Software – Navegando nas nuvens
Com documentos e aplicativos armazenados na web, navegadores passam a assumir funções dos sistemas operacionais
Emerson Kimura
A importância dos navegadores aumentou conforme documentos e aplicativos passaram a ser armazenados na “nuvem” – ou seja, em servidores online, em vez do disco rígido do seu computador. Com isso, os browsers assumem características muito mais próximas das de um sistema operacional. E tem mais: com as próximas gerações de navegadores mais preparados para JavaScript e HTML5, os aplicativos web também terão desempenho mais próximo ao dos programas instalados no computador. Logo, logo, o Google Docs funcionará tão bem quanto o Microsoft Office.
As novidades não param por aí. O Internet Explorer 9 usará o processador gráfico (GPU) do computador para renderizar textos e gráficos. Com essa mãozinha, o desempenho fica muitas vezes superior ao de quando o processamento é concentrado apenas na cpu. O lado ruim é que o IE9 não deverá ser compatível com o Windows XP, o sistema operacional mais popular em pcs. A jogada de marketing é arriscada: a Microsoft crê que os usuários de IE e XP migrarão para o Windows 7; já os concorrentes esperam que seja um tiro no pé e que os usuários troquem de navegador.
Já o concorrente Firefox permitirá a instalação de uma enorme variedade de add-ons. Segundo Chris Hofmann, diretor de projetos especiais do Mozilla, as próximas versões devem ter interface mais intuitiva e eficiente, melhor gerenciamento de abas (uma festa para quem tem déficit de atenção), versões mais poderosas para celulares e melhor sincronização entre dados de navegadores instalados em diferentes computadores e dispositivos móveis.
JOGO SEM COMPUTADOR
O número de games online vai crescer, com jogos muito mais avançados. Mas o passo além é que, em vez de no computador do usuário, ele será processado na nuvem. Com isso, você não precisará de um hardware muito potente. A start-up OnLive já faz isso, com um serviço que lembra o streaming de vídeo e música, só que com games de primeira linha. Futuramente, a OnLive planeja oferecer um pequeno aparelho chamado MicroConsole, que permitirá jogar os games sem computador, ligado somente à TV e à internet.
NAVEGAÇÃO SEM O PLUG-IN
O HTML5 é a próxima grande versão do HTML, linguagem usada para a construção de páginas na web. Embora o padrão ainda não tenha data para ser finalizado, a maioria das versões atuais de navegadores já oferece alguma compatibilidade com ele. Seus principais recursos serão a reprodução de áudio, vídeo, jogos e outros aplicativos sem plug-in, para horror do Adobe Flash e alegria dos usuários da Apple. A linguagem também deve permitir o armazenamento de conteúdo no computador para tarefas off-line, o “arrastar-e-soltar” e a geolocalização.
APLICATIVOS SEM INSTALAÇÃO
Escrever textos, editar planilhas, montar apresentações, retocar fotos, guiar-se em lugares turísticos, organizar agenda, ver mapas… Os aplicativos da web permitem fazer tudo isso na janela do seu navegador, sem precisar instalar programas específicos para cada tarefa. E eles ainda têm muito a evoluir. A propagação do HTML5, a evolução de ferramentas como Adobe Flash e Microsoft Silverlight, o aumento de vendas de smartphones e tablets e a popularização de mídias sociais devem incentivar o desenvolvimento de web apps. O resultado é que eles oferecem uma experiência cada vez mais semelhante à dos aplicativos tradicionais, mas com uma grande vantagem: funcionam em vários sistemas operacionais.
Sistemas operacionais
Apesar dos tropeços do Vista, o crescimento do número de usuários do Windows 7 deve manter a Microsoft soberana entre os sistemas operacionais de pcs. E o lançamento do Windows 8 em 2012 vai turbinar a presença da empresa também nos tablets.
WINDOWS 8
Documentos supostamente vazados por um funcionário da Microsoft indicam possíveis características do seu novo sistema operacional, previsto para 2012. Algumas já foram antecipadas pela interface Kinect do Xbox, como reconhecimento facial para login automático – basta sentar-se na frente do computador; se outra pessoa aparecer, ele trocará de usuário – e suporte para vários formatos de conteúdo multimedia, inclusive vídeo 3D. A Microsoft também deve lançar uma loja de aplicativos inspirada na da Apple, mas com uma diferença importante: ela identificará as especificações do seu equipamento para oferecer aplicativos adequados. Enquanto isso, a empresa vê o número de usuários do Windows 7 crescer. Para evitar um fiasco como o do Vista, deve abandonar em abril de 2014 o suporte ao Windows XP, o sistema operacional mais popular de todos, e ao Internet Explorer 6. Quem mandou fazer bons produtos?
GOOGLE CHROME OS
Há muita expectativa sobre o lançamento, neste ano, do sistema operacional do Google – mas ele está muito longe de ameaçar o Windows. Afinal, foi desenvolvido basicamente para equipamentos com menor poder de processamento, como netbooks e smartbooks, mas não para laptops e desktops. Baseado em Linux, mas com interface parecida com a do navegador Chrome, ele é gratuito, leve, rápido e voltado basicamente ao uso de web apps e armazenamento em nuvem.