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Antena parabólica: a pizza sai do forno

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h37 - Publicado em 31 jul 1996, 22h00

João Luiz Guimarães

Chega ao Brasil o sistema de transmissão de TV Direct to Home. Uma miniparabólica apelidada de antena-pizza capta som, imagem e outras informações digitais direto do satélite. O resultado você vê na TV. Ela fica muito melhor. E mais cara.

Calabresa ou mussarela?

Nenhuma das duas.

A pizza da hora é uma antena de TV, a parabólica de 60 centímetros que recebe as transmissões do sistema DTH (Direct to Home, direto para casa, em inglês). Ganhou o nome porque é pouco maior que a rodela de massa originária da Itália. Lançado nos Estados Unidos, em outubro de 1994, o DTH já tem 2 milhões de assinantes mericanos. Entre suas vantagens estão os sinais digitais, que geram imagem de melhor qualidade, e o acesso a uma televisão que começa a ser interativa. No Brasil, chega em duas opções. O DirecTV, inaugurado no mês passado por um consórcio internacional que inclui a TVA, do Grupo Abril, e o Digital Home Sat, da NetSat, que tem entre seus sócios as Organizações Globo, programado para entrar no ar no mês que vem.

Felizes mesmo vão ficar os moradores das regiões do país onde a TV a cabo não chegou e provavelmente não vai chegar nunca. Embora não cubra todo o país logo de cara (veja infográfico ao lado), o sistema abrangerá as regiões mais populosas. Boa parte do território beneficiado só conta hoje com as transmissões captadas pelas parabólicas grandes, que além de serem uns trambolhos só recebem sinais nalógicos, muitas vezes cheios de interferências.

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Mas os telespectadores dos centros urbanos também vão gostar. A televisão vai virar uma espécie de brinquedo interativo cheio de atrações novas. Uma delas é o pay per view, algo como uma locadora de vídeos virtual. A central oferece um cardápio semanal de filmes com os respectivos horários. Você decide se quer desbloquear a sua TV para assistir a algum deles e, caso positivo, paga, no fim do mês, pela exibição. Como nem tudo é perfeito, um detalhe pode incomodar.O preço. A assinatura, com o equipamento, custa cerca de 1 000 reais (contra os 600 dólares cobrados nos EUA) e a mensalidade fica perto dos 50 reais. Isso sem falar na tentação do pay per view.

Um passo em direção à nova Internet

Se você já está achando incrível o sistema DTH, aguarde. Ele é apenas o primeiro passo para uma tecnologia ainda melhor de transmissão e reprodução de sinais de TV chamada HDTV (sigla para TV de alta definição em inglês). O HDTV é um tipo de sinal muito mais completo do que os conhecidos NTSC e PAL-M. O grau de resolução da imagem é oito vezes maior, porque ela é formada pelo dobro de linhas e de pixels (pontos) da TV que conhecemos. Só que precisa de um aparelho de recepção compatível. Senão a imagem continua ruim.

Japão e Estados Unidos estão testando o sistema, mas ele ainda não pegou de vez. O que não significa que não vá pegar. A TV em cores demorou dez anos para conquistar o seu primeiro milhão de adeptos. Depois tornou-se uma unanimidade. De qualquer forma, a tecnologia das antenas-pizza já leva o futuro em conta. Mais até do que isso. Ela foi desenvolvida de modo a poder trabalhar com os sinais do HDTV, que levam maior quantidade de informações e também vão precisar ser digitalizados e comprimidos. Só que enquanto os aparelhos de alta definição não chegam ao mercado, o DTH se presta a melhorar a TV convencional. E quando eles chegarem estaremos prontos para recebê-los. Os decodificadores já vêm com conexões especiais para a HDTV e até para microcomputadores PC. Não por acaso, Bill Gates, o visionário – e milionário – dono da Microsoft, já anunciou um acordo com a DirecTV para desenvolver a integração do decodificador com o Windows 95. Ele serviria como intermediário para a operadora oferecer mais opções de serviços aos assinantes. Em breve, poderemos usar o conjunto TV mais computador para receber e enviar informações, vídeos, documentos, fazer compras e sabe-se lá mais o que possam inventar. Tudo via satélite, tal qual se faz hoje em dia pela Internet. A vantagem é que não dependeremos da instabilidade das linhas telefônicas brasileiras.

Receita infalível

Nas duas versões -– o DirecTV, da TVA, e o Digital Home Sat, da NetSat – a tecnologia é a mesma. Veja como funciona.

