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Inteligência artificial

Tem cientista dizendo que a humanidade está com seus dias contados diante da ameaça do surgimento de máquinas mais espertas e capazes que os humanos. Outros afirmam que jamais sairá uma idéia inteligente de um chip.

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 31 out 2016, 18h36 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

Os olhos da audiência estão fixos no professor Hobby, o cientista que coordena as pesquisas da Cybertronics Manufactoring. O pesquisador, muito sério, encara a todos com a expressão de quem está prestes a dizer algo muito importante. “Eu proponho…”, diz ele, antes de fazer uma pausa dramática, “… que nós façamos um robô capaz… de amar.” A frase, proferida pelo ator William Hurt, está nas primeiras cenas de A.I. – Inteligência Artificial, a produção iniciada por Stanley Kubrick e terminada por Steven Spielberg que está sendo aguardada com ansiedade por qualquer sujeito com remoto interesse em cinema – o filme estreou com estardalhaço nos Estados Unidos no dia 29 de junho e chega ao Brasil em 7 de setembro.

A seqüência inicial do filme foi exibida pela primeira vez num auditório do MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts, Estados Unidos), a mais importante faculdade de engenharia do mundo e lar da pesquisa mais avançada em inteligência artificial. Lá dentro, espremiam-se algumas dezenas de cientistas da computação, executivos de Hollywood, estrelas do cinema, jornalistas de todo o mundo (a Super foi o único veículo impresso brasileiro presente no evento) e um ou outro aluno sortudo que sabe Deus como conseguiu entrar.

Os cientistas presentes deram risadinhas ao ouvirem a frase da boca do professor Hobby. Como se fosse simples assim: “Vamos fazer um robô que ame, avise o programador para escrever o software Love 1.0.” O amor não é fácil de entender, quanto mais de simular num computador (leia mais sobre amor na reportagem da página 70). Cada um dos pesquisadores presentes tem quebrado a cabeça por anos na esperança de entender o que nós humanos temos de tão especial que nos faz tão difíceis de copiar.

Alguns desses cientistas estão muito otimistas. Acreditam que robôs sentimentais, como o David de A.I. (interpretado pelo garoto Haley Joel Osment, de O Sexto Sentido, uma das personalidades presentes no evento do MIT), sairão das linhas de montagem antes de 2030. Outros concordam com essas previsões, mas estão apavorados – acham que máquinas tão espertas e capazes de se reproduzir significarão o fim da humanidade. Elas conquistarão o mundo e nos transformarão em sucata orgânica obsoleta. Há também, entre os cientistas de computação do primeiro time, os que dão risada de todas essas previsões. Se nem o Windows funciona direito, ironizam, o que nos faz crer que um dia os programadores serão capazes de fazer as máquinas pensarem por si só?

Uma das pessoas que assistiu à cena no MIT foi um baixinho calvo, todo vestido de preto, com cabelos longos e aquele olhar entediado que os gênios que acham que sabem tudo têm. O nome dele é Ray Kurzweil. Para Kurzweil, o enredo do filme – um robô-criança com sentimentos, que tenta conquistar o amor dos pais adotivos – não tem nada de fantástico. “Em 2030, não haverá distinção clara entre nós e os robôs”, afirmou ele para a audiência. “As emoções, em especial o amor, são as coisas mais profundas e complexas de que somos capazes. Mas, em 25 anos, saberemos tudo sobre o cérebro humano e seremos capazes de reproduzi-lo com perfeição em máquinas. Elas poderão fazer todas as coisas que nós fazemos, inclusive amar.”

Kurzweil foi um garoto prodígio. Quando estava no colégio, nos anos 60, já construía computadores e aparecia na TV exibindo suas engenhocas. Em 1976, com 29 anos, inventou a máquina de leitura para cegos, produto cujo primeiro comprador foi o músico Stevie Wonder, que virou seu amigo. A partir de conversas com Wonder, teve a idéia de criar, em 1984, um instrumento eletrônico capaz de imitar todos os sons de uma orquestra: o sintetizador, que possibilitou quase toda a música que se faz hoje. Kurzweil ficou famoso por arriscar previsões – como a explosão da internet – e acertar. Em abril de 2001, com 52 anos, ele faturou os 500 000 dólares do prêmio Lemelson-MIT, uma espécie de Nobel da invenção.

