Salvador Nogueira
Quando Jerry Siegel e Joe Shuster inventaram o que é conhecido universalmente como o primeiro super-herói “Superman”, deram-lhe o apelido de Homem do Amanhã. Em suas fantasias de ficção científica concebidas na década de 1930, a dupla imaginava esse personagem como a representação das máximas aspirações humanas naquele momento.
Pelo conceito, pode-se dizer que eles entendiam, ao menos em parte, o que estavam criando. Era uma versão renovada e até certo ponto simplificada ¿ de um personagem mitológico. Superman, com seus feitos miraculosos, nunca foi muito diferente de Hércules, o velho personagem da tradição greco-romana.
Com um adendo: a simplificação, nesse caso, não era sinônimo de defeito, e sim uma qualidade. Significava uma síntese mais perfeita da noção de herói. Tanto que, com base nela, foi fácil para outras mentes criativas elaborarem variações sobre o mesmo tema e produzirem personagens igualmente cativantes, como Batman, Homem-Aranha e Wolverine.
Fato: houve personagens antes de Superman que hoje seriam classificados como heróis, a exemplo do Fantasma, de Lee Falk, publicado pela primeira vez em 1936. Contudo, além da falta de superpoderes (que é basicamente o que separa deuses e semideuses dos reles mortais), essas criações não serviram como o protótipo de uma série inesgotável de similares, como ocorreu com o Superman.
Juntos, os personagens heroicos do século 20 compuseram uma nova mitologia, que certamente servirá à humanidade muito além de nossa própria época e tem o potencial para, com o tempo, se juntar às suas irmãs mais velhas em status e respeitabilidade.
A revista que está em suas mãos é tanto uma tentativa de esmiuçar as origens desse fenômeno como um tributo ao impacto que os super-heróis já tiveram na história do mundo em seus quase 80 anos de vida.
Boa leitura!