Marte brinca de laço com os Gêmeos
Dicas para ver o planeta Marte, que no início do ano oferece alto brilho e cor avermelhada.
Neste início de ano, Marte oferece um belo espetáculo. Seu alto brilho e cor vermelha chamam a atenção para o leste, ao anoitecer, roubando o lugar do brilhante planeta Vênus, que estará acima do horizonte oposto. Sua proximidade das estrelas Castor e Pollux facilita a identificação (veja o mapa da página ao lado). Para conferir se você o identificou corretamente, veja se ele cintila menos que as estrelas vizinhas. Outro aspecto interessante é seu deslocamento entre as estrelas, de leste para oeste. Portanto. na contramão do movimento aparente dos planetas. Você pode acompanhar a famosa laçada de Marte usando um método bem simples. Imagine um triângulo que tenha como base a linha que liga Castor a Pollux. Marte ocupa o terceiro vértice. Desenhe esse triângulo num papel, no primeiro dia de observação, e nos dias seguintes compare o desenho com a imagem real no céu. As mudanças são notáveis num intervalo de dois dias. No fim do mês ele estará se desacelerando de modo a retomar, em meados de fevereiro, seu curso normal para leste. Esta laçada é análoga àquela que ocorre quando ultrapassamos um outro carro numa curva: ele parece se deslocar para trás em relação à paisagem e quando já estamos longe parece retomar seu movimento para a frente. O mesmo ocorre com a Terra: em órbita mais interna e mais rápida, ela passa pelo ponto mais próximo de Marte (93 milhões de quilômetros) no dia 3 de janeiro. Por isso, o brilho e o tamanho aparente daquele planeta atingem um máximo no início do mês. E a melhor ocasião para ver por uma luneta suas brancas calotas polares de gelo seco e as manchas equatoriais. O aumento não precisa ser excessivo: 30 a 50 vezes. O importante é a qualidade de imagem (veja que as perturbações da atmosfera diminuem quando o astro fica mais alto no horizonte). Marte está em máxima altura à 1 hora da manhã no dia 7. No decorrer do mês, a máxima altura (passagem meridiana) ocorrerá mais cedo. Desse modo, os melhores horários para observá-lo com telescópio são a partir das 22 horas no início do mês e 20 horas no fim do mês.
Dança de Vênus em torno do sol
Vênus, a bela deusa mitológica, afasta-se do deus Apoio, o Sol, e no dia 19 atinge sua maior distância angular: 47 graus a leste. Por isso é visível ao anoitecer. A partir daí, volta a se aproximar do Sol, até passar para o lado oeste, sendo visível de madrugada. Como se balançasse em torno do Sol, Vênus ainda retoma, mais tarde, ao lado leste. O planeta nunca é visível no meio da noite, como Marte. Isto já tinha sugerido a alguns pensadores antigos que Vênus (e Mercúrio) não girava em torno da Terra. Mas a certeza só veio depois de Galileu mostrar, através de sua luneta rudimentar, que Vênus tinha fases, como a Lua.
Essa maré não dá pé!
Neste mês podem ocorrer marés anormalmente elevadas. O motivo é uma coincidência de máxima força do Sol e da Lua sobre a Terra. A Lua passa em maior aproximação (perigeu) uma vez por mês. Quando essa vez coincide com uma fase cheia ou nova, a maré lunar é mais alta que nos outros meses. Se isso coincidir também com a máxima aproximação do Sol (periélio), a soma das forças produz marés de amplitude muito mais elevada. Neste ano, a passagem periélica será no dia 4.
Meteoros quadrantídeos em máxima
Na primeira semana do mês, chega ao máximo uma chuva de meteoros que tem como radiante a estrela Beta do Cocheiro (os meteoros se irradiam a partir dessa estrela). Vale a pena esperar: as condições de visibilidade são melhores após a meia-noite.
Planetas
Mercúrio: a hora menos difícil de vê-lo é de manhã acima do horizonte leste entre os dias 1° e 8 (magn. -0,6).
Vênus: visível acima do horizonte oeste ao anoitecer, se põe três horas depois do Sol. O brilho elevado (magn. -4,3) permite vê-lo ainda de dia
Marte: nasce a leste ao anoitecer; visível em Gêmeos até Quase o amanhecer (magn. -1,4).
.lúpiter: nasce após a meia-noite e fica visível em Virgem todo o mês, até o amanhecer (magn. -2,0).
Saturno: visível sobre o horizonte oeste ao anoitecer, em Capricórnio, até o fim do mês (magn. 0,8).
Urano, Netuno e Plutão: visíveis apenas com instrumentos.