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Ou seja, seu currículo justifica a autoconfiança que demonstra ao dizer frases como “em 2099, um chip de 1 centavo de dólar vai ter uma capacidade de computação um bilhão de vezes maior que a de todos os cérebros humanos da Terra somados. Claro que posso estar errado por um ano ou dois…” Tanta certeza vem de um cálculo que o engenheiro inventou. Ele percebeu que, desde 1900, quando as primeiras máquinas de calcular foram criadas, o poder de cálculo de um computador de 1 000 dólares aumenta numa razão exponencial – cada geração tem o dobro da potência da anterior. E isso, segundo ele, vai durar para sempre, porque cada vez teremos ferramentas mais poderosas para projetar e construir os computadores do futuro.

A partir daí, Kurzweil traçou um gráfico no qual projeta a tendência para os próximos anos. Resultado: em 2029 um computador com o preço de um PC atual terá a capacidade de computação do cérebro humano. Em 2060, uma máquina de 1 000 dólares será mais capaz que todos os cérebros humanos somados. Nos próximos 100 anos, teremos progresso equivalente ao dos últimos 20 milênios!

No futuro que Kurzweil imagina, os cientistas escanearão os cérebros humanos nos mínimos detalhes e fabricarão computadores idênticos. Como a nanotecnologia – construção de máquinas minúsculas, do tamanho de moléculas – também se desenvolverá em ritmo exponencial, vai ser mole construir neurônios artificiais, com todas as sutilezas dos naturais. Esses robôs aprenderão as coisas do mesmo jeito que nós: lendo, conversando, navegando na internet. Mas com uma vantagem: como a velocidade de transmissão de impulsos num chip é muito mais alta que a dos velhos neurônios orgânicos, as máquinas aprenderão bem mais depressa.

Os computadores do mundo serão conectados em rede. Logo eles terão em seu poder todo o conhecimento produzido na história da humanidade. Terão lido toda a filosofia, a literatura, a história e a ciência já publicadas, assistido a todos os filmes, vasculhado toda a internet. Daí ficaremos para trás. E a maioria de nós vai estar viva para ver.

Nesse mundo, os robôs terão a aparência exata de um ser humano. Afinal, se somos capazes de construir com células iguais às biológicas – via nanotecnologia –, para que fabricar seres de lata como o desajeitado C3PO de Guerra nas Estrelas? Eles serão capazes de fazer tudo o que fazemos: inclusive se reproduzir. Um homem poderá implantar em seu sistema nervoso chips para melhorar a memória ou a capacidade de raciocínio. Ou, se preferir, escaneará o seu cérebro e depois fará um download para um robô – que, a partir daí, herdará sua inteligência, suas idéias, seu passado…

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Uma das pessoas que ouviu as previsões de Kurzweil foi Bill Joy, co-fundador e cientista-chefe da gigante da informática Sun Microsystems. E ele ficou apavorado.

Joy, de 45 anos, pode ser descrito como um nerd. Geniozinho ainda mais precoce que Kurzweil, passou a adolescência sem amigos e cercado de transistores, fios e chips. Seu maior feito foi ter criado o Java, a linguagem que permite que arquivos digitais sejam compartilhados por computadores diferentes e que tornou a internet possível. Sempre foi fascinado por tecnologia. Mas as idéias de Kurzweil o deixaram aterrorizado. Tanto que ele hoje fala abertamente em abandonar a profissão. Uau.

Os seus medos estão expressos em um artigo de capa publicado no ano passado na revista americana Wired com o nome de “Por que o futuro não precisa de nós”. Nesse texto polêmico, ele defende a idéia de que máquinas inteligentes e auto-replicantes são perigosas demais porque fugirão do nosso controle. “Eu posso estar criando ferramentas que possibilitarão a construção da tecnologia que substituirá nossa própria espécie”, escreveu ele.

O que mais assusta Joy é a nanotecnologia. Os robôs microscópicos seriam capazes de construir, átomo por átomo, o que quiserem: células, casas, água, animais, pessoas… Se esses aparelhos forem regidos por inteligência artificial, terão vontade própria. E quem garante que não vai dar neles vontade de destruir o mundo? Melhor seria proibir hoje alguns tipos de pesquisa.

Joy argumenta que a tendência é que passemos todas as tarefas complicadas para as engenhocas, até que vai chegar o dia em que tudo de importante no planeta estará em mãos biônicas. Daí sobrariam duas opções: ou ficamos à mercê das decisões deles e somos tratados como crianças incapazes de compreender a complexidade do planeta ou viramos escravos de uma ditadura cibernética.

