Terra vai esquentar 4 graus até o fim do século, diz relatório dos EUA
Nível é o dobro do considerado seguro por cientistas, e pode ter consequências gravíssimas; documento usa esse cenário para afirmar que não adianta reduzir a poluição dos carros
Se as notícias sobre aquecimento global já deixavam você preocupado com o futuro, aí vai mais uma: de acordo com um relatório elaborado pela Administração Nacional de Segurança Rodoviária (NHTSA, na sigla em inglês) – uma agência ligada ao Departamento de Transportes dos EUA – a temperatura da Terra vai subir 4 graus Celsius até 2100.
O número é preocupante: o Acordo de Paris, tratado climático elaborado pela ONU e assinado por 175 países, estabelece como limite um aumento de 2 graus. Esse seria o máximo de aquecimento que o planeta aguentaria antes de começar a sofrer consequências graves, como derretimento das calotas polares, forte elevação do nível do mar e inundação de grandes áreas costeiras.
O relatório, de mais de 500 páginas, não apresenta possíveis soluções para o problema. Na verdade, ele faz o oposto. Segundo o jornal Washington Post, que teve acesso ao documento, a NHTSA afirma que não há mais nada a ser feito.
De acordo com a publicação, o relatório teria sido elaborado para justificar o fim das medidas que limitam a emissão de poluentes pelos carros, já que nenhuma iniciativa ou regulação ambiental seria suficiente para evitar um cenário catastrófico. Segundo o site Popular Mechanics, a pesquisa vem acompanhada de um plano para congelar, a partir de 2020, os padrões de eficiência de combustível no país (ou seja: os carros não precisarão reduzir sua emissão de poluentes).
Em junho de 2017, o presidente Donald Trump anunciou que os EUA sairiam do Acordo de Paris, atitude que gerou críticas de governos do mundo todo. Segundo o Washington Post, a Casa Branca também teria tentado alterar normas que exigem cortes na emissão de CO2, sem sucesso.
A descrença do governo Trump com relação ao aquecimento global pode custar caro. Desregulamentações como essas poderiam jogar mais 8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera – o que significaria dobrar as emissões de CO2 dos Estados Unidos. O relatório – elaborado por uma agência dos Transportes, não do Meio Ambiente – foi criticado por ambientalistas. Seus dados ainda não passaram por revisão de outras entidades.