Colonos de chips
Com jeitão de gente, de máquina, de bicho ¿ ou de tudo isso misturado ¿, eles desbravam caminhos pelos cabos, fibras óticas e ondas eletromagnéticas. Veja como são os avatares, as personalidades virtuais da Internet.
Renato Cruz
Um povo que evolui junto com a tecnologia
A mulher com corpo de aranha conversa com o menino cujo tronco é um tubo de balas. Perto deles, um robô troca idéias com um pássaro e uma garota com cara de Marilyn Monroe bate papo com um samurai. Apesar das diferenças, todos pertencem a um mesmo povo, o dos pioneiros habitantes tridimensionais da Internet, conhecidos como avatares.
A palavra, de origem hindu, quer dizer transfiguração. Os internautas a usam para designar as representações de si mesmos no mundo virtual. Surgidas há pouco mais do que uma década, as primeiras dessas criaturas eram primitivas. Agora, com novos programas e tecnologias como o microprocessador Pentium MMX, elas estão evoluindo e se multiplicando, pois os micros ficaram mais eficientes para trabalhar com animações. Já existem centenas de mundos virtuais, os hábitats dos avatares, na rede. A maioria serve apenas para promover bate-papos. São chats sofisticados. Mas empresas pesquisam formas melhores de aproveitá-los (veja abaixo à esquerda). No futuro, quando for seguro fazer negócios na Internet, nada vai impedir que seu avatar interaja com os de caixas de banco que vão auxiliá-lo nos investimentos.
Um aperitivo desse mundo novo poderá ser apreciado no filme Avatar, prometido para breve pelo diretor americano James Cameron, o mesmo da série Exterminador do Futuro. Mas enquanto a versão hollyoodiana não chega, a SUPER mostra (veja abaixo) como você pode se juntar a esses desbravadores do ciberespaço.
Quatro gerações
Quatro gerações
As representações gráficas que circulam na rede estão ficando mais elaboradas.
1985
1 – Nasce o primeiro mundo virtual, o Habitat, da LucasFilm, com desenhos primários e não-animados.
1990
2 – A Fujitsu leva a tecnologia para o Japão e melhora a qualidade gráfica dos desenhos.
1995
3 – Empresas pesquisam aplicações práticas para os avatares. Eles ainda são bidimensionais.
1997
4 – Aumenta a capacidade de processamento dos computadores e os bonecos tornam-se tridimensionais.
Mais do que brincadeira
Tem muita gente por aí achando que avatar é coisa séria. “Logo vamos visitar lojas na Internet com a maior naturalidade”, aposta Dan Greening, diretor da companhia americana Chaco, que faz programas para visualizar mundos virtuais.
Isso já está quase acontecendo. No Arctic World, da empresa finlandesa de telecomunições Nokia, pode-se conversar e obter informações sobre produtos. Ainda não é uma loja mas deve chegar lá. A Visa está criando uma agência de banco virtual que será tocada por avatares controlados por gente ou por robôs. Ela entra no ar assim que houver segurança para circulação de dinheiro na rede. Até o Brasil está nessa. O Brasil Virtual, criado há quatro meses, já recebe cerca de oitenta visitas por dia. Pode virar um bom veículo para anúncios.
Faça seu avatar sem gastar dinheiro
O primeiro passo é ir ao site https://www.caligari.com, onde você pode pegar emprestado por catorze dias o programa de modelagem Pioneer.
O Pioneer usa o formato VRML, padrão na Internet. Se preferir outro formato, capture em https://www.europa.com/~keith/ um software que faz a conversão para VRML. Depois basta apanhar em https://www.blacksun.com ou em https://www.worlds.net os programas de visualização que vão levá-lo aos mundos virtuais.
1 – Qualquer que seja o programa utilizado, a modelagem tridimensional é feita a partir da organização de polígonos de várias faces e múltiplos tamanhos. Mas a maioria dos softwares já traz formas básicas (esferas, cubos, pirâmides) que podem ser modificadas.
2 – Algumas ferramentas ajudam na hora de criar as texturas das superfícies e escolher as cores do desenho.
3 – No caso dos avatares, a parte de iluminação deve ser esquecida, pois os mundos virtuais têm suas próprias luzes.