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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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A ligação entre a poligamia e a violência

Em boa parte do mundo, leis arcaicas ainda condenam os homens pobres ao celibato e as mulheres, à escravidão.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 jan 2018, 13h28 - Publicado em 23 jan 2018, 19h44

Basicamente todas as culturas humanas foram polígamas algum dia.

Não estou falando de “poliamor”. Falo de opressão bruta, crua, sanguinolenta.

Os homens mais fortes (ou mais ricos ou que tivessem amealhado qualquer outra forma de poder) tomavam várias mulheres como esposas, sob pena de morte para a infeliz que o traísse com algum dos muitos solteiros que sobravam no mercado.

Em suma: nas sociedades polígamas, o destino mais comum para as mulheres era passar a vida como escrava de um harém. Para os homens não-alpha, a realidade não era tão melhor.  Se 10% dos homens mais poderosos se casassem com 4 mulheres, como o Jacó da Bíblia, os 30% da parte de baixo do ranking jamais teriam uma esposa. E era esse o destino reservado para boa parte dos homens jovens das sociedades antigas.

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Bom, lembre-se agora que a maior parte dos homicídios acontece justamente entre homens com menos de 25 anos – seja na Suécia, seja na Suméria, seja nos morros cariocas. Fato. Condene hordas de jovens entupidos de testosterona ao celibato, então, e o que você tem? Porrada, facada, ossos triturados, decaptação, estupro. Violência desmedida.

E foi justamente por medo dessa violência que a poligamia acabou ilegal em praticamente todos os países do ocidente – cortesia do mundo greco-romano de dois mil anos atrás.

Hoje as coisas estão bem diferentes. Para (bem) melhor. Chegamos a um ponto em que as leis anti-poligamia se tornaram desnecessárias. Elas podem cair amanhã que o nosso mundo vai continuar igual hoje – com a saudável exuberância de formas de amor e de sexualidade que encontraram seu lugar ao sol: casais de dois, de três, de cinco; relacionamentos abertos. O que você e seu(s) cônjuge(s) combinarem.

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Paul Malong, ex-chefe supremo das Forças Armadas do Sudão do Sul tem 112 esposas

Mas essa não é a realidade no planeta inteiro. A lei arcaica segue em voga por aí. Paul Malong, ex-chefe supremo das Forças Armadas do Sudão do Sul tem 112 esposas, de acordo com uma reportagem da revista The Economist que relaciona violência e poligamia.

Não é só lá, claro. Em boa parte do planeta, a poligamia que forma haréns ainda é a regra. Mulheres seguem escravas e homens pobres continuam condenados ao celibato. Esses homens de hoje, naturalmente, não são menos violentos que os de ontem. Tanto que, dos 20 países mais conflituosos do mundo (de acordo com o Fragile States Index, da ONG Fund For Peace), em todos a poligamia é parte da cultura. Todos: Sudão, Iêmen, Nigéria, Guiné, Burundi, Síria… Nesses lugares, não falta quem prefira virar bucha de canhão em guerras civis eternas a encarar passivamente a ideia de jamais namorar, casar, ter filhos – ou, no caso das mulheres, a ideia de namorar, casar e ter filhos com alguém que você escolheu, não com um sujeito temível que escolheu você.

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Óbvio que a poligamia sozinha não é a única responsável pelos problemas desses países. Por outro lado, a tensão que esse sistema cria só joga gasolina no fogo que queima sobre eles. Quando você se preocupar com o que acontece nesses lugares, lembre-se que boa parte da violência que reina neles vem de meninas e meninos que não têm a menor esperança de sonhar com uma vida amorosa sequer parecida com a sua.

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