Os irmãos mais novos de Urano
Os dois satélites recém-descobertos são pequenos. Mas fazem um trajeto inusitado em torno do planeta.
Thereza Venturoli
Urano é um planeta realmente curioso. A imensa esfera de gás – de diâmetro quatro vezes maior que a Terra e quinze vezes mais pesada que nosso planeta – é o único corpo do Sistema Solar que gira deitado. Quer dizer, em vez de o equador estar voltado para o Sol, são os pólos que recebem os raios solares de chapa. Agora o planeta mostrou mais uma esquisitice: duas luas, identificadas recentemente por uma equipe de astrônomos americanos e canadenses. E, para não fugir à tradição da família uraniana, elas também são estranhíssimas. Uma delas mede apenas 80 quilômetros de diâmetro e a outra não passa de 160 quilômetros. Em termos astronômicos, são meros pedregulhos. Outro aspecto bizarro é que a órbita que as miniluas traçam em torno de Urano é imensa. Enquanto os demais satélites giram a no máximo 586 000 quilômetros do planeta, as duas novatas chegam a 6 milhões e 8 milhões de quilômetros. O estranho trajeto indica que elas foram capturadas por Urano, e não nascidas juntamente com ele. “Até então, elas orbitavam o Sol como mundos independentes”, explicou à SUPER Brett Gladman, um dos descobridores dos bebezinhos. Gladman e seus colegas usavam o telescópio Hale, em Monte Palomar, para procurar cometas, quando toparam com os novatos. Urano é o quarto e último planeta gigante a ter luas excêntricas. As de Júpiter, Saturno e Netuno já eram conhecidas. ”A descoberta vai nos ajudar a entender como esses satélites se formaram”, conclui Gladman.