O Brasil fabricasse a bomba atômica?
O domínio da tecnologia nuclear para fins militares provoca tensão na polica internacional.
André Chaves de Melo
O domínio da tecnologia nuclear para fins militares inevitavelmente provoca tensão na política internacional. O país que dá esse passo amplia sua importância no quadro de forças regional e mundial e, com isso, estimula os vizinhos a avançar na mesma direção. No caso do Brasil, a posse de armas nucleares aumentaria a influência de Brasília sobre toda a América do Sul e boa parte da África Ocidental, especialmente as nações de língua portuguesa. Diante disso, é provável que a Argentina também procurasse ter um par de ogivas para restabelecer o equilíbrio político na região.
Os Estados Unidos, por sua vez, passariam a hostilizar a posição brasileira. Primeiro, porque tenderiam a perder parte de sua ascendência sobre os países sul-americanos. Depois, porque, com seu novo status militar, o peso do Brasil não se faria sentir apenas em nosso continente. “Poderíamos, por exemplo, reivindicar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU”, diz o cientista político Francisco Fonseca, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Até nas questões do Sudeste asiático teríamos que ser ouvidos, inclusive porque o atual governante de Timor Leste é o brasileiro Sérgio Vieira de Melo – funcionário da ONU indicado para comandar aquele país durante o processo de separação da Indonésia. Mas esse papel de destaque não significaria, por si só, que o Brasil teria poder real, baseado em sólido desenvolvimento econômico, político e social. Ou seja: talvez parecêssemos mais com o Paquistão – que causa medo mas não admiração – do que com a França.
O aumento de nosso poder militar incomodaria Estados Unidos e Argentina – e poderia nos prejudicar