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As estrelas mais brilhantes do céu

Artigo do astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, em que diz que nesta época do ano podemos ver as estrelas mais brilhantes do céu.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h35 - Publicado em 31 jan 1991, 22h00

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Nem mesmo a luz das cidades rouba completamente o brilho do céu, nesta época do ano. Basta ver que, na lista da vinte estrelas mais reluzentes, apenas cinco estão fora do campo de visão. As outras, particularmente luminosas e fáceis de ver a olho nu, quando observadas com uma luneta, podem revelar detalhes surpreendentes. O motivo é que muitas delas são duplas ou triplas – isto é, onde parece haver apenas um pouco de luz, existe duas, três ou mais estrelas muito próximas. É o caso da terceira estrela da lista, Rigel, que, a olho nu, aparece coma mais brilhante da Constelação do Centauro. 

Sob a luneta, entretanto, ela desdobra-se em duas, ambas muito semelhantes ao Sol, tanto em tamanho como em peso e na cor, embora uma delas seja mais amarela e a outra, mais alaranjada. Elas giram em torno de um centro comum (como duas crian��as rodando de mãos dadas), mas o sistema é ainda mais complexo, pois a dupla, além disso, gira em torno da Próxima do Centauro, uma estrela pequena e fria, de cor vermelha, visível apenas com instrumentos mais precisos. Seu nome significa que é a estrela menos distante da Terra, situada a 4,3 anos-luz, ou 43 trilhões de quilômetros. 

Não se deve confundir Rigel do Centauro com uma outra Rigel, a da Constelação de Órion, que, distante 900 anos-luz, é uma das maiores estrelas catalogadas. Tem um raio 33 vezes maior que o do Sol. Mas é curioso notar que Órion inclui uma estrela ainda maior, Betelgeuse, que está a 200 anos-luz e tem um raio 400 vezes maior que o Sol. Se fosse colocada no centro do sistema solar, os planetas Mercúrio, Vênus, Terra e Marte desapareceriam no seu interior. Apesar disso, Betelgeuse é vermelha, o que significa que é relativamente fria (com uma temperatura na superfície de 3 400 graus, contra os 5 000 graus do Sol). Assim, está colocada em décimo lugar na lista das mais luminosas do céu, enquanto Rigel, a sétima colocada, é branco azulada e brilha a 13 000 graus. 

Mesmo com uma pequena luneta, é possível verificar que Rigel é uma dupla: é circundada a cada dez dias por uma pequena estrela branca. Mas difícil é perceber que a estrela menor, por sua vez, é também uma dupla – a distância entre os dois astros é tão pequena, que apenas a análise da sua luz permite percebê-los. Entre diversas outras estrelas múltiplas, vale a pena destacar a Alfa de Gêmeos, Castor, a vigésima – terceira em brilho. Ela agrupa um complicado conjunto de seis corpos celestes. Onde se vê, a olho nu, um simples ponto de luz, percebe-se, inicialmente, com ajuda da luneta, que existem dois astros azuis girando em torno de um centro comum. Seu movimento porém, é extraordinariamente lento e não pode ser observado: os astros demoram 380 anos para completar uma volta em torno do centro. 

Com uma luneta mais possante, se poderia observar uma estrela bem menos brilhante, a terceira peça desse carrossel. Enfim, é possível verificar que cada um desses componentes é uma dupla, mas a separação visual do astros, nesse caso, só pode ser feita com equipamento de alta qualidade. 

É bom notar que se faz muita confusão sobre a potência dos telescópios comuns, acessíveis aos leigos. Eles podem aumentar os objetos, em muitos casos, até 100 vezes, mas nem sempre são de muita valia, por terem lentes de pequeno diâmetro. Seu campo de visão é estreito, e fica difícil localizar pequenos pontos. Em vista disso, é melhor empregar lunetas que não aumentam muito; cerca de dez vezes já é razoável. O mais importante é que tenham uma lente de bom tamanho, de aproximadamente 15 centímetros diâmetro.

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Eventos do Mês

Meteoros

Lentos e em diversas cores, os Alfa Carinídeos prometem um belo espetáculo para o dia 2, quando atingem a atividade máxima do período, com queda de até onze meteoros por hora. A meia-noite apresentam-se próximo do zênite. Já os Alfa Centaurídeos são rápidos e monocromáticos, geralmente amarelados, e deixam rastros fulgurantes na retaguarda. Então especialmente ativos dia 8 e passam pelo zênite às 4 horas, mas não têm taxa horária bem definida. Na mesma constelação, dia 12, é a vez dos Omicron Centaurídeos, também amarelados, que caem à taxa de dez meteoros a hora e cruzam a meridiano às 4 horas da madrugada. Finalmente, dia 14, atingem o máximo os Capa Octantídeos. Têm taxa variável e brilho esmaecido.

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Constelações 

A maior parte do zodíaco, esse mês, desenha-se nitidamente no céu. Destacavam-se, pela alta luminosidade, Órion, Gêmeos, Touro, Chocheiro, Perseu, Triângulo e Áries. Perto de Gêmeos, encontram-se alguns dos mais cintilantes aglomerados de estrelas conhecidos, como Messier 35, que fica a noroeste dessa Constelação. A olho nu, não é particularmente impressionante. Mas, visto com ajuda de uma luneta, torna-se magnífica, pois reúne muitas centenas de astros, fortemente concentrados e de diversas cores.

 

 

Fases da lua 

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Quarto minguantes, dia 6, às 10h52; Lua nova, dia 14, às 14h32; Quarto crescente, dia 21, às 19h58; Lua cheia, dia 28, às 15h52. Observa-se a luz cinzenta entre os dias 14 e 16.

 

 

 

Planetas 

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Mercúrio: é mais nítido logo antes de o Sol nascer, no início do mês. Estará ao norte da Lua, no dia 13. 

Vênus: acompanha a Lua, um pouco ao norte bem próxima dela, no dia 16, caracterizando uma conjunção dos dois astros. 

Marte: visível na Constelação do Touro. Surge no horizonte logo após o pôr-do-sol e se põe meia-noite e meia. Dia 22 estará ao norte de Aldebarã, a uma distância de 8 graus (para comparação, veja que o diâmetro da Lua cheia tem meio grau). Ainda será boa época para observar detalhes do planeta; ocasião semelhante, daqui para frente, só em 1993. 

Júpiter: extremamente brilhante, terá no céu durante quase toda a noite, junto à Constelação do Câncer. Dia 26 estará ao sul da Lua. 

Saturno: reaparece, pela primeira vez depois da conjunção com o Sol, em meados de janeiro, como um astro matutino, visível pouco antes da aurora, junto à Constelação do Sagitário 

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Urano: pode ser visto, no final do mês, com uma luneta, um pouco antes do nascer do Sol, junto à Constelação do Sagitário. 

Netuno: com paciência, é possível focalizar sua fraca luz em uma luneta, no final do mês. Estará próximo da Constelação do Sagitário, um pouco antes de o Sol nascer.

 

 

 

 

 

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