Inteligente, mas nem tanto
Ele só trabalha se você disser o que fazer. E só entende dois números, 0 e 1.
Spensy Pimentel
Quando você ouvir falar que o computador é uma máquina burra, não se espante. Ele é mesmo. Apesar de executar tarefas complicadas a uma velocidade extraordinária, ele é incapaz aprender com experiências anteriores – e de tomar decisões sozinho. Para que possa fazer qualquer coisa, precisa ter gravadas todas as instruções necessárias para o funcionamento.
Essas instruções são chamadas de software. Podem ser sistemas operacionais, como o DOS (Sistema de Operação de Disco, na sigla em inglês) e o Linux, que dizem ao computador como interpretar os comandos do usuário; ambientes gráficos, como o Windows e o Mac-OS; ou, simplesmente, um processador de texto ou um game.
O idioma que a máquina usa para processar informações também é limitado. A CPU (Unidade Central de Processamento), que é a parte pensante do computador, só entende duas “palavras”: 1 e 0. Tudo o que entra no cérebro eletrônico, seja um texto, um som ou uma imagem, precisa ser convertido nessa linguagem minimalista. Isso acontece devido à própria estrutura da máquina. Qualquer processador, desde uma calculadora eletrônica até um poderoso Pentium III, não passa de um conjunto de chaves elétricas que abrem e fecham, os transistores. Eles são impressos numa lasca (chip, em inglês) de silício, um material semicondutor – quer dizer, ele pode ou não deixar passar eletricidade. A posição ligada ou desligada é interpretada como o número 1 ou 0, respectivamente. Cada 0 ou 1 é chamado bit de informação. Todos os numerais e caracteres são convertidos em zeros e uns. Um A, por exemplo, é “traduzido” para a seqüência binária 1000001, um conjunto de 8 bits – ou um byte.
O gênio do software
Até meados da década de 80, os computadores eram operados por meio de comandos obscuros, que só iniciados conheciam. Quem popularizou a informática foi a Microsoft, empresa criada por Bill Gates (foto) em 1975, aos 19 anos de idade. Dez anos depois, a Microsoft lançou o sistema Windows, que utiliza símbolos visuais acionados por um mouse. Os computadores passaram a ser utilizados nos lares e nas escolas. E Gates se tornou o homem mais rico do mundo.
Estradas para os bits
Como funciona a memória RAM.
A memória de acesso aleatório (RAM, na sigla em inglês), também conhecida como memória de trabalho, é o lugar onde o processador armazena os resultados dos seus cálculos para utilizá-los depois. É lá que os programas que você utiliza estão, no momento do uso.
A RAM é um conjunto de fiozinhos condutores que se cruzam em vários pontos. Em cada cruzamento há um transistor – que abre ou fecha a passagem da corrente – e um capacitor, microcomponente capaz de armazenar uma pequena carga elétrica.
Para armazenar um caractere, por exemplo, a CPU envia descargas elétricas para a RAM, através de fios chamados linhas de endereçamento. Cada descarga pode representar 1 ou 0.
Quando passa pelos cruzamentos, a carga aciona os transistores. Se o bit que passar pelo transistor for 1, a carga fica temporariamente armazenada no capacitor.
Se o bit for 0, o capacitor não se altera. Como a capacidade de armazenamento do capacitor depende da passagem constante de corrente elétrica, assim que você desliga o computador – ou que cai a força na sua casa – todos os dados da RAM são apagados.
Sanduíche de elétrons
Veja como o chip, uma pecinha de silício, maneja as informações digitalizadas.
Um transistor é como um Big Mac de silício. Ele é feito de várias camadas desse material semicondutor, por onde os elétrons trafegam. Veja como.
1. Uma corrente elétrica vinda de um fio de alumínio é transferida para uma camada de polissilício, bom condutor elétrico. Essa camada é envolvida por dióxido de silício, que é isolante.
2. A carga atrai elétrons de uma outra camada de silício, o tipo P. Quando esses elétrons se agrupam, cria-se uma “ponte” para que outros elétrons, vindos de uma terceira camada de silício (o tipo N), possam escoar entre dois outros condutores de alumínio.
3. Abre-se, assim, a chave do transistor. O computador interpreta essa passagem de corrente como 1. Se não há carga elétrica no polissilício, a ponte ficará fechada. O computador vai ler 0.
Salvação magnética
Como o disco rígido armazena informação.
1. O disco rígido do computador é feito de uma película magnética cheia de partículas de ferro, espalhadas de forma desorganizada na sua superfície.
2. A cabeça de gravação e leitura, semelhante a um eletroímã, organiza partículas, transformando-as em um pequeno ímã cada uma, com seus eixos norte e sul.
3. Cada duas faixas de partículas polarizadas representa um bit. Se elas ficam alinhadas na mesma direção, indicam 0. Se estão em direções opostas, indicam 1.
4. Na ilustração, o que você vê são dois bits, 1 e 0. Os caracteres irão se formando – e compondo um arquivo à medida em que a cabeça de leitura avança pelo disco.