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Aprendendo com as árvores

O mundo está perdendo suas florestas e, junto com elas, riquezas e conhecimentos de valor incalculável. A boa notícia é que ainda é possível evitar a tragédia

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 Maio 2001, 22h00

Fernanda Campanelli Massarotto

Ano 2250. O cenário impressiona pela magnitude: 5,5 milhões de quilômetros quadrados de cerrado – mais ou menos dez vezes o tamanho da França. O clima é árido, o ar sempre seco, e quase não há sombra entre as árvores, todas baixinhas e de troncos grossos. Atravessar esse território é um rally de força e resistência, tarefa para máquinas automotivas capazes de vencer a praga do capim e os troncos carbonizados que aparecem pela frente. Os rios estão com menos água ainda do que no ano anterior e é raro ver um bicho cruzando o caminho. Além do capim e do calor – uma perigosa combinação – tudo que se tem em grande quantidade é fumaça e fogo. Onde quer que a vista alcance há uma cortina branca nos avisando: por aqui não…

Esse cenário meio Mad Max pode ser a Amazônia do futuro. “É um quadro assustador, um tanto pessimista”, comenta o ecólogo Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Tanto quanto a maioria de nós, ele torce para que isso não aconteça – nem em filme. Mas não custa considerar: o risco existe. No sudeste da Venezuela, que faz fronteira com Roraima, a floresta já virou savana. Madagascar, no Oceano Índico, outrora um santuário de animais e plantas, tem, hoje, apenas 10% da sua cobertura original. Na Indonésia e nas ilhas de Sumatra e Bórneu restam 7,8%. O caso das Filipinas é desesperador: existe apenas 3% da mata original.

Quase 70% das florestas remanescentes em todo o planeta estão no Brasil, na Rússia e no Canadá. Mas o perigo real e imediato ronda as áreas tropicais, especialmente as asiáticas, onde a devastação mecanizada vem fazendo estragos irreparáveis. A luta nesses lugares é pela conservação total, pelo bloqueio de toda ação predatória, mesmo aquelas vinculadas à idéia de sustentabilidade. Porque se mexer mais, acaba. A floresta tropical possui notável capacidade de regeneração, todavia sofre com variações de clima, é suscetível à ação do fogo e, claro, totalmente vulnerável aos ataques do ser humano.

“A Amazônia não figura entre as florestas que correm maior perigo, já que apenas 13% da sua área foi devastada”, explica Russell Mittermeier, presidente da ONG Conservation International. É ele também que lidera uma das mais recentes pesquisas sobre as florestas do planeta – o Hotspots Project -, que, durante três anos e com a participação de cientistas de 40 países, estudou os 25 ecossistemas que correm perigo iminente – daí o nome, hotspots, que pode ser traduzido como “lugares de grande risco”. Segundo Mittermeier, “os desafios no Brasil são o cerrado, que tem 20% da sua área original, e a mata atlântica, com 7,5%.” Vale dizer: a mata atlântica tem sob proteção só 21% da sua área total. É pouco, quase nada, se quisermos mesmo evitar a extinção de espécies e a evolução natural desse ecossistema.

 

Por que precisamos das florestas

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As florestas são os ecossistemas terrestres mais complexos que se conhece. “Elas respiram tanto quanto liberam oxigênio”, diz Waldir Mantovani, professor do Departamento de Ecologia da Universidade de São Paulo. “Portanto, florestas não são pulmões do mundo. Mas elas são extremamente importantes como reguladoras de ciclos naturais, como o do carbono, o da água e o da diversidade biológica.” Além disso, as florestas contêm uma grande quantidade de organismos vivos e é evidente que a destruição da mata vai desfazer as interações que existem entre eles, levando-os ao desaparecimento. Muitas espécies animais e vegetais escondem segredos que o ser humano ainda não conhece.

Na década de 1970, o cientista Michael Tyler, da Universidade de Adelaide, nos Estados Unidos, descobriu, na floresta tropical da Austrália, um tipo de perereca que expelia seus ovos e depois os engolia, para incubá-los no estômago e dar à luz pela boca. Chamava ainda mais a atenção o fato de o pequeno animal ser capaz de “ligar” e “desligar” a emissão dos ácidos estomacais e, com isso, manter seus futuros filhotes a salvo do inclemente trato digestivo. Bem, milhares de seres humanos sofrem com excesso de ácidos no estômago. Talvez aquele bichinho pudesse dar pistas para resolvermos o nosso problema. Mas não deu tempo de saber: as florestas tropicais da Austrália foram quase inteiramente devastadas e a tal perereca desapareceu em 1980, antes que os laboratórios chegassem a resultados conclusivos.