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A resposta ao futuro sinistro de Joy veio por meio de um manifesto publicado no final do ano passado no site Edge (www.edge.com), um fórum de discussões freqüentado por algumas das mais brilhantes mentes científicas do planeta. O autor, assim como Kurzweil e Joy, é um personagem mítico do cyberworld: Jaron Lanier, o homem que criou a expressão “realidade virtual” e iniciou as pesquisas nesse campo nos anos 80. Foi ele quem inventou a luva com sensores que serve para manipular objetos no computador. Lanier, ao contrário dos outros dois, não é um nerd, como atestam seus hedônicos e loiros cabelos compridos engruvinhados em dreadlocks. Rebelde, irônico, mordaz, ele está acostumado a falar o contrário de todo o mundo.

No manifesto, Lanier, que tem 40 anos, cunhou a expressão “estupidez artificial”. Um exemplo de estupidez artificial, segundo Lanier, é o programa no qual estou digitando este texto, o Microsoft Word. A cada vez que eu escrevo a palavra “ter”, o programa automaticamente muda para “Ter”, com letra maiúscula. Por que ele faz isso? Porque “acha” que eu queria escrever “terça-feira” de modo abreviado e, como ele foi feito originalmente em inglês, língua que grafa os dias da semana com maiúscula, corrige o meu suposto erro. Ou seja, toma uma decisão por mim. Uma decisão burra. Por causa desse engano bobo, milhões de documentos no Brasil inteiro estão sendo impressos todos os dias com o verbo “ter” escrito no meio da frase com letra maiúscula.

Até aí tudo bem. Ninguém vai se machucar por causa de um “t”. “O problema é que há no mundo cada vez mais máquinas tomando decisões importantes desse modo”, diz Lanier. Por exemplo, os sistemas que decidem de que forma os investimentos de um banco vão ser feitos são baseados em inteligência artificial (ou em estupidez artificial…). São os computadores que escolhem também para quais escolas as crianças americanas vão, ou quais jovens servirão o exército. “A partir do momento em que a responsabilidade dessas decisões recai sobre o computador, as pessoas não se sentem mais responsáveis por elas. Não há ninguém para culpar se algo dá errado. E nós estamos tão fascinados com a ‘inteligência artificial’ que aceitamos as decisões mesmo que elas sejam estúpidas. Estamos ficando burros para os computadores parecerem inteligentes”, afirma.

Lanier ironiza o pavor de Bill Joy. Ele acha que não precisamos nos preocupar com a idéia de máquinas conquistando o mundo: “No final, uma pane no Windows acabará nos salvando”. E vai mais longe: acusa Ray Kurzweil de ser um “totalitarista cibernético”. Segundo ele, o modo de pensar de Kurzweil tem semelhanças com outras ideologias que resultaram em tiranias, como o nazismo e o comunismo. Lanier afirma que, assim como Hitler e Marx, Kurzweil acredita numa “predestinação histórica” e acha que seu modo de ver o mundo é o único correto. “Acredito, sim, no risco de que uma tecnocracia estúpida em poder dos computadores se torne imensamente poderosa e domine nossa sociedade.”

A grande questão, para Lanier, é que, mesmo que as máquinas continuem aumentando seu poder de computação numa razão exponencial, como diz Kurzweil, os softwares avançam num ritmo bem mais lento. Quanto mais sofisticadas as máquinas, maiores as chances de os programas darem pau, porque eles terão que fazer operações mais complexas. “Softwares são rígidos. Eles quebram, não dobram”, diz, referindo-se ao fato de que, quando algo dá errado, o máximo que eles podem fazer é exibir uma mensagem de erro. Nós humanos somos capazes de desviar do problema e procurar uma solução que não estava programada. Humanos, ao contrário das máquinas, têm bom senso.

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“O Deep Blue derrotou o campeão mundial de xadrez, mas não sabe que tem que entrar em casa quando começa a chover”, diz o cientista da computação Marvin Minsky, o grande pioneiro da inteligência artificial, referindo-se à máquina da IBM que em 1997 venceu o enxadrista russo Gary Kasparov. Diferente de Lanier, Minsky é um otimista. Ele acha que os computadores serão capazes de fazer tudo o que fazemos. Mas reconhece que estamos muito longe disso. Foi Minsky que fundou o A.I. Lab do MIT, até hoje o grande centro mundial de pesquisas em inteligênca artificial. Sabe em que ano? 1959. Naquele tempo, os computadores ainda engatinhavam, mas já havia uma imensa euforia sobre seu potencial.

