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Um segredo militar vira enigma cósmico

Satélite espião americano detecta radiação espacial de origem desconhecida

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 20 jul 2009, 22h00

Em 1963, o governo dos Estados Unidos pôs em órbita uma série de satélites especiais, com a missão de verificar se os russos estavam testando bombas nucleares às escondidas, quebrando um acordo assinado meses antes. Eram os satélites Vela, capazes de localizar explosões nucleares tanto no subsolo quanto no espaço, que efetiva-mente deram o alarme. Seus detectores denunciaram súbitos pulsos de raios gama, a forma mais energética de radiação. A surpresa é que as “explosões” – uma por mês, em média -não provinham da Terra, mas de diversas direções do espaço. Não podiam vir de bombas. Confirmados pelo observatório orbital Compton, lançado em 1991, aqueles surtos são um dos maiores enigmas astronômicos.

O primeiro enigma é a distância das fontes de radiação. Como não emitem luz visível e como os pulsos não coincidem com a direção de nenhum astro em particular, não se sabe se elas estão logo ali, depois de Plutão, ou no longínquo horizonte do Universo. Caso estejam nas proximidades do sistema solar, as erupções de raios gama não devem ser muito poderosas. Mas, se estiverem à distância dos quasares – objetos celestes que geram poderosas ondas de rádio, a bilhões de anos-luz -, as fontes de raios gama poderiam entrar para o Livro Guinness de Recordes como os astros mais energéticos conhecidos até agora.

0 Segundo mistério é a natureza dessas fontes. Elas estão distribuídas uniformemente à volta da Terra e os surtos duram de 1 milésimo de segundo a alguns minutos, para depois apagarem-se para sempre. Algumas fontes apresentam evidências de aniquilamento de matéria, ou seja, emitem um brilho muito forte, na faixa de 511 000 elétrons-volts, que aparece caracteristicamente no encontro de matéria com antimatéria. Isso leva alguns cientistas a propor que se trata de nuvens de antimatéria colidindo com os cometas da chamada nuvem de Oort – o berço dos cometas, nos confins do sistema solar. O fato de os cometas serem corpos pequenos explicaria a curta duração das explosões. Como forma uma esfera oca ao redor do Sol, a nuvem de Oort viria bem a calhar para explicar a radiação vinda I de todas as direções do céu. O problema, nessa teoria, é arranjar uma origem para as nuvens de antimatéria num Universo dominado pela matéria.

Outra idéia, sugerida até há pouco tempo pela maioria dos astrônomos, era que os surtos de raios gama proviessem de estrelas de nêutrons – estrelas que, tendo consumido todo seu suprimento nuclear, tornam-se corpos extremamente densos, compostos por nêutrons. Havia vários motivos para os cientistas pensarem assim. Primeiro, porque algumas delas emitem raios gama. Elas fazem isso de maneira contínua, e não em surtos, como ocorre com a radiação enigmática. Mas poderia haver estrelas de nêutrons – ainda não detectadas – que emitissem raios em surtos. Além disso, alguns dos pontos de onde vêm os raios têm a marca de campos magnéticos muito intensos, comuns em estrelas de nêutrons.

Mas o Observatório Orbital Compton acabou derrubando essa hipótese. Ele mostrou que, por mais fracas que sejam – quer dizer, por mais distantes que estejam -, as fontes de raios gama continuam distribuídas esfericamente ao nosso redor. Caso viesse das estrelas de nêutrons, essa radiação deveria concentrar-se ao longo da faixa da Via Láctea. Assim, se as fontes de raios gama forem mesmo externas à Galáxia, então devem estar a bilhões de anos-luz, já que as galáxias que as hospedam são invisíveis aos telescópios. Nesse caso, a energia liberada em cada surto seria milhões de vezes maior do que toda a luz emitida pelos cerca de 200 bilhões de sóis da Via Láctea. Uma possibilidade, aí, é a de buracos negros engolindo estrelas de nêutrons. A esperança dos astrônomos, para desvendar de vez esse mistério, está no Compton, que deve revelar pelo menos mil novas fontes nos próximos cinco anos.

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