O ecólogo Paulo Moutinho compara a eventual perda das florestas tropicais à queima de uma grande biblioteca como a de Alexandria. “É como se ali estivessem guardados milhares de livros que ninguém nunca leu. Há informações que podem ser fundamentais para a nossa vida no futuro.”

O painel da situação das florestas é trágico, se comparado ao que havia no planeta anteriormente. Mas é animador enquanto mostra que, freando o avanço das motosserras, conseguiremos reverter a situação. Centenas de projetos estão saindo das gavetas de instituições, órgãos governamentais e não-governamentais. A idéia básica é preservar áreas que ainda não tenham sido muito devastadas e conservar as que já foram quase dizimadas (no jargão dos especialistas, preservar significa utilizar recursos naturais da floresta com responsabilidade; conservar é deixar a floresta intacta).

Em 1997, nos Estados Unidos, Julia Hill, então com 23 anos, subiu numa sequóia e ficou morando ali durante dois anos, defendendo-a de uma madeireira. Deu certo, mas não significa que teremos de fazer o mesmo. Um dos modelos de preservação que também está dando certo é o manejo florestal. Trata-se de conscientizar madeireiros e donos de serrarias a fazer um inventário da floresta e utilizar técnicas apropriadas de corte – que árvores podem ser cortadas, quando e como. “As florestas tropicais têm poder de regeneração”, diz o pesquisador Édson Vidal, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). “Basta que o homem não ultrapasse os limites e deixe que a natureza faça a sua parte.” O pacto de conservação que o Imazon iniciou em 1991 reduziu a perda de árvores em 50%.

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A queimada – técnica de preparação e fertilização do terreno usada por pequenos produtores de todo o mundo -, quando não puder ser evitada, deve contar com um programa de prevenção de incêndios. É comum as chamas se alastrarem pelas florestas, mais ainda sob condições de seca como a imposta pelo fenômeno El Niño. A fiscalização pode ser feita pelos próprios agricultores e possíveis brigadas de incêndio. “Mas é fundamental educar o pequeno agricultor”, alerta Paulo Moutinho. “A queimada pode ser feita, mas de forma cautelosa.”

Para a maioria dos ambientalistas, contudo, a maior ameaça às florestas tem sete cabalísticas letras: rodovia – não apenas a obra em si, mas principalmente a ocupação desregrada que ela traz. Calcula-se que o impacto de uma estrada pavimentada atinja até 100 quilômetros ao largo de cada uma de suas margens. Segundo Daniel Nepstad, pesquisador norte-americano que, ao lado de Paulo Moutinho, está secando uma porção diminuta da floresta amazônica para estudá-la sob condições extremas, 75% do desmatamento na região ocorreu em torno das rodovias. “Em 26 anos de Belém-Brasília, 58% da floresta que havia por perto simplesmente desapareceu.”

Uma das soluções da temporada pode estar nos mecanismos de “patrocínio” de florestas: países e empresas que poluem acima de uma determinada cota criariam uma espécie de débito ambiental que, com justiça, seria quitado em forma de investimentos nos países que preservam suas florestas. O Protocolo de Kyoto, no qual diversos países se comprometem a reduzir a emissão de gases para estancar o aquecimento global, propõe, entre outras medidas, a criação desses “sumidouros de dióxido de carbono”. Essa seria, também, uma forma decente de encaminhar o fluxo de capital do Primeiro para o Terceiro Mundo: um cálculo preliminar define esse novo mercado em 17 bilhões de dólares por ano – e isso só para começar. Não é preciso ter a sabedoria de uma árvore para entender que se trata de um ótimo negócio.

De quem é esta riqueza?

A biotecnologia põe na mesa uma discussão impensável há alguns anos: a quem pertence o que ainda não foi descoberto?

Na década de 1980, biotecnologia era ficção científica. Hoje, mais da metade das 250 grandes indústrias do setor farmacêutico se concentra em programas de pesquisa, coleta e testes com espécies animais e vegetais, sobretudo as das florestas brasileiras.