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1 – Digital X Analógico

O principal responsável pela qualidade do DTH é o sinal digital. Isso significa que tudo (imagem, som, mensagens) é transformado em linguagem de computador, que consiste de combinações entre os dígitos 0 e 1, daí o nome “digital”. Na metamorfose, a informação perde pequenas nuances e pode até ficar levemente pior que a analógica, que é uma cópia fiel do original, com todos os seus matizes. Porém, na viagem que vão fazer depois, os sinais digitais mantêm-se inalterados, enquanto os analógicos sofrem perdas significativas. Pense nas ondas formadas por uma pedra que cai na água. Conforme se afastam do local do impacto, elas vão ficando mais fracas. Algo parecido acontece com as ondas eletromagnéticas que carregam os sinais de TV. Mas, em geral, elas conseguem levar os sinais digitais até o fim da viagem – afinal, são apenas zeros e uns – o que não ocorre com a infinidade de gradações de cores e brilhos ou sons da informação analógica. Esta, então, fica cheia de chuviscos, ruídos e outras interferências. Se a onda enfraquece a ponto de não conseguir levar os códigos digitais, a transmissão pode cair de vez, mas nunca vai ficar ruim.

2 – Mais espaço

Como são representações numéricas finitas (que começam com 00000000 e acabam com 11111111) os sinais digitais, ao contrário dos analógicos, podem ser transformados em fórmulas que ocupam menos espaço na onda. Comprimidos assim, eles podem viajar em grupos muito maiores do que os sinais analógicos. O resultado é que o consumidor recebe mais canais e ainda alguns serviços complementares (veja o item 7).

3 – Uma estrada perfeita

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Quanto mais complexa a informação, maior tem de ser a freqüência da onda eletromagnética que a carrega. Para a transmissão de TV, que contém uma quantidade grande e variada de instruções, as ondas ideais são as de freqüências mais altas e comprimentos mais curtos. Você já conhece as de VHF (Very High Frequency), as de UHF (Ultra High Frequency) e as da banda C (aquelas microondas captadas pelas parabólicas grandes). O sistema DTH usa a banda Ku, na qual circulam ondas ainda menores e com freqüências mais altas. É uma estrada tão boa que os sinais praticamente não se dispersam pelo caminho, podendo ser recebidos por antenas menores (as pizzas) sem perda de qualidade.

4 – Bate e rebate

Antenas conhecidas como transponders (acima) são as responsáveis pela recepção e pela emissão dos sinais. O Galaxy III-R tem 24 delas, doze destinadas ao Brasil. O PanAmSat PAS-3 direciona quatro para o território nacional. Cada uma consegue receber e enviar apenas um canal por vez, se o sinal for analógico. Os sinais digitais comprimidos multiplicam essa capacidade por seis ou até por dez. Por isso, a oferta poderá chegar a mais de 100 canais.

5 – Antena em órbita

As ondas curtíssimas que viajam na banda Ku andam em linha reta e precisam de caminho livre de obstáculos. Por isso, os satélites que recebem e enviam os sinais do sistema DTH são do tipo geoestacionário. Eles giram numa órbita a 36 000 quilômetros da Terra sobre a linha do equador. Sua velocidade é igual à velocidade de rotação do planeta, o que faz com que, vistos do chão, pareçam parados, como uma antena fixa. Inicialmente, nenhum dos dois satélites (o Galaxy III-R, da TVA, e o PanAmSat PAS-3, da Net) cobrirá totalmente o território brasileiro, como você pode ver no mapa ao lado.

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6 – Na mira do satélite

Na linha do equador, as antenas devem ficar voltadas para o céu e a possibilidade de as ondas encontrarem algum obstáculo até elas é nula. Se estiver em outro lugar, o consumidor vai ter de inclinar a sua antena, o que aumenta as chances dela dar de cara com um prédio ou morro, impossibilitando a recepção.

7 – Quase um computador

A TV que recebe o DTH é a mesma que você tem. Só que com o novo sistema ela se transformará numa espécie de computador. Um modem embutido no decodificador faz a ligação com a central de transmissão. Então, usando o controle remoto, você pode pedir programação paga, escolher legendas e até receber mensagens (veja na próxima página).

Os superpoderes do clic

No novo sistema faz-se muita coisa por meio do controle remoto. Veja alguns exemplos.

Pão-duro

Para que as crianças não saiam comprando todos os filmes disponíveis, pode-se estabelecer um limite de gastos extras com o pay per view.

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Com cortes

Escolha da programação por faixa etária, temas ou canais. É um recurso para os pais controlarem o que os filhos vêem. O acesso à tela proibida é bloqueado por uma senha.

Carteiro

A central manda para esta tela mensagens sobre a programação, problemas na mensalidade e outras, como se fosse um correio eletrônico

Poliglota

Você escolhe: o filme pode vir com ou sem legendas, ou dublado no idioma que você escolher (no Brasil só há opções em português e espanhol).

