Robô do Google perde jogo para humano – mas ganha o campeonato mesmo assim
Go é considerado um dos jogos mais complexos do mundo, com mais possibilidades do que o número de átomos do Universo
Nós já falamos sobre o AlphaGo aqui. Mas vamos recapitular: é um software, criado pelo Google, que joga o jogo de tabuleiro oriental Go. À primeira vista, pode até parecer que a missão nem é tão difícil assim – em 2016 fará 19 anos desde que os computadores ultrapassaram os humanos no xadrez -, mas é. O jogo de Go usa um tabuleiro com 19 linhas verticais e 19 horizontais. As peças podem ser colocadas em qualquer um dos 361 pontos de intersecção. Se você cerca uma peça do seu adversário, ela passa a ser sua. Ganha quem ocupar mais espaço do tabuleiro.
Pela liberdade de jogadas, o jogo tem 10e170 possibilidades de movimento diferentes. Na prática, o número de jogadas possíveis é maior do que a estimativa de átomos existentes no Universo. É um jogo bem complexo, até para um computador inteligente. Mas, agora, o robô do Google parece ter provado sua superioridade aos humanos: o AlphaGo venceu um campeonato contra o melhor jogador do mundo.
Em janeiro, o AlphaGo já havia vencido Fan Hui, campeão europeu do jogo. Apesar de impressionante, muita gente argumentava que o nível de Hui ainda não era o máximo que poderia ser atingido por humanos. O nome mais temido do mundo, quando se pensa no game, na verdade é Lee Sedol. Com 33 anos, o sul-coreano venceu os últimos 18 campeonatos mundiais. É o Pelé das pecinhas. Pois bem, Lee foi o desafiado pelo Google: a ideia era um campeonato em que o vencedor seria decidido em uma melhor de cinco partidas. Cada uma das disputas aconteceria em um dia diferente, começando no dia 9 e terminando 15 deste mês. Agora, mesmo com o último confronto ainda não tendo rolado, o computador já garantiu sua vitória – mas não invicto.
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A máquina venceu as três primeiras partidas, garantido o título de campeão do confronto. “Eu não esperava perder. Não achava que o AlphaGo iria jogar de forma tão perfeita”, afirmou Lee ao site The Verge após perder a primeira partida. Porém, no confronto de ontem (13) a vitória foi para os humanos. Lee conseguiu derrotar o computador do Google pelo menos uma vez. “O AlphaGo cometeu um erro na sua 79ª jogada, e só percebeu por volta do 87º turno”, tuitou Demis Hassabis, fundador da DeepMind (subsidiária da Google que construiu o AlphaGo), enquanto a partida rolava. “Nós não sabemos o que aconteceu ainda”, afirmou.
Para o último duelo, as coisas tendem a ficar ainda mais difíceis para Lee. O computador do Google aprende em cada nova partida. Ao invés de computar as quase infinitas probabilidades do jogo, o AlphaGo tenta entender quais são as jogadas mais inteligentes que ele pode fazer em um máximo de 20 rodadas. Exatamente como o cérebro humano faz. Esse sistema vai sendo aprimorado conforme é submetido a novas partidas.
Apesar de ser só mais um jogo dominado por máquinas, esse pode ser um evento simbólico. AlphaGo não joga como um robô, ele joga como um ser humano. Um ser humano excelente em Go. E isso pode ser o primeiro passo para uma inteligência artificial que simula a humanidade de maneira muito mais competente do que temos hoje. Que nos preparemos.
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