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Quem construiu as pirâmides?

Nem ETs, nem escravos: os indícios mais contundentes estão nas tumbas dos construtores

Por Leandro Narloch
Atualizado em 5 nov 2016, 10h34 - Publicado em 30 nov 2002, 22h00

Lembra os escravos mantidos à força no Egito, que ralaram a vida toda carregando enormes blocos de pedra para as pirâmides? Pois arqueólogos americanos e egípcios descobriram que, na verdade, eles eram trabalhadores livres, bem alimentados e, em sua grande maioria, não eram estrangeiros. A nova teoria é o principal resultado de escavações em duas vilas recém-descobertas na planície de Gizé, que abrigaram cerca de 20 mil pessoas durante a quarta dinastia egípcia (há cerca 4 500 anos), época em que as grandes pirâmides foram erguidas. “Estamos confrontando uma das crenças mais comuns acerca do Egito, baseadas nos relatos de Heródoto e da Bíblia, com as novas evidências”, diz Zahi Hawass, diretor do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.

Os indícios mais contundentes estão nas tumbas dos construtores das pirâmides. Elas foram construídas, decoradas e preservadas, como versões menores e mais simples dos túmulos faraônicos. Dentro, alguns corpos apresentavam marcas de fraturas curadas, membros amputados e até cirurgias cerebrais, o que, para os arqueólogos, é sinal de que os trabalhadores recebiam tratamento médico à custa do faraó. “Escravos estrangeiros não seriam enterrados assim, nem mereceriam tamanha atenção”, afirma Hawass. Os achados contam ainda informações valiosas sobre a vida do homem comum do Egito Antigo, que representava 80% da população, mas sobre o qual se sabe muito pouco. Na Cidade dos Trabalhadores foram encontradas centenas de fragmentos de fôrmas de pão, jarras de cerveja e ossos de animais domésticos. As ruínas mostram que a vila era formada por galerias com milhares de camas de barro.

Para os pesquisadores, tratava-se de um bem estruturado alojamento para camponeses que, em períodos de entressafra, formariam frentes de trabalho temporárias para a construção dos monumentos. “Encontramos inscrições no interior da pirâmide de Quéops que mostram que os trabalhadores formavam equipes e sentiam-se orgulhosos ao completarem as tarefas. Talvez até fossem recompensados por isso”, diz Hawass. Eles eram supervisionados por artesãos mais qualificados, que habitaram uma vila menor, a chamada Cidade Oriental, onde foram encontradas as tumbas. O diretor do Projeto de Mapeamento da Planície de Gizé, Mark Lehner, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, acredita que é muito difícil usar, para o Egito de 20 séculos antes de Cristo, o que hoje se entende por trabalho e escravidão. “Mas, pelo menos, sabemos que o trabalho não era fixo, nem desagradável como se pensava”, diz.

Curiosidades

1. As construções de pedra eram recobertas de barro ou argamassa.

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2. Os pães, base da alimentação diária, eram preparados em fornos coletivos, em formas de barro arredondadas.

3. Homens e mulheres, camponeses de origem, migravam de todo o Egito em épocas de entressafra agrícola.

4. As camas de barro eram montadas uma ao lado da outra e cobertas por esteiras de palha.

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5. É difícil aplicar os conceitos de trabalho escravo ou assalariado para nos referirmos ao período da construção das pirâmides em Gizé, mas as escavações mostram que os trabalhadores eram bem alimentados e recebiam cuidados médicos.

6. Devido ao calor, atividades como cozinhar ou costurar eram realizadas ao ar livre.

7. Supõe-se que mais de 70% dos monumentos da planície de Gizé ainda estejam sob a areia.

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O eterno mistério de TUT

Quase um século depois de desenterrada, a múmia de Tutancâmon, de longe a mais famosa da história, ainda é o grande mistério da egiptologia. Foi a partir de sua descoberta, em 1922, que surgiu todo o fascínio que o Egito exerce hoje sobre nós. O jovem rei viveu só até os 18 anos e foi enterrado com o maior número de adereços de ouro já encontrado em uma tumba. Mas ninguém sabe como o imperador morreu, ou melhor: todo mundo tem uma explicação para sua morte prematura. A arqueóloga inglesa Christiane el Mahdy conta no livro Tutankhamen: The Life and Death of the Boy-King (“Tutancâmom: A vida e a Morte do Menino-rei”, inédito no Brasil), que novos exames realizados nos restos mortais de Tut identificaram algumas regiões finas demais em seu crânio, o que indicaria que o jovem rei sofria de um tumor na cabeça. A doença teria afetado a mobilidade e o equilíbrio do faraó: ele pode ter morrido numa simples queda.

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