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Livros SuperImportantes

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Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 20 nov 2009, 00h00

Guia de um outro mundo

Cavernas: o fascinante Brasil subterrâneo, Clayton F. Lino, Editora Rios, São Paulo, 1989

Gisela Heymann

Durante os nove anos dedicados ao estudo de fósseis na região de Lagoa Santa. Minas Gerais (entre 1835 e 1844), o paleontólogo dinamarquês Peter Lund fez mais do que registrar nada menos de 115 espécies. Maravilhado pela beleza e pelo ambiente peculiar das cavernas, onde pacientemente se dedicava a escavações em busca de preciosidades científicas, Lund inaugurou a Espeleologia – o estudo das cavernas – no Brasil. Seu testamento, de 1871, dirigido ao imperador Pedro 11, foi um apelo à preservação da hoje famosa Gruta de Maquiné, em Minas Gerais, cujo fascínio ele descreveu como “sem igual no continente americano”.
A avançada consciência ecológica de Lund é a todo momento lembrada no livro, que se propõe desvendar os mistérios da formação de cavernas, passando pelo seu relevo característico, as bizarras ornamentações minerais que crescem no seu interior e as persistentes formas de vida que se adaptam à escuridão e ao, silêncio de um ambiente onde o tempo parece ter parado. As peculiares condições desse mundo subterrâneo vêm sendo utilizadas, por sinal, para pesquisas em Psicologia. Cobaias voluntárias aceitam submeter-se a prolongados períodos de isolamento dentro de cavernas para se saber como fica a percepção da sucessão de dias e noites, sem a referência habitual da luz e da escuridão. e como funcionam, sem informação alguma do mundo exterior, os ciclos biológicos do sono e da vigília, da fome e da saciedade. A tendência, a julgar por algumas recentes experiências, é a pessoa dormir mais tempo de uma só vez – de dez a dezoito horas – e também permanecer acordada por períodos de 25 a 36 horas.
Espeleólogo há mais de quinze anos. o autor Clayton Ferreira Uno, embora já tenha experimentado dezenas de vezes a sensação de entrar em grutas e abismos desconhecidos, parece sempre ansioso por novas explorações. Ao traçar um minucioso retrato dos subterrâneos brasileiros, convida o leitor a se deixar atacar pelo “vírus espeleológico”. como diz – uma compulsiva vontade de conhecer, estudar e divulgar o maior número possível de cavernas. O vírus não deve gerar, porém, caravanas de turistas capazes de devastar esses santuários naturais. Ensina o autor: “Das cavernas nada se tira, a não ser fotografias; nada se deixa. a não ser pegadas nos lugares certos; e nada se mata, a não ser o tempo”.

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Estréia no futuro

Só sei que não vou por aí, H.V. Flory, Edições GRD, São Paulo, 1989

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Fátima Cardoso

Em algum lugar do futuro, os homens possuem um cérebro natural na cabeça e outro artificial no abdômen. Seus computadores são feitos de processadores paralelos e redes neuronais, alguns até robotizados para executar trabalhos humanos. A Terra já perdeu sua camada de ozônio e virou um deserto inundado de raios ultravioleta. Sobraram apenas alguns teimosos no planeta, vivendo debaixo do solo; bom mesmo é morar numa estação espacial. É nesse cenário que se desenrolam as histórias do livro de estréia de Henrique Villibor Flory, contos de ficção cientifica recheados de muita ironia.
Só sei que não vou por aí, que dá título ao livro. é uma bela parábola sobre a rebeldia. em que um homem tenta fugir do vazio provocado por uma sociedade automatizada ao extremo. Ex-estudante de engenharia, vivendo basicamente de mesada, Henrique Flory, de apenas 20 anos, mostra talento num texto claro, conciso e de idéias bem enca deadas. Alguns detalhes, porém, vinculam o futuro que Henrique descreve à última moda em tecnologia quando o livro era escrito – por exemplo, as muitas referências à supercondutividade, que tornam o texto datado demais para o gênero.

 

 

 

Homem ao mar


Cousteau
– uma biografia, Axel Madsen, Editora Campus, Rio, 1989

F.C

A vida de Jacques Yves Cousteau não daria um livro – daria vários. Esta biografia, escrita pelo americano Axel Madsen, descreve a trajetória do capitão desde a infância até os tempos recentes da década de 80,quando comprou a briga pela defesa do mar. Todos os fatos importantes da vida de Cousteau estão contados, como a sua invenção do aqualung – o cilindro de ar comprimido com válvula reguladora que liberou o mergulhador da ligação com a superfície. Como sabem os milhões de espectadores da série O mundo submarino de Jacques Cousteau, nos anos 70, ele foi o primeiro a filmar o fundo do mar nas expedições de seu navio Calypso pelo mundo afora. Algumas vezes o capitão extrapolava para o sonho, como no projeto de construir uma cidade submarina, para a qual chegou a fabricar um protótipo.
O livro é um grande inventario das conquistas de Cousteau, mas deixa de lado as impressões dele próprio sobre sua vida. O autor apenas informa: numa entrevista, em 1972, Cousteau declarou que, quando recordava o passado, sentia vontade de vomitar – e deixa o assunto por isso mesmo. Talvez seja essa a razão pela qual Madsen não ouviu o biografado. Ele entrevistou parentes e amigos, consultou filmes e livros para construir a história do explorador do mar. É uma biografia detalhada, mas dela não emerge a figura humana do biografado.

 

 


Velha violência

A guerra na Grécia Antiga, Marcos Alvito Perreira de Souza, Editora Áticla, São Paulo, 1988

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Antonio Augusto da Costa Faria

“O mundo em que vivemos”, observa Marcos Pereira de Souza. professor de História Antiga na Universidade Federal Fluminense. “Condena ideológica e moralmente o uso da violência como um meio para atingir determinado objetivo individual ou coletivo.” Os gregos. talvez menos hipócritas, aceitavam a guerra como um fato natural, assim como o nascimento ou morte, acerca da qual nada podia ser feito. A razão dessa concepção estava no fato de que a violência era inerente ao funcionamento da sociedade grega. Os escravos, por exemplo, eram obtidos mediante a guerra, sendo ainda necessária a coação física para obrigá-los a trabalhar.
O mais positivo deste livrinho de 88 páginas é o estabelecimento da ligação entre a guerra e a dinâmica social. E isto fica bem claro quando o autor relaciona o surgimento da falange hoplita à ampliação da participação política na Grécia, por volta do século VII a.C. Os hoplitas eram soldados de infantaria fortemente armados que lutavam de forma coesa, em grupo, e não mais individualmente como nos tempos homéricos. Com eles, a segurança deixa de ser responsabilizada exclusiva da aristocracia, que perde também o monopólio da vida política. Partindo dos tempos homéricos, o livro chega à Guerra do Peloponeso, que incendiou toda a Grécia, abrindo caminho para a conquista da Hélade pelos macedônios, na segunda metade do século IV a.C.

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