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Cidades para carros

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

Jeanne Callegari

Erro – Planejar centros urbanos tendo como referência o transporte individual em vez de planejá-los para as pessoas.

Quem – Cidades do mundo todo.

Quando – A partir da popularização do automóvel, no início do século 20.

Consequências – Excesso de veículos em circulação, congestionamentos gigantes, perda de espaço público, poluição e todos os problemas de saúde decorrentes da conjunção desse trinômio.

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No dia 2 de setembro de 2011, ali pelas 19 horas, a cidade de São Paulo parou. A companhia de Engenharia de Tráfego registrou 220 quilômetros de congestionamento na cidade. Situações desse tipo são comuns em algumas das maiores cidades do mundo por um motivo simples: elas estão sendo planejadas muito mais para os carros do que para as pessoas que nela vivem.

“O congestionamento é, sem dúvida, um dos maiores problemas das grandes cidades. E a chave para resolvê-lo é entender que a demanda correta não deve ser por mais transporte público ou ciclovias ou calçadas. Deve ser por mais opções, por mais liberdade de escolha de meios de se locomover do ponto A ao ponto B”, diz o arquiteto Jan Gehl numa entrevista concedida à revista Vida Simples. Considerado um dos maiores especialistas do mundo em planejamento urbano, Gehl acredita que só ciclovias ou só transporte público não resolvem. A solução seria uma combinação dos dois com boas calçadas e vias exclusivas de pedestres. “Junto com o aumento de opções de locomoção, é preciso diminuir o uso dos carros, dando menos lugar a eles. Tirar espaço dos carros ou proibir que estacionem nas ruassão algumas das formas de garantir que eles sejam menos usados, em especial em curtos trajetos. E aí, as pessoas que realmente precisam de um veículo para se locomover, seja porque a distância é longa demais, seja porque é uma emergência, terão espaço para dirigir.

Vida sedentária

Cidades projetadas para o transporte individual pagam caro não apenas na questão da mobilidade. Trânsito pesado é sinônimo de problemas de saúde, provocados tanto pela poluição do ar quanto pela vida sedentária sobre 4 rodas. É sinônimo também de perda do espaço público, que, em vez de virar parque ou calçadão, acaba virando avenida, túnel ou estacionamento. No fim das contas, cidades que invertem essas prioridades saem ganhando. Exemplo disso é a cidade de Copenhague, capital da Dinamarca.

Um dia, a capital dinamarquesa já teve seu planejamento orientado pelos carros. Com a crise do petróleo de 1973, no entanto, o transporte individual ficou caro e as autoridades aproveitaram para mudar a lógica da mobilidade urbana. Jan Gehl foi chamado e já chegou mandando fechar o trânsito em algumas ruas para transformá-las em calçadões.

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Comerciantes foram contra, e nem os moradores dessas áreas gostaram muito da novidade. Mas rapidamente pedestres e ciclistas deram vida nova ao espaço público e todo mundo lucrou. Gasta-se menos com saúde, já que os habitantes fazem exercício e respiram um ar mais limpo. Perde-se menos com acidentes de trânsito, uma vez que o número de carros em circulação é menor. E movimenta-se mais dinheiro com o comércio, pois quem antes estava num carro agora está na rua, mais exposto à tentação de consumir (leia mais no quadro à esquerda).

Metrópoles como Londres, Nova York e Paris já avançaram bastante nessa direção. Bogotá e Cidade do México, embora bem menos adiantadas, estão nesse caminho também. Nas grandes cidades brasileiras, contudo, as ações nesse sentido ainda são muito tímidas.

Opostos radicais

• Em Copenhague, na Dinamarca, 55% das pessoas usam bicicleta cotidianamente para locomover-se. Em São Paulo, 0,6% das pessoas.

• Na capital dinamarquesa, 93% dos habitantes dizem estar satisfeitos com a cidade onde vivem. Em São Paulo, em função da poluição acontecem 4 mil mortes por ano.

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• Lá, a cidade poupa o equivalente a R$ 0,40 por km que os cidadãos percorrem a pé ou de bicicleta. Em São Paulo, a lentidão do trânsito provoca um prejuízo anual de R$ 2 bilhões.

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