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Pesquisa sobre extremos da aleatoriedade vence Prêmio Abel 2024, considerado o “Nobel da Matemática”

Michel Talagrand recebeu o prêmio por seu trabalho em processos estocásticos. Entenda como essa matemática é usada para prever mudanças climáticas e a bolsa de valores.

Por Maria Clara Rossini
27 mar 2024, 10h00

O matemático francês Michel Talagrand recebeu a notícia durante uma chamada de Zoom, em que ele achou que seriam discutidas questões do seu departamento de pesquisa. A novidade era bem diferente: a chamada anunciou o vencedor do Prêmio Abel de 2024, muitas vezes considerado o “Nobel da Matemática”. Talagrand foi laureado por seus trabalhos em aleatoriedade.

Michel Talagrand
(Foto: Peter Badge / Typos1 / Abel Prize 2024/Reprodução)

Ele é pesquisador do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), e passou uma boa parte da sua carreira caracterizando os extremos da aleatoriedade em processos estocásticos. Um processo estocástico é aquele que produz uma sequência de valores aleatórios, em que o supremum é o maior valor esperado entre eles.

Um exemplo disso seria o estudo da velocidade máxima dos ventos em determinada região. Apesar de ter componentes aleatórios, é possível calcular qual é o provável limite máximo dos ventos. O mesmo vale para o tamanho de ondas ou altas na bolsa de valores, por exemplo.

Talagrand faz isso transformando os sistemas aleatórios em problemas geométricos. Segundo Helge Holden, membro do comitê do Prêmio Abel, o matemático francês é um mestre em fazer estimativas precisas, e sabe exatamente o que adicionar ou subtrair para chegar lá.

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O ganhador do prêmio estuda um princípio estatístico chamado “concentração de medidas”, que confere alguma previsibilidade a processos aleatórios. Quando um processo depende de muitas variáveis aleatórias, elas (grosso modo) se compensam, sendo possível obter resultados mais precisos. O matemático criou as desigualdades de Talagrand, equações que servem como ferramentas de previsões nessa área.

Outra grande contribuição de Talagrand está relacionada ao “vidro de spin”, um sistema magnético em que os átomos estão organizados por um processo estocástico (ou seja, aleatório). O francês provou matematicamente os limites desse comportamento aleatório, completando o trabalho de Giorgio Parisi, vencedor do Prêmio Nobel de física em 2021.

Para completar, Michel Talagrand possui um website pessoal bastante brincalhão. Ele chama a atenção do leitor ao oferecer prêmios em dinheiro para quem enviar a prova de alguns problemas matemáticos postados lá. Você pode tentar resolvê-los aqui.

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O que é o Prêmio Abel?

O Prêmio Abel não é só sonoramente parecido com o Nobel. O Abel é concedido anualmente pela Academia de Ciências e Letras da Noruega – assim como o Nobel é concedido pela Academia Sueca, país escandinavo que fica logo ao lado. Ambas são instituições de referência que premiam cientistas importantes em suas áreas de atuação.

Não existe Nobel de matemática. Assim como a Medalha Fields (que é entregue a cada quatro anos), o Prêmio Abel cumpre o papel de reconhecer os principais avanços nessa área da ciência. Há apenas um vencedor por ano, que recebe 7,5 milhões de coroas norueguesas, o equivalente a R$3,5 milhões.

O prêmio foi criado em 2002, em homenagem ao bicentenário do matemático norueguês Niels Henrik Abel. Quem teve a ideia de criar o prêmio foi Sophus Lie, outro matemático norueguês, no final da década de 1890. Ele foi inspirado pelo próprio Alfred Nobel, cujo último desejo foi a instituição dos prêmios de ciência que conhecemos hoje.

Só que o Prêmio Abel não foi para frente, inicialmente. Enquanto o Prêmio Nobel começou em 1901, a ideia de Sophus Lie perdeu força após a dissolução dos Reinos Unidos da Suécia e Noruega, em 1905. O prêmio de matemática só foi recuperado cem anos depois pelo monarca norueguês. Michel Talagrand é a 27º pessoa a receber um Abel.

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