Gatos podem ter ficado mais afetuosos durante a pandemia, sugere estudo
Pesquisadores do Reino Unido entrevistaram mais de 5 mil pessoas para investigar o impacto do isolamento nos animais de estimação. Os cães apresentaram as piores mudanças no comportamento.
A pandemia e o isolamento social influenciam – e muito – nossa saúde mental. Mas você já parou para pensar como os animais de estimação são afetados por esse contexto?
Um novo estudo, liderado por cientistas das Universidades de York e de Lincoln (ambas do Reino Unido), investigou mudanças no bem estar e no comportamento dos bichinhos a partir de relatos de seus respectivos donos. O estudo analisou associações entre essas mudanças e as alterações ocorridas na rotina diária e na saúde mental das pessoas com o lockdown.
E veja só: diversos donos de gatos relataram que eles ficaram mais afetuosos durante esse período.
A pesquisa foi realizada com moradores do Reino Unido maiores de 18 anos, entre abril e junho do ano passado, durante o primeiro lockdown feito por lá. Mais de 5 mil participantes responderam um questionário online sobre saúde mental, os vínculos com os animais e as mudanças percebidas no comportamento deles.
Daniel Mills, pesquisador da Universidade de Lincoln e co-autor do estudo, afirma: “Embora seja reconhecido há muito tempo que os animais de estimação podem enriquecer a vida dos humanos, o bem estar de um animal também é fortemente influenciado pelo comportamento de seus donos, assim como pelo ambiente físico e social”.
Os bichinhos de estimação não se restringiam a gatos e cães. Também fizeram parte da pesquisa donos de cavalos, répteis, pássaros e peixes.
Os resultados da pesquisa
Cerca de 67% dos participantes relataram mudanças no comportamento de seus animais. Essas mudanças foram agrupadas e separadas em escala de bem estar positivas e negativas.
Aproximadamente um terço dos gatos e cães do estudo não foram afetados pelo confinamento, em comparação com cerca de 40% das outras espécies.
Entre 10 a 15% dos participantes relataram que seu animal de estimação ficou mais brincalhão e com mais energia, enquanto 20 a 30% indicaram que seu bichinho pareceu mais relaxado.
Muitos participantes relataram melhorias no bem estar e no comportamento de seus companheiros animais – mas foi com os gatos que as mudanças positivas mais apareceram.
Em contrapartida, os cães apresentaram as mudanças mais negativas. Um dos participantes, por exemplo, relatou: “Meu cachorro ficou muito mais carente e uiva se eu sair de casa sem ele, mesmo que seja só para fazer jardinagem, com ele me observando de longe”.
O impacto da pandemia nos animais
“Durante o lockdown, as mudanças vivenciadas por nossos animais de estimação podem ter incluído uma presença maior dos proprietários em casa, devido a licenças ou home office”, explicou Mills, em comunicado. “Tudo isso levou a alterações em suas rotinas diárias e ao acesso limitado a serviços como treinamentos ou cuidados veterinários.”
Ao analisar as respostas dos participantes, os pesquisadores perceberam também que aqueles cuja saúde mental foi mais afetada durante o lockdown relataram mais mudanças nos seus pets – positivas ou negativas.
Para Emily Shoesmith, pesquisadora da Universidade de York e autora principal do estudo, “uma saúde mental deficiente pode aumentar a atenção dada ao animal de estimação, e o envolvimento empático pode aumentar o relato de mudanças, tanto positivas quanto negativas, no bem estar e no comportamento animal”.
Os pesquisadores ressaltam que há várias limitações envolvidas em estudos de levantamento como este. Os entrevistados não representam com precisão a população do Reino Unido, por exemplo, e as respostas dos participantes podem refletir seu estado de espírito no momento, ao invés de serem respostas 100% objetivas.
De qualquer forma, os cientistas creem que os resultados estendem as percepções de estudos anteriores sobre o comportamento dos animais de estimação, ampliando o conjunto de espécies estudadas.