Adolescente cria carregador de celular que dispensa tomada
Uma hora de sacudida nesta bolinha carrega metade da bateria de um iPhone 7, e 30% da de um Galaxy S7.
Água doce era o recurso mais escasso da humanidade há 200 mil anos, quando vivíamos em savanas semi-áridas. Mais recentemente, até o século 20, o problema maior era a falta de proteína. Água e proteína animal seguem em falta em boa parte do mundo. Mas onde isso deixou de ser problema um recurso segue especialmente escasso: energia elétrica para o celular. Que atire a primeira pedra quem nunca entrou num estado profundo de desesperança por se ver de celular descarregado sem uma tomada por perto.
Por isso mesmo, existem vários modelos de carregador que dispensam tomada. A maior parte deles são manivelas que convertem a energia cinética (a rotação de uma manivela) em corrente elétrica, o alimento dos celulares. Nenhum deles, porém, é particularmente elegante, nem muito portátil. São manivelas, afinal.
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Um rapaz de 19 anos, porém, pode ter criado a solução para o problema da portabilidade, e da deselegância, dos carregadores manuais. O bielorusso Michael Vaga criou uma bolinha do tamanho de uma maçã com um rotor dentro – batizada como HandEnergy. Aqui:
Você gira a bolinha rotacionando o pulso. Um giroscópio, então, transmite a energia para um rotor interno até que ele chegue a 5.000 rpm (equivalente ao giro de um motor de carro acelerando BEM forte).
E é isso. Se você mantiver essa rotação interna por uma hora, girando o pulso sem parar, a bolinha chega a sua carga máxima. Aí é só plugar o celular e deixar carregando. Mas cuidado. Michael e seus sócios são bons de caô, a ignóbil arte de fazer espuma marqueteira. A página do Kickstarter feito para financiar o projeto fala muito sobre os 5 mil RPM, mostra imagens bonitas de jovens girando HandEnergy e capricha no trololó sobre como ele vai salvar o mundo (não vai). Ah, claro: também passa a ideia de que se trata do primeiro carregador manual da história da humanidade (não é, como dissemos no começo). Outra malandragem ali é dizer que você precisa girar a bolinha por uma hora até que ela fique totalmente carregada, mas “esquecer” de deixar claro o quanto essa “bolinha totalmente carregada” produz de energia para um celular. Tudo o que temos ali é uma informação técnica: a de que a capacidade da bateria é de 1.000 mAh (miliampéres-hora) – um termo incompreensível para quem não tem familiaridade com eletrônica.
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Mas isso não significa que o HandEnergy seja um Zebeléo da vida. Primeiro, o HandEnergy está na segunda geração de protótipos, tem data para chegar ao mercado (março de 2017) e preço (100 euros, uns R$ 350). E mais importante: eles nem precisavam ter sido tão escorregadios na hora de falar a verdade sobre o produto. O fato é que 1.000 mAh equivalem a 50% da bateria de um iPhone 7, ou 30% da de um Galaxy S7. Vale a pena arriscar uma tendinite por 30% ou 50% de bateria? Claro que não. Mas quando você estiver sem uma tomada por perto e com aquele zapzap urgente para responder, talvez mude de ideia.