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Quase 90% dos animais terrestres podem perder parte de seus habitats até 2050

Estudo estimou os impactos do crescimento populacional e do aumento de demanda por alimentos nas próximas décadas. A boa notícia é que o dano é evitável.

Por Bruno Carbinatto
29 dez 2020, 18h40

Com o desmatamento desenfreado e a demanda crescente por terras para plantio, quase todos os animais vertebrados terrestres terão seus habitats reduzidos até 2050, segundo um novo estudo publicado na revista Nature. A boa notícia é que o dano é evitável – se começarmos o mais rápido possível.

Cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, criaram um modelo para prever os impactos do desmatamento nos próximos anos. Eles levaram em conta as previsões do aumento da demanda por alimentos que haverá no mundo nas próximas décadas. O aumento populacional exigirá algo entre dois mil e dez mil quilômetros quadrados de novas terras de plantio, segundo estimativas.

Analisando quase 20 mil espécies de vertebrados terrestres, incluindo mamíferos, aves e anfíbios, a equipe concluiu que 87,7% delas perderá parte de seus habitats ao longo do processo. Dessas, 1.280 espécies perderão mais de um quarto de suas áreas totais. Pelo menos 350 espécies estão especialmente ameaçadas e podem perder mais da metade de seus habitats.

Todos os continentes serão afetados, segundo o estudo, mas algumas áreas estão sob mais riscos. Entre elas está a área de Mata Atlântica, no Brasil, que já perdeu a maior parte de seu território após décadas de desmatamento e hoje representa apenas 12% da sua extensão original. África Subsaariana e Leste Asiático são outras áreas que podem enfrentar situações preocupantes no futuro com o aumento da demanda por alimentos.

Atualmente, um quinto dos vertebrados terrestres estão ameaçados de extinção em algum grau, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O fator que mais contribui para a ameaça é a perda de habitat causada pelo desmatamento de novas terras para a agropecuária – que vem aumentando nas últimas décadas com o crescimento populacional.

 

 

Medidas tradicionais para frear o problema incluem a criação de reservas ambientais e santuários, ou seja, locais protegidos por lei e que não podem ser explorados. Mesmo assim, segundo o novo estudo, apenas essa abordagem não será suficiente para salvar as espécies ameaçadas. Segundo a equipe, repensar o modelo de produção de alimentos em escala mundial é uma saída mais inteligente e eficaz.

Com a população mundial aumentando, em conjunto com a renda média e qualidade de vida, a demanda por alimentos também vai disparar – principalmente por carne e derivados de animais. A criação de animais para abate, por sua vez, também exige terras para plantação de pasto.

Segundo o artigo, há duas medidas principais que ajudariam a minimizar os danos ambientais: a redução drástica no desperdício de alimentos e a mudança para uma dieta que inclua mais plantas e produtos de origem não-animal, especialmente em países desenvolvidos e ricos.

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Além disso, o aumento da produtividade da plantação também é essencial para evitar maiores taxas de desmatamento, mesmo com uma população crescente. Em outras palavras, é necessário investir em novas técnicas e tecnologias para produzir mais comida usando menos terras.

Os pesquisadores também estimaram qual seria impacto para o maio-ambiente se todas as medidas sugeridas no artigo fossem aplicadas rigorosamente. Nesse cenário hipotético, as regiões do mundo reduziriam em 1% seus habitats. Apenas 33 espécies perderiam mais de um quarto de seus habitats, em comparação com 1.280 espécies no cenário original.

“Políticas proativas que focam em como, onde e quais alimentos são produzidos poderiam reduzir essas ameaças, com uma combinação de abordagens que potencialmente evitam quase todas as perdas e ainda contribuem para dietas humanas mais saudáveis”, escrevem os pesquisadores no artigo.

 

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