iPad
Ele é cria do design limpo e funcional dos móveis de banheiro. Mas seu preço não será nada limpo nem funcional no Brasil. E ele vem com um buraco
Juliana Araújo e Alexandre Versignassi
BANHEIRO
O designer Jonathan Ive fazia banheiras antes de ir para a Apple e desenhar o iMac, o iPod, o iPhone e o iPad – coincidência ou não, todos com desenho tão limpo e funcional quanto peças de banheiro. O guru de Jonathan, por sinal, é Dieter Rams, um alemão que criou aparelhos eletrônicos tão inovadores nos anos 60 (na Braun) quando os da Apple são hoje, e que também era mestre em desenhar móveis de banheiro.
IMPOSTOS
Nossos impostos nos presentearam com um dos iPads mais caros do planeta. A versão mais simples sai por R$ 1600 e a top por R$ 2 500. É mais que o dobro do preço cobrado na maior parte do mundo. As margens de lucro do comércio, em média mais gordas que as de países desenvolvidos, também ajudam na facada.
R$ 442
Esse é o preço de custo da versão mais barata. Entram aí todas as peças de hardware (lcd = US$ 65; chip principal = US$ 20… ) mais a mão de obra (US$ 9 por unidade) e a caixa (US$ 7,50). Seria um lucro de 91%, mas o ganho real é menor, já que a distribuição, o marketing e os cérebros por trás da coisa não saem de graça.
SUICIDAS E MONGES
Trinta funcionários da fábrica chinesa que monta o iPad tentaram se suicidar neste ano. Dez conseguiram. A empresa é a Foxxconn Technology, que emprega 300 mil pessoas e faz produtos da Apple, da Nintendo, da Dell e da Nokia. A companhia prometeu cuidar melhor da saúde mental dos funcionários, com a ajuda de terapeutas e monges budistas.
O BURACO
Existe um espaço na carcaça do iPad que parece ter sido projetado para abrigar um chip, mas que não tem nada dentro. A suspeita é que deveria haver um giroscópio eletrônico ali. É um equipamento que já existe no iPhone 4 e que melhora muito a forma como o aparelho responde a movimentos. Como o espaço está reservado, é quase impossível a próxima geração vir sem um.