessemos viver para vê-la.

    Isso aqui é a América, ame-a ou deixe-a.

    As coisas estão indo mal quando o respeito pela lei some. Parece que todo mundo odeia farda! 

    É difícil de entender quando você lê sobre um cara falando sobre amor enquanto ataca a terra onde ele mesmo nasceu.

    Continua após a publicidade

    Se eles estão incomodados, podem se mudar para longe daqui. Afinal, é isso que significa democracia.

    Isso aqui é a América. […] É a melhor que há, acredite. Bons homens morreram para que pudessemos estar vivos para vê-la.

    Isso aqui é a América, ame-a ou deixe-a.

    Continua após a publicidade

    Por essas, o “love it or leave it” acabou conhecido mundialmente. E ganhou sua tradução para o português em 1973. Pressionado pela crise do petróleo, o governo Médici decidiu investir pesado em propaganda. Contratou publicitários que lhe apresentaram a frase como uma solução, ao mesmo tempo, nacionalista e clara para os opositores ao regime militar.

    O mote ufanista não era o único – outras frases, como “Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil”, eram reproduzidas à exaustão em campanhas federais e impressas em adesivos para ornamentar os fuscas e corcéis da época.

    O discurso “ame-o ou deixe-o” era condizente com a prática. Médici, que ficou no poder entre 1969 e 1974, foi o primeiro a governar desde o início do mandato contando com os poderes totalitaristas do AI-5 (de 1968). A ideia de que não havia espaço para críticos, então, era posta em prática diariamente. E quem não gostasse, que vazasse.

    E hoje o SBT ressuscitou o mote nacionalista – seguindo a tradição de Silvio Santos de tentar agradar quem quer que esteja no poder. Love it, or…

     

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.