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Restaurante dos EUA dopa lagostas com maconha antes de cozinhá-las

Autora da ideia defende que técnica garante aos crustáceos uma morte menos dolorosa - e mais relaxada, se é que você entende

Por Guilherme Eler
20 set 2018, 19h09

A americana Charlotte Gill é a orgulhosa dona do restaurante Charlotte’s Legendary Lobster Pound, que fica no estado do Maine, principal centro produtor de lagosta dos Estados Unidos. Ela chamou a atenção nos últimos dias por criar um método inusitado de preparar o carro-chefe da casa: as lagostas de Gill, antes de irem para a panela de água fervente e virarem a refeição de uma família americana, ficam chapadonas de maconha.

Pode parecer bem estranho, e até é, mas o método tem uma motivação científica. A empresária defende que permitir aos crustáceos “fumar unzinho” (leia mais sobre o método abaixo) antes da hora derradeira os deixa mais relaxados, resultando em uma morte menos dolorosa.

“Se vamos tirar uma vida, temos a responsabilidade de fazer isso da forma mais humana possível”, disse, em entrevista ao jornal local Mount Desert Islander. Segundo Gill, seguir o protocolo de bem-estar animal tem impactos positivos até para quem está sentado à mesa. “A diferença que isto faz na carne é inacreditável”.

A não ser que você já tenha acompanhado o caminho que uma lagosta faz até a panela, é provável que não saiba direito como tudo acontece. Na gastronomia, o método de preparo mais comum da iguaria é um só, que consiste em manter o bicho em gelo até o último instante, para então escaldá-lo vivo em água fervente. Dessa maneira, defendem alguns especialistas, garante-se que o produto esteja o mais fresco possível e que o sabor não sofra alterações.

A prática existe até hoje por um fato simples: não é consenso se lagostas sentem dor ou não. Morrer na ponta da faca ou com um banho de água hiperquente, dessa forma, não faria diferença alguma. A questão, contudo, é polêmica. Enquanto um estudo de 2013 diz ter encontrado provas que crustáceos reagem à dor, certos pesquisadores ainda não estão certos se a resposta dos bichos realmente significa isso, e se eles de fato podem processar a dor.

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Por pressão de grupos defensores de animais, países da Europa como a Itália e a Suíça adotaram recentemente medidas que proíbem procedimentos do tipo. Em restaurantes italianos, as lagostas têm tratamento diferenciado, já que precisam ficar em tanques de água oxigenados em temperatura ambiente e serem atordoadas antes de morrer. A lei suíça, por sua vez, determina que os bichos tenham morte por choque elétrico ou esmagamento.

Mas e a maconha?

A abordagem escolhida por Charlotte Gill seguiu mais a linha de respeito ao animal – e, segundo a empresária, teve sua eficácia comprovada.

Antes de começar a servir a alternativa paz-e-amor para seus clientes, Gill colocou “Roscoe”, uma lagosta utilizada como cobaia, em uma caixa coberta que tinha alguns dedos de água no fundo. Depois disso, defumou o interior do recipiente com fumaça de maconha. Após a sessão no coffee shop improvisado, Roscoe pareceu estar mais relaxada.

Servir a maconha infusionada na água se mostrou mais eficiente do que pelo ar, segundo Gill. Antes que você se pergunte, Roscoe foi devolvida ao mar ao fim dos testes, como gratidão aos serviços prestados.

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O Maine é um dos dez estados dos EUA em que a maconha é legalizada e, como destaca a BBC, Gill tem licença para cultivar cannabis para fins medicinais. Clientes mais conservadores, no entanto, não precisarão ficar com um pé atrás. É possível escolher no cardápio se vão querer uma lagosta sedada ou se preferem o preparo à moda antiga.

Quais as chances de que lagostas tenham algum barato

Por características químicas do THC, composto da maconha que deixa você alto e que não é solúvel em água, seria bem pouco provável que fumaça de cannabis lançada na água fosse incorporada pelo bicho.

Como explicou Dawn Boothe, da Universidade de Auburn, nos EUA, ao site The Verge, é possível que lagostas e caranguejos nem mesmo tenham receptores para o THC – ou seja, sejam imunes aos efeitos anestésico da maconha. E ainda que tivessem esses receptores, a chance de que os bichos consigam ficar doidões absorvendo a cannabis pelo ar com suas guelras é mínima.

Sendo assim, a ideia de dar um último momento mais agradável para os crustáceos é até bem intencionada, mas pouco certeira. E Roscoe? Seria de fato ela uma lagosta good vibes? Jamais saberemos.

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