Sala de Aula Interativa – Educação na ponta dos dedos
Telas interativas atualizam a sala de aula para a geração nascida no mundo digital
Giulliana Bianconi
Lápis e papel não vão sumir da sala de aula da noite para o dia, mas já existe tecnologia para isso. E não estamos falando dos computadores trancafiados nas “salas de informática”. O novo caminho são as telas multitoque interativas.
É verdade que a maioria das escolas ainda não tem a metodologia nem o dinheiro necessários para transformar salas de aula em ambientes digitais, mas empresas e universidades já desenvolvem equipamentos e programas que alinham a educação ao universo dos “nativos digitais” – a geração que nasceu imersa na evolução das tecnologias da informação e comunicação e que não se desgruda do celular, iPod, computador…
As aplicações das telas são muitas – desde jogos de alfabetização em grupo até apresentações de seminários na faculdade. Mas um de seus maiores lances é criar um ambiente em rede onde diferentes atividades são realizadas em telas individuais ao mesmo tempo, porém gerenciadas por um único software capaz de coletar dados estatísticos. Assim, por exemplo, o professor pode fazer um quiz e receber, em tempo real, o número de alunos que acertaram certa questão, a nota de cada aluno e a média da sala. É o fim do gabarito.
“TIO” ROBÔ
Numa sala de aula infantil da Universidade da Califórnia em San Diego, robôs estimulam crianças a imitarem seus gestos e ensinam palavras em idiomas estrangeiros. Ainda que um tanto desengonçado, o Rubi anda sobre rodas, mexe os braços e mãos metálicos e permite que crianças usem a tela multitoque instalada em sua “barriga”. O robô, desenvolvido pela equipe do cientista Javier Movellan, foi o primeiro criado para interagir com crianças e há 5 anos vem sendo testado na creche da universidade.
O próximo passo – a ser dado em 2011, segundo Movellan – é levar protótipos a centros de pesquisa de outros países e observar o progresso das crianças em diferentes culturas e condições socioeconômicas. Um dos pontos principais da pesquisa é saber o quanto um robô interativo pode reter a atenção de crianças e auxiliar na aprendizagem. E um dos casos de mais sucesso foi entre as autistas: as que estiveram com Rubi demonstraram disposição para interagir bem maior do que quando foram submetidas a processos tradicionais de aprendizagem.
Interfaces de toque vão para a aula
Com um sistema integrado, a classe vira um grande trabalho de equipe; por outro lado, o professor ganha os superpoderes de um administrador de rede
LOUSA DIGITAL
As atividades propostas numa lousa digital podem ser compartilhadas com as telas multitoque dos alunos, para que todos realizem atividades ao mesmo tempo.
CONTROLADOR
Com o software SynchronEyes, o professor pode, em sua tela central, monitorar o que cada aluno faz, dividir a classe em grupos e filtrar sites – nada de Wikipedia na hora da prova.
TELAS MULTITOQUE
Elas estarão por toda parte: na superfície de carteiras escolares, nos computadores, nas mesas de apoio ou nos celulares dos alunos.
DÚVIDAS
Durante a atividade, alunos podem enviar questões para a tela central. O professor as responde individualmente ou inicia uma discussão online que reúne todos os conectados.
INTERAÇÃO
Nas telas interativas, alunos também podem fazer anotações com a ponta dos dedos, manipular imagens e vídeos e criar conteúdo com todos esses elementos. Depois, eles salvam tudo num pendrive e jogam na mochila a aula inteira.
O tablet de US$ 75
As telas multitoque vão chegar à próxima geração do “Um Laptop por Criança” (OLPC, na sigla em inglês), projeto de educação e inclusão digital de crianças e jovens desenvolvido pelo fundador do Laboratório de Mídia do MIT, Nicholas Negroponte.
OLPC XO-1 (2007)
Com design infantil e formato de maleta, pesa menos de 1,5 kg, tem display móvel e consome 5 W de energia quando navega na internet. Foi anunciado como “o computador de menos de US$ 100”, o que nunca aconteceu: atualmente custa US$ 180 e muitos o consideram um fracasso.
OLPC XO-3 (2012)
É um computador-prancheta de plástico difícil de quebrar, à prova dágua, com tela colorida e sem moldura. A expectativa da OLPC é que funcione com apenas 1 W de energia e tenha 6 mm de espessura. Anunciado como o “XO de US$ 75”, ele despertou o interesse de Ruanda, que quer oferecer um para cada um de seus estudantes. Assim, eles poderão armazenar todas as apostilas e livros usados durante sua vida escolar.
E o XO-2?
Seria um netbook com tela dupla. Fotos do protótipo chegaram a ser divulgadas em 2008, mas a OLPC recuou e optou por investir no aperfeiçoamento do processador do XO-1 enquanto o novo XO-3 tablet não chega ao mercado.