Como a computação cognitiva pode ajudar na educação
Entenda o que plataformas cognitivas como o Watson, da IBM, podem fazer para que professores e escolas passem a olhar os alunos de forma individual
A educação brasileira tem grandes desafios pela frente. O quadro atual é complexo, como mostram levantamentos feitos por instituições nacionais e estrangeiras. Em 2009, o analfabetismo funcional chegou a 28% entre pessoas de 15 a 64 anos, segundo dados do Ibope.
Outro estudo, do Fórum Econômico Mundial, coloca o Brasil na 83ª posição em um ranking de capital humano que lista 130 países, abaixo da média da América Latina e do Caribe. Segundo a pesquisa, o mau desempenho da educação foi o principal fator para esse resultado. No ranking de qualidade da educação primária, o país aparece na 118ª posição.
“O desafio de oferecer uma educação de qualidade para todos os estudantes é global”, diz Chalapathy Neti, diretor para transformação educacional do Centro de Pesquisa Thomas J. Watson, da IBM. “Dois em cada três adultos não receberam o equivalente a uma educação de ensino médio.”
Nesse cenário, a tecnologia pode não oferecer respostas para todos os problemas, já que muitos deles são estruturais e relacionados a políticas públicas, mas pode, sim, ajudar. Um exemplo dessa possibilidade são as plataformas de computação cognitiva, como o Watson, da IBM, que oferecem a professores e instituições de ensino ferramentas úteis para otimizar o desenvolvimento dos alunos, por meio de um maior entendimento de suas necessidades e potenciais.
As plataformas de computação cognitiva se diferenciam daqueles da computação tradicional que utilizamos pela sua capacidade de aprendizado. Elas utilizam algoritmos avançados de machine learning (ou aprendizado de máquina) que entendem a linguagem humana natural, como textos e imagens. Isso abre um leque de possibilidades de uso em variados segmentos da economia e da sociedade, incluindo a educação.
Uma plataforma de computação cognitiva pode ser alimentada com diversas informações sobre os alunos, como o histórico de notas e as observações dos professores com base na experiência em sala de aula. Esse material é processado e gera uma inteligência na forma de insights capazes de auxiliar os educadores a desenvolver melhor o seu trabalho e a entender o potencial de cada um de seus alunos.
É possível relacionar suas várias potencialidades e pontos fracos e sugerir material didático e ações pontuais para ajudá-lo a evoluir. Essa visão mais ampla de cada aluno oferece a possibilidade de uma educação individualizada, que leva em consideração todo o espectro de capacidades de um estudante.
Uma das aplicações desenvolvidas pela IBM com base na tecnologia de computação cognitiva do Watson é o Enlight. Voltado a educadores, o sistema se baseia em três princípios. O primeiro é o oferecimento de ferramentas para que os professores visualizem performances individuais de seus alunos por meio da análise de dados. O segundo é o direcionamento dos professores para que possam apoiar cada estudante da melhor maneira. E, por último, o fornecimento aos educadores de conteúdos específicos relacionados às necessidades de cada aluno.
A tecnologia pode ser aplicada a diversas instituições de ensino. No Brasil, a Fundação Dom Cabral, escola de negócios fundada em 1976, ofereceu a líderes empresariais que participaram de seu programa de educação executiva a oportunidade de interagir com o Watson.
Por meio de um chat, os participantes do curso puderam entender melhor como a computação cognitiva poderia ajudá-los em diversos segmentos de negócio. O projeto tinha como objetivo demonstrar as possibilidades da tecnologia e seu uso em um ambiente educacional.
Outro aplicativo desenvolvido com a tecnologia do Watson foi o Elements for Educators, desenhado especialmente para a plataforma iOS, da Apple. O app se baseia na tecnologia do Enlight para oferecer aos professores uma visão geral sobre cada aluno, por meio de uma interface desenvolvida especialmente para a experiência mobile.
Os educadores podem acompanhar o desempenho individual dos estudantes, além de registrar informações sobre interesses e características pessoais. Assim, os professores são capazes de orientar os alunos com a ajuda de uma plataforma inovadora de computação.
“O estudante é mais do que um número ou uma nota”, diz Samira Khan, professora da escola Coppell Independent School District, do estado americano do Texas, e a primeira a testar o Elements em sala de aula.
“Como educadora, gosto do fato de poder adicionar informações sobre os interesses da criança, seu estilo de aprendizado e outros dados que vão ajudar todos os educadores”, afirma Samira. “Esse app vai se tornar um elemento-chave para garantir que todo aluno seja bem-sucedido.”
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