A má notícia é que acaba o zapping

Tem um bocado de gente que, na frente da televisão, se diverte mesmo é mudando os canais. A brincadeira é chamada zapping justamente por causa da velocidade com que se costuma fazer a troca. Com o DTH isso não vai ser possível porque o decodificador precisa descomprimir os sinais e ajustar a freqüência a cada canal que entra, o que leva quase dois segundos. Durante esse tempo, a tela fica escura.

Cartão inteligente é a chave

O smartcard é do tamanho de um cartão de crédito e deve ser inserido numa reentrância na parte frontal do decodificador (veja foto). Do contrário nada funciona. O cartão contém um chip que armazena informações sobre o cliente e os pedidos que ele faz à central por meio do controle remoto. Contém também instruções para o modem fazer ligações diárias à central, de modo a enviar e receber dados.

As fatias do mercado

Veja no cardápio as diferenças entre os dois sistemas disponíveis e faça sua escolha.

DirecTV

Funciona nos EUA há um ano e meio

Programação básica: TVA

Oferta em 1996: 72 canais de vídeo e trinta de áudio

Oferta em 1997: 100 canais de vídeo e trinta de áudio

Custo básico: 900 a 1 000 reais (inclui instalação)

Mensalidade: 40 a 50 reais

Não admite transferência (aparelhos não podem ser vendidos para terceiros)

Garantia permanente para o equipamento

Telefone: 0800 162800

Digital Home Sat

É novo

Programação básica: NetSat

Oferta em 1996: quarenta canais de vídeo e nenhum de áudio

Oferta em 1997: 100 canais de vídeo e áudio indefinido

Custo básico: 800 reais (não inclui instalação)

Mensalidade: 40 reais

Admite transferência (aparelhos podem ser vendidos para terceiros)

Garantia de um ano para o equipamento

Telefone: 0800 128866

Antes que você pergunte

1 – Os equipamentos recebem os dois sistemas?

Não. Embora o princípio tecnológico seja o mesmo, as codificações são diferentes, impedindo que sejam intercambiáveis.

2 – Posso usar o decodificador da TV a cabo para receber os sinais da antena-pizza?

Não. Eles são incompatíveis.

3 – Os atuais canais abertos podem ser recebidos pelo DTH?

Isso ainda está em discussão. Alguns sim, outros não. Mas basta um comando do controle remoto para sair de um sistema e entrar no outro. Só que na mudança volta-se para o sinal analógico. E, dependendo da região em que se estiver, é preciso manter a parabólica grande para receber os canais abertos.

4 – Como será a recepção dos programas regionais dos canais abertos?

A questão ainda não está fechada, mas é pouco provável que haja distribuição da programação local. É bem possível que para ter acesso a ela seja necessário recorrer aos canais abertos no sistema tradicional.

5 – Como será o pagamento?

Por meio de boletos, para pagamento em banco, enviados pelo correio.

6 – E se eu atrasar a mensalidade?

Após várias notificações, o sinal será cortado pela empresa programadora.

7 – Raios e tempestades interferem na transmissão?

Sim, da mesma forma que interferem em qualquer transmissão eletromagnética. Só que não acontece nenhuma degradação na imagem ou no som. Se a interferência reduzir a força do sinal a menos de 38%, a transmissão cai de uma vez.

8 – Dá para ligar mais de uma TV à mesma antena?

Sim, mas todos os aparelhos receberão a mesma programação, a não ser que se instale um decodificador para cada um deles, o que custa bem mais caro.

9 – Posso levar o equipamento para a praia?

Sim, mas os fabricantes sugerem que se instale outra antena, transportando-se apenas o decodificador, que pesa menos do que um videocassete.

10 – Se eu não tiver telefone posso receber o DTH?

Sim. Só que a interatividade ficará prejudicada, pelo menos por enquanto. No futuro, as empresas responsáveis planejam instalar quiosques, ao menos em algumas cidades, para que o cliente possa levar o seu cartão com os pedidos do pay per view.

11 – Quando o modem está funcionando o telefone fica ocupado?

Sim. Mas isso só vai acontecer durante a madrugada e por menos de dois minutos.

12 – As ligações caem na minha conta?

Não. Todas as ligações, de qualquer lugar do país, serão feitas pelo sistema de discagem gratuita.

13 – Os sinais em alta freqüência fazem mal à saúde?

Não. As ondas recebidas pela miniparabólica não serão ameaça, mesmo que o perigo da poluição eletromagnética venha a ser comprovado. Apesar da freqüêcia alta, as microondas chegam com potência baixíssima, da ordem de trilionésimos de Watt.

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