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Os perigos do lixo espacial

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 Maio 1988, 22h00

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Os detritos provenientes dos objetos lançados pelo homem no espaço, que circulam ao redor da Terra a cerca de 28 000 quilômetros por hora, constituem o que se chama lixo espacial. São estágios completos de foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e fragmentos de apilrelhos que explodiram. Desde o lançamento do primeiro satélite artificial pelos soviéticos – o Sputinik – em 4 de outubro de 1957, cerca de 18 mil objetos foram colocados em órbita. Até recentemente contavam-se 10 mil objetos de grande ou médio porte e outros 40 mil de pequenas dimensões. O mais preocupante é que apenas uns 7 mil são maiores do que 20 centímetros. Abaixo desse tamanho, eles se tornam praticamente invisíveis, pois não são percebidos nas telas dos radares. Até agora, a maior parte dos acidentes com naves, satélites ou astronautas foi provocada por fragmentos oriundos da atividade espacial pacífica. Mas com o início dos testes com armas anti-satélites e do programa Guerra nas Estrelas, dos Estados Unidos, o problema do lixo espacial vem se agravando de forma assustadora.

Em teste realizado com um satélite destruído por um míssil, 275 fragmentos foram registrados em radares, logo após a explosão. Mas deve existir um número muito maior de pequenos fragmentos que não puderam ser percebidos. Há vários exemplos de veículos espaciais danificados por colisões com detritos espaciais. Uma caixa de instrumentos eletrônicos do satélite americano Solar Maximum, recuperada pelos astronautas num vôo da nave Challenger, apresentava 160 perfurações produzidas por lascas de tinta.

Resíduos orbitais danificaram também as células solares do satélite europeu GEOS 2, colocado em órbita pela Agência Espacial Européia. Também sofreram danos provocados pelo lixo espacial os satélites Cosmos 954 e Cosmos 1275, da União Soviética, o satélite-balão americano Pageos e uma das janelas da nave recuperável Challenger, durante seu penúltimo vôo, em 1985, antes do acidente que a destruiu em janeiro de 1986.

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Que ameaça esses objetos – pelo menos os de médio e grande porte – podem representar aqui na superfície da Terra? Parece ser muito pequena certamente menor que o risco representado pela queda de meteoritos – e as estatísticas mostram que a margem de danos pessoais provocadas por essas quedas é de um a cada trinta anos. Em geral quatro meteoritos de uma tonelada penetram todos os dias na atmosfera terrestre e a queda de corpos mais pesados não é rara, Em 19 de maio de 1976, uma chuva de fragmentos atin, giu 500 quilômetros quadrados no Nordeste da China. O maior desses fragmentos pesava quase duas toneladas – e ninguém morreu, Em dois séculos, apenas sete pessoas foram atingidas por meteoritos, e nenhuma sofreu danos graves.

A média de objetos do lixo espacial que reentram na atmosfera terrestre é 35 por mês. Todos os objetos colocados em órbita um dia voltarão à Terra, mas muitos deles levarão centenas, milhares ou mesmo milhões de anos para reentrar na atmosfera, Alguns, por suas dimensões e constituição, serão consumidos pelo atrito. Um dos maiores objetos que já reentrou na atmosfera foi o estágio do foguete Saturno que em 1973 lançou o Skylab. Pesava 38 toneladas e caiu no oceano Atlântico, em janeiro de 1975. Outros fragmentos do Skylab caíram no solo e nenhum provocou danos, Não foi registrado, até hoje, nenhum caso de acidente provocado pela queda de satélites ou de objetos do lixo espacial. O perigo existe, é claro: as 38 toneladas do Saturno passaram sobre Los Angeles pouco antes de caírem no Atlântico, perto dos Açores. Mas é pequeno, Felizmente, parece que o lixo espacial ameaça mais os astronautas em suas naves no espaço do que as pessoas cá embaixo graças ao envoltório gasoso – a atmosfera – que recobre a nave em que viajam, a Terra. Ele consome a maior parte dos fragmentos que poderiam cair aqui.

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