Augusto Damineli Neto
Você tem notado algo estranho na cor do céu? Ele não é mais o mesmo desde que o vulcão do monte Pinatubo, nas Filipinas, jogou 20 milhões de toneladas de gases sulfurosos e cinzas na atmosfera. Uma cor leitosa substituiu o negro profundo da noite; o halo em torno do Sol adquiriu tons de violeta; e o pôr-do-sol perdeu algumas cores de sua rica paleta. A luz branca do Sol, ao atingir a atmosfera, é espalhada para todas as direções pelas moléculas do ar, mas as cores não são todas espalhadas da mesma forma. O azul, por exemplo, é mais espalhado que o vermelho. O motivo é que, quanto mais curto o comprimento de onda, mais o ar espalha a luz – e o azul tem comprimento de onda mais curto que o vermelho. No pôr-do-sol normal. Os feixes que atingem a alta atmosfera espalham a luz azul. Em camadas mais baixas da atmosfera, os raios perdem o azul e por isso espalham o verde.
E assim por diante: os feixes que chegam próximos ao horizonte perdem todas as cores, sobrando só o vermelho. Atuam no mesmo sentifo os aerossóis, isto é, poeira fina ou gotículas que estão suspensas no ar e ajudam a filtrar as cores de menor comprimento de onda. Por isso, quanto mais poluído o ar, mais vermelho é o pôr-do-sol. O pôr-do-sol vulcânico – ou seja, aqueles que surgem após uma erupção como a do Pinatubo – tem cores um pouco diferentes. Nele, cores intermediárias, como o verde, são suprimidas. Para vê-lo melhor, escolha uma tarde sem nuvens e espere 15 ou 20 minutos após o ocaso. Nessa hora, a camada de gotículas de ácido sulfúrico e cinzas vulcânicas, situada a 70 km de altura, só deixa passar o vermelho que vem do horizonte e o azul do alto do céu. A mistura do azul com o vermelho tinge o céu de violeta. A camada vulcânica permanecerá ainda uns dois anos em suspensão. Antes de desaparecer, entretanto, o Pinatubo pode injetar mais detritos, turvando de novo a atmosfera e mantendo alteradas as cores do céu.