“Acho que já ouvi esse sobrenome antes…” é uma impressão que todo mundo tem ao escutar os nomes dos deputados federais eleitos em 2014. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente recém-eleito da Câmara e filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, está longe de ser exceção. Ele faz parte do nada seleto grupo de 249 deputados que receberam a carreira política como herança.
Os dados são da ONG Transparência Brasil. A organização calculou que 49% dos deputados atuais têm pais, avós, mães, primos, irmãos ou cônjuges na política. É a maior panelinha eleitoral desde 2002.
Mas a ideia de dinastias políticas não é nova. Como apontou a Agência Pública, existem herdeiros políticos com raízes que remontam ao tempo do Império. José Bonifácio de Andrada e Silva – “ministro do Reino e dos negócios estrangeiros” – em 1822, foi deixando descendentes políticos ao longo da história. O atual deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB de Minas Gerais, é a quinta geração política.
Em quase todas as profissões existe o famoso Q.I. (quem indica). São contatos importantes na área que ajudam o profissional a ganhar influência – de formas mais ou menos éticas, dependendo da situação. Na política, o peso da indicação é ainda maior: carrega consigo aliados, financiamentos e eleitorado. Mais que isso, torna a política um jogo de cartas geneticamente marcadas.
O novo presidente da Câmara é o exemplo perfeito das relações familiares na política brasileira. Sua árvore genealógica lembra a das monarquias europeias no século 16, época em que praticamente todos os reis e rainhas de lá eram, de alguma forma, parentes.
Além do pai prefeito, Rodrigo hoje divide o Congresso com outros dois primos, Felipe (deputado do Rio Grande do Norte pelo DEM) e José Agripino Maia (senador do mesmo estado, pelo mesmo partido). Felipe é filho de José, que é filho do ex-governador Tarcísio Maia e sobrinho do ex-senador e ex-governador da Paraíba João Agripino Filho… Fora os outros primos mais distantes da família Maia no Nordeste do país.
O substituto de Eduardo Cunha já chega mostrando que filho de peixe, peixinho é – e a cada quatro anos, nós pescamos do mesmo cardume.
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