E estão surgindo discussões bastante pertinentes. Afinal, de quem é essa riqueza potencial, esse mundo de soluções que as florestas podem conter? Pertencem aos países de muita biodiversidade? Ou são dos laboratórios, que identificam as substâncias naturais e dão a elas alguma utilidade prática? Só que, antes mesmo que haja respostas de bom senso para essas perguntas, já tem corporação graúda arquivando material genético de bichos e plantas para futuras pesquisas e aproveitamento.

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Atualmente, o comércio de medicamentos originários de florestas tropicais ultrapassa 40 bilhões de dólares por ano, segundo estimativas do setor farmacêutico. Elói Garcia, presidente da Fundação Oswaldo Cruz, afirma que cerca de 70% dos medicamentos encontrados no mercado mundial provêm de plantas existentes em território brasileiro. Paradoxalmente, continuamos dependendo da importação de matérias-primas e pagando os tubos até por xarope contra tosse.

Com a complacência da legislação, muito mal redigida para essas questões, estão surgindo acordos entre “bancos de biodiversidade” 100% nacionais – empresas de pesquisa que fazem o trabalho de campo, recolhendo, catalogando e arquivando material – e gigantes internacionais, que, de outra forma, não poderiam ter acesso a esse tesouro. O laboratório inglês Glaxo SmithKline, por exemplo, trabalha em composição com uma empresa brasileira, que, por sua vez, tem vínculos com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – uma escola pública.

Parece lícito que empresas farmacêuticas e centros de pesquisa se associem. Mas, em casos assim, que envolvem universidades estaduais e centros de pesquisa mantidos com dinheiro público, é mais do que razoável acreditar que a sociedade deva se beneficiar também.

Lobos à espreita

As queimadas são a maior ameaça às florestas tropicais. Mas continuam ativas. Basta um deslize da fiscalização… e as madeireiras atacam

A Amazônia brasileira representa 60% de toda a floresta amazônica – que se estende também no Peru, Colômbia e Venezuela. Desses 60%, algo como 13% foi desmatado até agora. Desses 13%, cerca de 60% é pasto, 30% é capoeira (cultivos abandonados) e o restante é usado para agricultura, estradas e urbanização. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área que a Amazônia já perdeu equivale a uma França. Em média, outros 17 000 quilômetros quadrados desaparecem todo ano. As queimadas, muito mais que os incêndios acidentais e a exploração madeireira, é que determinam o desmatamento.

O fogo é utilizado pelos pequenos fazendeiros para limpar o terreno, preparando-o para a atividade agropecuária e controlando a invasão de ervas daninhas. Mas as chamas escapam do controle e invadem as florestas. Com isso, colaboram na redução das chuvas e no aumento da temperatura. A seca torna a mata ainda mais propensa às chamas, fechando o círculo.

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Mas a extração de madeira também preocupa. Segundo dados do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), o Brasil, hoje, responde por 4% do mercado mundial de madeiras tropicais. A Belém-Brasília, apontada como uma rodovia que vai de nada a lugar algum, contribuiu para que as serrarias se multiplicassem na região. Com a redução dos estoques naturais, porém, das 240 madeireiras que havia em Paragominas, PA, há cerca de dez anos, sobraram menos de 100. Mas elas não sumiram: boa parte mudou-se para outros Estados.

Embora o Brasil tenha uma das mais modernas legislações ambientais do mundo, falta pessoal na fiscalização. E a bancada ruralista no Congresso continua disposta a brigar por mais espaço: está em discussão o anteprojeto do deputado federal Moacir Micheletto, que permite reduzir de 80% para 20% a área florestal das propriedades rurais na Amazônia – sinal de que lobos continuam à espreita.

Outra ameaça é o programa Avança Brasil, do governo federal, que, entre 2000 e 2007, deve contar com mais de 40 bilhões de dólares. Uma das obras é a pavimentação da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. E que corta a Floresta Nacional de Tapajós! Em favor do asfalto aparecem os empresários da soja, já que esse é o caminho mais curto para o escoamento da produção rumo ao porto de Santarém. É uma questão financeira: a pavimentação da BR-163 resultará numa economia de 1 dólar para cada 30 quilos de soja exportados.

