Uma equipe de físicos terá de provar que as máquinas usadas para analisar o interior do átomo, os aceleradores de partículas, são seguras e não vão destruir o planeta. Tudo começou com uma reportagem publicada pelo diário inglês The Sunday Times sobre um novo instrumento do Laboratório Nacional de Brookhaven, perto de Nova York, Estados Unidos. O Colisionador Relativístico de Íons Pesados vai provocar trombadas entre núcleos de átomos de ouro que viajam a 99,9% da velocidade da luz. O objetivo dos choques é estudar subpartículas, como quarks e glúons, à temperatura de 10 trilhões de graus Celsius – um calor equivalente ao dos primeiros instantes do Big Bang, a gigantesca explosão que deu origem ao Universo. Para o jornal, a sopa tórrida poderia sair de controle e espalhar-se, convertendo a Terra numa maçaroca de quarks e glúons. Para John Marburger, diretor de Brookhaven, isso é um exagero. Ele explicou à SUPER que só dois núcleos de ouro vão colidir a cada vez. “A energia liberada é comparável à de uma trombada de dois mosquitos”, disse Marburger. “O Universo teria de ser muito frágil para se desestabilizar com isso.” Em todo caso, ele encarregou uma comissão de examinar o assunto. O relatório da auditoria deve ficar pronto antes que o acelerador entre em operação, ou seja, até o final do ano.