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Mensagens de texto deixam você solitário

Nem muito perto, nem muito longe. É por isso que gostamos tanto de trocar SMS pelo celular. Só tem um problema: estamos nos escondendo atrás deles. e ficando sozinhos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h34 - Publicado em 13 ago 2012, 22h00

Sherry Turkle

As mensagens são uma de nossas principais formas de comunicação. Elas são tão sedutoras porque nos dão uma sensação de controle sobre o jeito que nos mostramos aos outros. Com os SMS, apresentamos uma imagem “editada” do que somos – que podemos apagar ou retocar o tempo todo. Parecemos sempre equilibrados e divertidos, nunca temos um dia ruim ou banal. E as pessoas preferem enviar mensagens em vez de falar justamente porque assim elas se escondem das outras, mesmo estando conectadas o tempo todo.

Passei os últimos 15 anos estudando tecnologias da comunicação. E minha pesquisa mostra que as pessoas não se cansam umas das outras desde que mantenham certa distância entre si – numa medida que possam controlar. Por isso, os SMS fazem tanto
sucesso. Chamo isso de “efeito Cachinhos Dourados”. (O nome vem do conto de fadas infantil, cuja protagonista entra na casa de 3 ursos e decide comer uma das 3 tigelas de mingau que encontra por lá. A primeira é muito quente, a segunda, muito fria. Então a menina escolhe a terceira tigela, que é perfeita.) Com o SMS é assim. A relação não é nem muito de perto, nem muito de longe. A distância certa.

Isso acontece sobretudo com os adolescentes. Segundo o Instituto Pew, 72% dos jovens americanos de 12 a 17 anos mandam mensagens de texto. Para o contato diário com os amigos, 54% preferem os SMS. Apenas 33% têm o hábito de conversar cara a cara. Entre os garotos que usam SMS, metade envia mais de 50 mensagens por dia. E um terço deles manda 100 textos diários – ou 3 mil por mês.

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O resultado? Estamos deixando de ter conversações para ter meras conexões. Ao enviar nossas imagens editadas, nós trapaceamos uns aos outros. Perdemos nuances. Perdemos também a capacidade de negociar com sutileza. Perdemos, enfim, a chance de realmente conhecermos uns aos outros. E corremos o risco de sermos enganados pelas performances que projetamos. O risco é não saber mais a diferença entre as imagens (as que somos de verdade e as que fazemos de nós) no futuro. Ou, o que é pior, nem vamos nos importar com isso.

Uma pessoa só aprende a conversar consigo mesma ao ter conversas com os outros. Portanto, quando mandamos mensagens de texto, perdemos a oportunidade de fazer uma autorreflexão. Para as crianças que estão crescendo, isso significa perder uma habilidade crucial para o desenvolvimento. As tecnologias sempre ocuparam um enorme espaço nas nossas vidas. A diferença é que agora elas estão nas amizades e no amor. E isso cria um dilema: as tecnologias contemporâneas oferecem a ilusão de uma companhia sem as exigências de uma relação. Essa é uma oferta atraente, mas preocupante.

* Sherry Turkle é professora de estudos sociais da ciência e da tecnologia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, palestrante do TED e autora do livro Alone Together (sem tradução no Brasil).

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