Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A ameaça do cogumelo

Há mais de 6 décadas, a humanidade lida com o perigo das armas nucleares, que podem acabar com o mundo. Até agora, sobrevivemos. Mas ninguém sabe o que pode acontecer amanhã

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 8 mar 2013, 22h00

Salvador Nogueira

Em agosto de 1945, duas explosões nucleares detonadas pelos Estados Unidos levaram à rendição incondicional do Japão e ao fim da Segunda Guerra Mundial. Além da tragédia imediata, as pilhas de corpos em Hiroshima e Nagazaki trouxeram uma mensagem clara do além-túmulo: a partir daquele momento, o ser humano havia dominado tecnologias que podiam ser empregadas na autodestruição da civilização. Desde então, temos convivido com a ameaça bem real e concreta do fim do mundo. A boa notícia é que ainda estamos aqui. A má é que o perigo está longe de ter sido descartado.

Em 1947, os editores do Bulletin of the Atomic Scientists, publicação nascida na Universidade de Chicago que reunia proeminentes físicos nucleares, instituíram o Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock). A ideia era representar o quanto, na estimativa dos cientistas, estávamos próximos de uma hecatombe que consumiria o mundo. Na primeira apresentação, o relógio marcava “7 minutos para meia-noite”.

Com o advento da Guerra Fria, o relógio se aproximou ainda mais da hora fatal. Em 1949, por exemplo, ele marcou 3 minutos, quando a União Soviética testou sua primeira arma nuclear. Quatro anos depois, a marca chegaria a desesperadores “2 minutos”, quando as duas superpotências testaram suas primeiras bombas de hidrogênio num intervalo de apenas nove meses. Até hoje, foi o mais perto que o relógio chegou da meia-noite.

Sabe-se hoje que, durante a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, quando os Estados Unidos constataram a presença de armas nucleares ao alcance de seu território, o mundo por muito pouco não ouviu o som das 12 badaladas. Felizmente não aconteceu e a humanidade sobreviveu para contar mais essa história.

Continua após a publicidade

Em compensação, na época em que a União Soviética caiu, e a Guerra Fria acabou, o relógio chegou a marcar seu horário mais distante da meia-noite: 17 minutos. Desde então, apesar da baixa animosidade entre russos e americanos, a redução dos estoques de armas nucleares dos dois países foi muito tímida: ainda existem 26 mil ogivas prontas para uso.

Além disso, outros países mais propensos a travar guerras, como Índia e Paquistão (para não mencionar a Coreia do Norte), testaram com sucesso suas bombas atômicas. Em 2007, já incorporando também as ameaças adicionais causadas pelo aquecimento global, o relógio marcava 5 para meia-noite – a mesma marca dos dias atuais.

Com certeza, o potencial desenvolvimento de armas nucleares no Irã – somado ao ódio declarado e recíproco do mundo islâmico com Israel, também possuidor de bombas atômicas – deve nos levar para ainda mais perto da hora final.

Uma guerra nuclear localizada, digamos, no Oriente Médio por si só não seria capaz de acabar com a humanidade. É óbvio que a economia global entraria em colapso, levando a uma crise sem precedentes, e a contagem de mortos seria estrondosa. Mas a sobrevivência da espécie ainda não estaria fora do alcance.

Continua após a publicidade

Contudo, para as grandes nações, seria difícil observar o desenrolar dos eventos sem interferir. Muito provavelmente, veríamos o conflito escalar rapidamente para mais uma guerra mundial, e aí sim a coisa ficaria feia.

Uma guerra nuclear é um horror impensável. Não só as bombas matam indiscriminadamente e devastam cidades inteiras como também a radiação emanada das detonações, carregada pelo vento e pela chuva, irá envenenar as populações adjacentes. A poeira levantada pelos cogumelos gigantes de fumaça tornaria a atmosfera mais opaca, impedindo a chegada de parte da luz solar ao solo e levando ao chamado “inverno nuclear”.

Talvez a humanidade não morresse toda, mas a redução populacional extrema e a falta de recursos e ambientes não contaminados, na melhor das hipóteses, nos levaria de volta à Idade da Pedra. “O século 20 nos trouxe a bomba, e a ameaça nuclear nunca irá nos deixar”, diz, consternado, Martin Rees, astrônomo real britânico. Caberá à humanidade ter a sabedoria de conviver com essa tecnologia sem lançar mão de seu uso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.