Um americano seca a floresta

No coração da Amazônia, pesquisadores estão impedindo que a chuva alcance o solo para observar como a floresta reage sob condições extremas

O temor de uma aliança entre grandes secas, queimadas e incêndios, extração de madeira e a possibilidade de um futuro de clima mais quente e seco – ninguém sabe ao certo o que o fenômeno El Niño causará nos próximos anos -, plantou uma questão crucial para pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agronômica (Embrapa), do Centro de Pesquisas Agroflorestais da Amazônia Oriental e do Centro de Pesquisa Woods Hole, dos Estados Unidos: por quanto tempo a floresta amazônica resistiria à escassez prolongada de água?

Para obter a resposta, os ecólogos Daniel Nepstad e Paulo Moutinho, ambos pesquisadores do Ipam, e o botânico Moacyr Dias Filho, da Embrapa, estão coordenando uma experiência singular em uma pequena área de 1 hectare (100 metros x 100 metros) no interior da Floresta Nacional do Tapajós. O estudo baseia-se em impedir que a chuva chegue ao solo, de maneira a manter a floresta em condições de seca absoluta. A idéia é observar e aprender com a natureza sob condições artificiais e controladas para saber o que fazer (ou não fazer) diante de uma situação real e imprevisível.

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Para tanto, painéis de plástico cobrem a superfície da floresta, fazendo a água escoar até canais previamente arranjados, portanto sem contato com o solo. A montagem de todo esse aparato consumiu mais de um ano de trabalho de uma equipe com 30 homens. Até 2003, segundo Dan Nepstad, será possível saber como as florestas tropicais reagirão se tiverem de enfrentar um clima mais seco.

 

Foi difícil imitar os efeitos do El Niño na floresta?

Dan Nepstad Bastante. Parte da equipe de pesquisadores do projeto levou um bom tempo inventariando 20 hectares da vegetação da Floresta Nacional de Tapajós. Dentro dessa área, definimos uma parcela para ser submetida à exclusão de chuva. Escavamos uma trincheira com cerca de 1,5 metro de profundidade ao longo do perímetro dessa parcela, para evitar que a vegetação no interior fosse abastecida de água pelas raízes laterais ou pelo deslocamento horizontal da água, tomando o cuidado de forrar essas trincheiras com lonas plásticas. Em seguida, montamos uma estrutura usando cavaletes de apoio para os painéis de cobertura. Acomodamos, então, os 5 600 painéis sobre os cavaletes, a uma altura de 1,5 metro e com certa inclinação, imitando a cobertura de uma casa. Depois construimos calhas de madeira para coletar e direcionar a água da chuva para dentro das trincheiras. Deu certo.

 

Quando começou a exclusão da chuva?

Em fevereiro de 2000. Avaliações preliminares indicaram que esses painéis são capazes de excluir entre 70% e 80% da água que cai durante um evento de chuva. Nossa idéia era reduzir o índice anual de precipitação pela metade, mantendo os painéis em operação somente durante o pico das chuvas, que é de três a quatro meses por ano, de fevereiro a maio, às vezes junho. Como no ano passado houve uma estação de chuvas prolongada, os painéis foram mantidos por mais tempo, sendo retirados apenas em meados de agosto.

Quais as prováveis conclusões dessa experiência?

Esperamos que, apesar das condições de seca, a floração de algumas espécies de árvores continue estimulada. No entanto, é provável que a maioria dos frutos seja abortada antes de amadurecer, inviabilizando a germinação de sementes. É quase certo que a capacidade das árvores de realizar fotossíntese seja reduzida, o que afetará diretamente o desenvolvimento da vegetação. Grande parte da floresta subterrânea, formada pelas raízes, sofrerá com a falta de água e, com o tempo, deve parar de crescer e morrerá. Ao final, será possível avaliar os prejuízos potenciais, com a perda dos atuais serviços ecológicos prestados pela floresta amazônica e, assim, rever o atual desenvolvimento natural, social e econômico da região.

Daqui pra frente…

CENÁRIO NEGATIVO

 

Com rodovias cortando florestas, madeireiras, mineradoras, grandes empresas agrícolas e pecuárias explorando sem fazer manejo, teremos menos árvores e bichos, mais secas e incêndios e também mais dióxido de carbono na atmosfera. Florestas como a Amazônia podem sofrer uma savanização.

 

CENÁRIO POSITIVO

Hotspots intocados, práticas de manejo consagradas mundialmente, ecossistemas ricamente patrocinados por países poluidores e turismo ecológico transformarão florestas em grande fonte de recursos. Os laboratórios descobrirão medicamentos revolucionários e as cidades terão ar mais saudável.

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