Microsoft planeja ressuscitar pessoas – na forma de robôs virtuais
Patente da empresa sugere uso de dados como mensagens e áudios de falecidos na criação de chatbots. Entenda.
Para além de fazer pesquisas no Google e programar alarmes, assistentes virtuais como Siri e Alexa se tornaram verdadeiras companhias domésticas. Pode até não parecer, mas ouvir uma piada ou manter conversas simples com inteligências artificiais são um passo importante para que elas se tornem, no futuro, uma espécie de membro da família. Justamente como em peças de ficção estreladas por softwares ultra-inteligentes, como o filme Her ou aquele episódio de Black Mirror.
O problema é que, para certas aplicações, robôs programados para interagir com humanos ainda patinam na tarefa de conquistar o apreço do usuário. É o caso dos chatbots, por exemplo.
Chatbots são programas que tentam simular um ser humano em conversas digitais, respondendo quem escreve imitando uma pessoa de carne e osso. Na maioria das vezes, porém, a máquina simplesmente não consegue atender a demanda do usuário – e, em vez de agilizar o processo, acaba demandando mais tempo (e paciência) do que um interlocutor humano faria.
Agora, a Microsoft revelou seus planos de criar uma solução que pode facilitar esse tipo de interação homem-máquina – ou ao menos tornar todo o processo menos estressante. Conforme revelado pelo site Protocol, a gigante do Vale do Silício deu entrada em uma patente para criar chatbots baseados em pessoas falecidas.
A ideia é utilizar “imagens, áudios, postagens em mídias sociais, mensagens eletrônicas e cartas escritas” de entes queridos para fazer um robô que encarna sua personalidade. Via machine learning, esses dados permitirão ao programa aprender a emular traços importantes da pessoa escolhida, como tom de voz, dicção, estilo e ritmo de fala, por exemplo.
“A pessoa em questão pode ser também o próprio usuário responsável por criar/treinar o bot de bate-papo”, diz a empresa, na patente. Isso quer dizer que pessoas que quiserem deixar uma versão digital de si mesmas como um presente póstumo para amigos e parentes também devem poder fazê-lo. Um mimo um tanto estranho? Sem dúvida. Mas, inegavelmente, único.
O documento que detalha a proposta se chama Criando um chatbot coloquial de uma pessoa específica, e foi registrado em dezembro no Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos. Você pode lê-lo clicando aqui.
Vale lembrar que existe, é claro, uma série de implicações morais envolvidas em trazer alguém de volta à vida – ainda que no mundo digital. O quão válido seria liberar tantas informações pessoais assim, de mão beijada, só para ter um robô que soa como alguém? Parentes da pessoa transformada em chatbot precisariam autorizar previamente (ou impedir) a homenagem? É ético colocar frases não ditas na boca de uma pessoa?
A Microsoft ainda não anunciou formalmente se tem planos de fazer um protótipo da ideia.