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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Quem realmente financia o tráfico

Faz mais sentido debater a legalização de mais drogas, além da maconha, do que voltar para discursos simplórios.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 19 nov 2018, 18h25 - Publicado em 2 mar 2018, 15h42

Posso sair de casa agora e comprar uma das drogas mais pesadas já produzidas pela humanidade sem ser importunado pela polícia. Se eu consumi-la às 8h da manhã, começo o dia eufórico, e não vou parar de botar para dentro até o sol se pôr, para não deixar a alegria fugir.

Dopado, não vou produzir nada ao longo do dia que não seja perigo para a sociedade, já que a coisa tem o incômodo efeito colateral de aflorar instintos assassinos.

A droga em questão chama “gin”, e está disponível em garrafas coloridas nos supermercados e em taças decoradas com limão siciliano nas melhores casas do ramo.

O gin e seus irmãos já foram proibidos. Na Inglaterra do século 18, era tão ilegal quanto cocaína. Nos EUA do século 20, todos sabem, também. Em alguns países árabes do século 21, idem.

Hoje a maior parte do mundo convive bem com a legalização dos destilados. Eu mesmo, que gosto de uma manguaça, quase não tomo bebidas fortes – e jamais fora dos horários e situações socialmente aceitáveis. Quase 100% da população ou age assim ou nem consumir álcool consome. As exceções são casos tristes, terríveis. Mas seguem sendo exceções.

Diante disso, acho que faz mais sentido debater a legalização de mais drogas, além da maconha, do que voltar para essa lenga-lenga de “o playboy da zona sul financia o tráfico”.

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Quem financia o tráfico é a proibição.

Claro que a questão não é simples. Não se resolve com frase de efeito como essa aí em cima. Já perdi gente próxima para drogas pesadas. Mas a ilegalidade das substâncias tampouco ajudou a salvá-las. Só as colocou em ambientes cercados de assaltantes profissionais e psicopatas em geral, os membros da sociedade que controlam o comércio de narcóticos pesados.

Colocar dentro da lei produtos de que podem matar rapidamente o consumidor, ou transformar seu cérebro numa esponja, parece um absurdo. E é. Até por isso, nenhuma nação da Terra tem legislação permissiva à importação de carregamentos de cocaína e heroína.

Mas as experiências prévias com proibição de álcool mostram que colocar produtos assim na ilegalidade talvez produza efeitos piores para a sociedade, e para o indivíduo, do que deixar na mão das pessoas adultas a liberdade de decidir o que fazer com seus próprios corpos.

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De novo: não é uma questão simples. Mas apontar o dedo para quem consome é algo simplório, paternalista, ignorante.

 

 

 

 

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