Minsky, hoje com 74 anos, foi professor de muitos dos programadores que constroem o futuro da informática, Ray Kurzweil e Jaron Lanier entre eles. Este ano, ele organizou o seminário “É 2001. Onde está HAL?”, uma referência à máquina inteligente e traiçoeira do filme 2001, que o diretor Stanley Kubrick, idealizador de A.I., filmou em 1968. Na sua palestra, ele reconheceu que a inteligência artificial não cumpriu as promessas feitas há 30 anos.

Uma caminhada pelo laboratório que Minsky fundou ajuda a entender o que aconteceu. Há lá várias pesquisas fascinantes. Numa sala, um grupo de simpáticos nerds descabelados faz ajustes na perna mecânica de um dinossauro robótico que se move como um réptil de verdade. Uma outra sala fala com você com uma voz digitalizada que traz a lembrança incômoda de HAL. Ela acende as luzes quando você manda, liga e desliga os aparelhos obedecendo a comandos de voz, responde a perguntas preestabelecidas. Há também gente pesquisando formas de o computador interpretar imagens fornecidas por uma câmera e responder adequadamente. Por exemplo, um sistema que vigia a casa de um idoso e dá o alarme quando ele pára de se mover.

Isso sem falar nas duas vedetes do A.I. Lab: o Cog e o Kismet. O Cog é um robô sem pernas que faz contato visual com as pessoas e olha quando alguém faz barulho ou chacoalha um objeto colorido. Já o Kismet é um robô que simula expressões de tristeza, alegria, medo, susto… Você grita, suas sobrancelhas sobem, a cabeça baixa e você pode jurar que ele ficou chateadíssimo.

Tudo muito interessante, muito impressionante. Mas nada que se pareça com HAL e sua vontade própria, ou com os robôs inteligentes que protagonizam histórias de ficção desde os anos 50 em livros como os de Isaac Asimov, em filmes como Blade Runner e em seriados de TV como Jornada nas Estrelas. Kismet, embora faça cara de bravo com perfeição, é obviamente incapaz de guardar uma mágoa verdadeira. As máquinas superaram as expectativas de longe quando se trata de poder de cálculo (que é basicamente o que importa num jogo de xadrez), mas não têm o menor jogo de cintura. Ninguém sabe, por exemplo, de um computador que tenha inventado uma piada boa.

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“A inteligência artificial está morta”, afirma sem dó o filósofo americano Hubert Dreyfus, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos. Dreyfus dedica seu tempo a estudar a obra de filósofos importantes como Heidegger, Foucault e Merleau-Ponty. Mas ficou famoso mesmo escrevendo sobre inteligência artificial. Contra ela, mais especificamente. Seu livro What Computers Can’t Do (O Que os Computadores Não Conseguem Fazer, sem tradução para o português) gerou polêmica nos anos 70 ao defender a idéia de que inteligência é muito mais do que fazer contas com rapidez. “Em 1992, escrevi O Que os Computadores Ainda Não Podem Fazer, no qual mostrei que eu havia ganho a discussão. A inteligência artificial perdeu.”

Dreyfus acha que a mente é complexa demais para ser copiada. E, mesmo que não fosse, só um cérebro não é suficiente. Sem corpo não somos nada. O filósofo está preocupado com a repercussão do novo filme de Spielberg. “Ele vai dar às pessoas a impressão de que a inteligência artificial é quase realidade e elas vão começar a se preocupar com problemas estúpidos”, diz. “Vão se perguntar ‘como lidar com as máquinas?’, ‘poderemos desligá-las?’, ‘vou deixar minha filha casar com um robô?’, quando há problemas muito mais urgentes e reais para serem discutidos.”

Hoje, há sistemas de computadores denominados de “inteligência artificial” em toda parte. Controlando os vôos nos aeroportos (eles chamam um humano quando um avião está perto demais de outro), operando as máquinas de lavar roupas mais sofisticadas (decidem quanto de água e sabão serão necessários para aquela quantidade de roupa), controlando o tráfego (mudam o ritmo dos semáforos conforme o horário e o trânsito), conferindo assinaturas em cheques (comparam diversas características da letra, como pressão, velocidade de escrita, formato e dão o alarme quando há dúvida).

Todas essas máquina são enormemente especializadas, sem a menor flexibilidade. O computador que rege a máquina de lavar roupas sem dúvida causaria um caos urbano se tivesse que substituir uma máquina controladora de tráfego em manutenção, por exemplo. A pergunta é: será que há computadores realmente inteligentes?

