Jogos Olímpicos – Londres 2012: móvel e interconectada
Se os planos do Comitê dos Jogos Olímpicos de Londres derem certo, o evento de 2012 será apelidado de The Mobile Games - "os jogos da mobilidade"
Giulliana Bianconi
Depois de os chineses terem emplacado em Pequim um rótulo de eficácia e modernidade, Londres quer agora virar a desbravadora da convergência digital e permitir que o celular, a web e a TV possam ter as melhores tecnologias para “conversarem” entre si.
O comitê encomendou estudos de tendências de uso da comunicação e deu de cara com um dado animador: em dois anos, o uso do celular com wi-fi ou com rede 3G estará disseminado o suficiente para que quem for à Olimpíada possa fazer sua própria transmissão: dará para gravar e compartilhar vídeos, imagens e textos sem se preocupar com a velocidade. Além disso, a transmissão da BBC deve ir para o o celular.
Para que tudo isso funcione, são necessárias instalações novas, apesar de os britânicos estarem na pior recessão dos últimos 70 anos. O comitê prevê um gasto total de cerca de R$ 26 bilhões em novos estádios, parques, hotéis, serviços, lazer, transportes, conjuntos residenciais, esquemas de segurança e, claro, comunicações, a menina dos olhos da organização.
SHV
SUPER HIGH VISION
No Parque Olímpico, será possível sentir o gostinho da transmissão em Super High Vision (SHV) em pelo menos dois telões. Com uma definição 16 vezes maior que a da HDTV, vai dar para ver todas as gotas de suor do rosto de Usain Bolt nos 100 metros ou observar cada detalhe da expressão de Michael Phelps na piscina. A definição da SHV é tamanha que só dá para curtir numa tela de ao menos 60 polegadas -senão, os pixels ficam “espremidos”.
TV
AO VIVO, IMAGENS EM ALTA DEFINIÇÃO E EM 3D
A BBC vai transmitir ao vivo no Reino Unido cada minuto de cada jogo, num total de 5 800 horas. Já as transmissões do Estádio Olímpico, incluindo a abertura e o encerramento, poderão ser vistas em 3D pelo público. A ESPN, que já tem um canal 3D, poderá fazer transmissões no formato. Para assisti-las é só o espectador ser assinante e ter uma TV com essa tecnologia.
NUVEM DIGITAL (+ raisethecloud.org)
O projeto The Cloud (a Nuvem) é um observatório formado por bolhas transparentes nas quais visitantes poderão flutuar sobre o Parque Olímpico. Era para ser o símbolo de Londres 2012, mas perdeu para a estrutura The Orbit. Agora seus desenvolvedores, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, levantam recursos na web para construí-la mesmo assim – só que seu tamanho dependerá da arrecadação.
Como funciona? – As bolhas são estruturas infláveis de etileno-tetrafluoretileno (ETFE) – mesmo material utilizado no Cubo d’Água de Pequim 2008. O ETFE possui 1% do peso do vidro e é cerca de 400 vezes mais resistente, o que permite aos visitantes caminhar e se exercitar em suas passarelas internas, vendo tudo o que se passa lá embaixo. Leds nas membranas externas das bolhas formam telas para a transmissão de imagens para o público. E tudo isso deve acontecer a 120 metros de altura – pelo menos no projeto original.
100% WI-FI EM BANDA LARGA
Roteadores instalados em pontos de ônibus e postes de luz vão cobrir Londres inteirinha com rede wi-fi – para acessar a internet, bastará ter um celular decente. O serviço será gratuito e rápido, segundo a British Telecom (BT), companhia de telecomunicações do Reino Unido: ela promete internet com velocidade de 30 megabits para todos. Com essa velocidade, vai dar para baixar e subir vídeos e imagens direto no celular à vontade.
Parque Olímpico desmontável
Os principais equipamentos esportivos serão construídos no bairro de Stratford, antiga área industrial e aterro sanitário na zona leste de Londres, onde nas décadas de 1950 e 1960 fábricas despejavam lixo tóxico, inclusive radioativo. Hoje 45% dos moradores vivem desempregados e abaixo da linha da pobreza. Depois, espera-se que a região se valorize.
CENTRO AQUÁTICO
O Centro Aquático será a porta de entrada do Parque Olímpico. Terá capacidade para 17,5 mil pessoas – 500 a mais que o de Pequim -, mas 15 mil delas ficarão em duas arquibancadas que serão derrubadas após o evento.
Curiosidade – Durante escavações para as obras do Centro Aquático, foram descobertos esqueletos em túmulos que, de acordo com arqueólogos, correspondem à idade do Ferro. As ossadas estavam no local havia cerca de 3 mil anos.
ESTÁDIO
O Estádio Olímpico terá uma camada inferior permanente, com 25 mil assentos, e uma superior com 55 mil assentos. Construída em concreto leve, ela será retirada ao final dos jogos. É o maior elemento removível desenvolvido para um estádio e poderá ser reutilizado na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Para isso, a Comissão Rio 2016 vem acompanhando de perto as obras de Londres.
Curiosidade – Parte das 52 toneladas de armas de fogo, chaves velhas e facas apreendidas pela polícia britânica foram fundidas e incorporadas ao material de construção do Estádio Olímpico.