Internet é coisa do passado
Para especialista, humanos estarão cada vez mais integrados com tecnologia
Não, um futurista não é alguém que veio do futuro para nos prevenir a respeito do domínio das máquinas e o início de uma guerra sem fim. Muito pelo contrário, Tiago Mattos é multiempreendedor, educador, palestrante e formado pela Singularity University como futurista e seu trabalho é entender que tendências a tecnologia está seguindo. Para entrar no curso, o empreendedor gaúcho de 35 anos, foi avaliado com a capacidade de impactar um bilhão de pessoas em dez anos. De acordo com ele, a revolução da internet já passou e, agora, o futuro aponta para uma integração cada vez maior entre homens e tecnologias.
A Singularity University é uma iniciativa da NASA em parceria com o Google e tem como meta principal discutir e encontrar novos caminhos da cultura digital e pós-digital, “O pensamento humano é linear. Já o pensamento dos computadores funciona de acordo com uma lógica exponencial. A cada dezoito meses, mais ou menos, nossa capacidade duplica. Por isso, a velocidade da evolução é cada vez maior”, explica Mattos.
Depois da internet, segundo as discussões da Singularity, três novas revoluções em curso ditam as tendências do futuro próximo: Genética/Bioecnologia, Nanotecnologia e Robótica/Inteligência Artificial. Mattos explica que, os anos de 1980 foram transformados pela computação, os 1990 pela internet e os 2000/2010 viveram o advento dos sensores e da Internet das Coisas, agora, o momento já é outro.
As interações entre os objetos e o humanos devem se intensificar e se complexificar. “Este é um processo irreversível. Se já temos smartphone, SmarTVs… as coisas ficarão cada vez mais ‘espertas’ e nós, humanos, somos apenas mais uma dessas coisas”, afirma Tiago.
As novas revoluções já começaram
Talvez, para um terráqueo das antigas, muito pode parecer roteiro de ficção científica, mas as três revoluções citadas por Mattos já estão a pleno vapor. Pesquisas para desenvolvimento de órgãos humanos com impressoras 3D, realidade aumentada para uso pedagógico em simulações de situações de risco e funções de dispositivos móveis capazes de monitorar condições médicas dos usuários ou acessar dados bancários remotamente são exemplos de como essas novas tecnologias já estão em nosso dia a dia. E, pelo visto, vem muito mais por aí.
“Um trabalho muito interessante que discutimos bastante foi o dos carros auto-dirigíveis, como o que sendo criado pelo Google. O número de mortes por falha humana ou imprudência, além dos engarrafamentos, que poderiam ser facilmente evitados com esse veículo são provas de que esta é uma tendência que não tem volta”, avalia o futurista. Ele também destaca que a inteligência artificial poderá ser um grande ajudante de pessoas que precisam de cuidados especiais ou apenas ansiosas por companhia. Como o projeto do personagem Tadashi, em Operação Big Hero, os robôs podem ser grandes ferramentas na assistência social em pouco tempo.
Calma, e meu emprego?
De acordo com Mattos, os humanos não precisam se preocupar com o desemprego como consequência do avanço da tecnologia. Na verdade, isso pode ser bom para todo mundo. “A tendência, no mercado de trabalho, é que robôs sejam desenvolvidos para exercer tarefas de mão de obra barata ou trabalhos repetitivos, por exemplo. No futuro, com interfaces mais amigáveis, qualquer um poderá comprar um robô e designá-lo para fazer o que for necessário”, projeta Tiago. Segundo ele, não será necessário saber a fundo as técnicas de programação e robótica. Os próprios robôs farão esse trabalho.
Mudança de mentalidade
Na visão dos futuristas da Singularity University as revoluções tecnológicas não serão privilégio apenas dos mais ricos. “Cedo ou tarde, as inovações chegam a todos”, garante Mattos. Usando como exemplo o celular, que é um bem que já foi item de luxo e hoje em dia quase todo brasileiro já possui, o entusiasta acredita que as vantagens serão democratizadas no tempo certo. “A humanidade está passando por uma mudança drástica de mentalidade, a Era da Empatia. Cada vez mais vamos nos perceber como partes de um único organismo maior”. Palavra de quem estuda como prever o futuro. Será?