Uber tinha “ferramenta antipolícia” – e a usou mais de 20 vezes
‘Ripley’ era acionada remotamente, da sede do Uber nos EUA, e travava os computadores das sucursais da empresa em outros países para impedir investigações
Em Aliens – O Resgate, um filme clássico sci-fi, a personagem Ripley (Sigourney Weaver) tem um plano nada delicado para se livrar dos assassinos de outro planeta: explodir uma estação espacial inteira. O Uber desenvolveu uma ferramenta digital, batizada de Ripley, que fazia algo mais ou menos parecido: em caso de batida policial, o software bloqueava todos os dados contidos nos computadores das sucursais da empresa.
A informação foi revelada pela revista Bloomberg Businessweek, que ouviu fontes ligadas à empresa. O propósito da ferramenta era impedir que as autoridades pudessem colocar as mãos em documentos e registros internos do Uber – que sofreu questionamentos de diversas prefeituras pelo mundo. Bastava um comando, enviado da sede da empresa em São Francisco, nos EUA, para travar tablets, desktops, notebooks e celulares dos funcionários.
Segundo a Businessweek, o Uber teria utilizado a ferramenta mais de 20 vezes. Um dos casos aconteceu na cidade de Montreal, no Canadá, em maio de 2015. Cerca de dez investigadores foram até o escritório da empresa, com um mandado de busca, para investigar suspeitas de sonegação fiscal. A sede em São Francisco foi avisada e acionou a Ripley, impedindo o trabalho das autoridades canadenses.
A Uber se pronunciou a respeito, afirmando que não vê nada de errado na Ripley. “Como qualquer companhia com escritórios ao redor do mundo, temos procedimentos de segurança para proteger dados empresariais e de clientes. Por exemplo: se um empregado perde seu laptop, nós temos a possibilidade de realizar um logoff de maneira remota, impedindo que alguém acesse os dados ali contidos. Em se tratando de investigações do governo, nossa política é de cooperar com todas as buscas válidas e solicitações de documentos.”