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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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O instinto religioso por trás do radicalismo da esquerda e da direita

A origem das cartilhas ideológicas pode estar num cérebro moldado para o fanatismo

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 fev 2018, 18h38 - Publicado em 23 fev 2018, 18h04

Uma das teorias mais elegantes sobre religião é que diz o seguinte: nosso cérebro seria moldado para acreditar em um ente superior. Um ente com quem você pode fazer barganhas e, nas emergências, pedir para que ele mude o curso do Universo para te favorecer – o avião está caindo, você pede para que ele deixe de cair; o adversário vai bater o pênalti e você pede para que o ente superior desvie o curso da bola.

É do jogo. Nosso cérebro vê rostos em tomadas e sorrisos em dois pontos seguidos de um sinal de parênteses 🙂

Natural, então, que ele entenda que o mundo, o universo, tenha um cérebro também, uma espécie de “consciência” com a qual dá para a gente se comunicar – nem que seja só quando o avião está caindo.

Mas tem outro ponto nessa história. Como bons animais sociais, também somos programados para acreditar no ente superior que o resto do seu grupo acredita.

A vida racional, de qualquer forma, tem tirado o protagonismo das entidades sobrenaturais, pelo menos entre alguns . Não é simples acreditar que o filho de Deus em pessoa nasceu no Oriente Médio do século 1, 300 mil anos depois do estabelecimento do Homo sapiens; ou que o mundo surgiu há 6 mil anos – 64 milhões de anos depois do fim dos dinossauros e 4,5 bilhões de anos depois do nascimento do Sol. Ou que Maomé voou de Meca até Jerusalém em uma hora 1.400 anos antes da invenção da classe executiva.

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Mas não há racionalidade capaz de massacrar o instinto religioso. Principalmente a parte de acreditar no que o grupo acredita. Não que os grupos puramente religiosos estejam em decadância – papa Francisco, Crivella e os aiatolás seguem comandando suas massas.

Meu ponto é que esse fervor também existe em quem não leva o sobrenatural a sério. E acho que é esse fervor que explica os “combos ideológicos” – os pacotes completos da direita ou da esquerda. Espera-se que, se você gosta de livre mercado, também torça o nariz para arte moderna. Espera-se que, se você for contra a Reforma da Previdência, também seja a favor do Maduro.

A única explicação racional para esses absurdos é a transposição do instinto religioso para a vida laica. É do cérebro moldado para acreditar em um ente supremo que viria o conceito dos pacotes completos. Se você acredita em Jesus também precisa acreditar em Moisés; se acredita que o Alcorão foi ditado por Deus, precisa acreditar que Maomé voava. Não existe espaço para meio termo. Na vida laica, pelo que temos visto, também não. Ou você se junta a um grupo, e segue a cartilha completa, ou está morto.

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