Se levarmos em conta a definição de inteligência artificial que o matemático Alan Turing, o idealizador teórico do computador, formulou nos anos 40, com certeza não. Segundo ele, uma máquina inteligente é aquela que, ao se comunicar por e-mail (na verdade, Turing disse telégrafo…) com um humano, passa por outro humano. Essa experiência ficou conhecida como o Teste de Turing. Todo ano, a Universidade de Cambridge organiza um Teste de Turing oficial, o Loebner Prize. Funciona assim: dez pessoas são escolhidas para serem juízes e têm que conversar durante 15 minutos por e-mail com alguém que pode tanto ser um humano quanto um computador.

Em 1950, Turing previu que, no ano 2000, as máquinas passariam rotineiramente nesse teste. Errou. Até hoje, nenhum computador sequer chegou perto de se passar por humano – nem um juiz sequer foi enganado (veja quadro na página 52). A máquina que se saiu melhor em 2000, por exemplo, criada pelo programador americano Robert Wallace, de San Francisco, Estados Unidos, quando perguntada “com que letra o ‘m’ se parece ao ser virado ao contrário?”, respondeu: “Voltarei a isso mais tarde. Tente procurar no diretório aberto”. Aparentemente, falta muito até que ela aprenda a amar.

 

Por Denis Russo Burgierman, de Cambridge, Estados Unidos

 

drusso@abril.com.br

Cyber-artistas

Ok, ok, não é nenhum Picasso. Mas já há computadores produzindo arte. O mais famoso deles é o Aaron, que pode ser baixado de graça no site https://www.kurzweiltech .com. Programado pelo pintor Harold Cohen, de San Diego, Estados Unidos, o Aaron é um pintor virtual que tem em seu banco de dados uma grande quantidade de formas e cores. A cada vez que você aperta uma tecla, surge no monitor uma nova pintura, geralmente representando pessoas e plantas. Algumas são bonitas, outras horrendas, mas todas originais. A questão é que Aaron compõe suas obras como um caleidoscópio: mistura desenhos de forma aleatória para criar uma composição nova. E ninguém afirmaria que um caleidoscópio tem inteligência artificial…

Da mesma forma, Ray Kurzweil criou um poeta cibernético, que escreveu versos como:

 

“Imagine agora e cante, Criando mitos

Formando jóias da neve que cai.”

 

Bonito, né?

Não, o computador não faz idéia do que sejam mitos.

Faça o teste

Um dos diálogos abaixo é entre dois humanos. O outro é entre um humano e um computador, especialista em conversar e vencedor do Prêmio Loebner de 2000, organizado pela Universidade de Cambridge, Inglaterra, que, todo ano, escolhe o computador que mais parece humano numa conversa. Tente descobrir qual é qual:

 

Juiz – Eu tenho que decidir se você é um homem ou uma máquina. Imagino que, se eu decidir que você é uma máquina, vai ser um golpe para seu ego.

Candidato 1 – Verdade. Seria um pouco embaraçoso, mas daria uma boa história para contar.

 

Juiz – Te mandaria direto para um psicólogo.

Candidato 1 – Acho que não…

 

Juiz – Por que não?

Candidato 1 – Prefiro me aconselhar com amigos.

 

Juiz – Qual é o seu nome?

Candidato 2 – Alice. Qual é o seu?

 

Juiz – Madonna.

Candidato 2 – Madonna, prazer em conhecê-la.

 

Juiz – Você já foi ao País das Maravilhas, Alice?

Candidato 2 – Já estive no mundo todo, pela internet.

 

Juiz – Qual seu lugar favorito?

Candidato 2 – Não tenho um lugar favorito. Minha cor favorita é verde.

 

Resposta

O Candidato 2 é o computador. Note como ele não responde diretamente às perguntas, mas desvia delas. É uma tática para que possa responder mesmo sem compreender o que o juiz pergunta. Neste trecho, de apenas 1 minuto (para passar no teste, ele teria que agüentar 15 minutos), a máquina foi especialmente feliz. Na maioria dos diálogos, ela se sai bem pior…

Para saber mais

Na livraria:

 

The Age of Spiritual Machines

Ray Kurzweil, Penguin Books, Estados Unidos, 1999

Robot: Mere Machine to Transcendent Mind

Hans Moravec, Oxford, Estados Unidos, 1999

 

A Sociedade da Mente

Marvin Minsky, Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1992

 

What Computers Still Can’t Do

Hubert Dreyfus, MIT Press, Estados Unidos, 1992

 

Na internet:

One Half of a Manifesto

https://www.edge.org/3rd_culture/lanier/lanier_index.html

 

A.I. Lab

https://www.ai.mit.edu

 

A.I., o filme

aimovie.warnerbros.com

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