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Estudos científicos e reflexões filosóficas para ajudar você a entender um pouco melhor os outros e a si mesmo. Por Ana Prado
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Como a ciência explica o que chamamos de pressentimento (e por que precisamos dele)

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 21 dez 2016, 09h50 - Publicado em 15 mar 2012, 11h06

Você vê um amigo de longe e, em questão de pouquíssimos segundos, tem o “pressentimento” de que há algo errado. Quando os dois se sentam para conversar, ele conta que realmente está passando por problemas sérios. Como você sabia? O neurocientista David Eagleman, que dirige o Laboratório de Percepção e Ação do Baylor College of Medicine no Texas, traz uma explicação no livro “Incógnito – As Vidas Secretas do Cérebro”.

Para entender, imagine outra situação: você e outras pessoas estão diante de uma mesa com quatro baralhos. Cada um precisa escolher uma carta a cada rodada – e o que aparecer nela pode significar perdas ou ganhos em dinheiro. Mas há um detalhe: dois desses baralhos têm mais cartas boas (ou seja, fazem você ganhar dinheiro) e dois têm mais cartas ruins. Quem escolhe o baralho é o próprio participante que está tirando a carta. Em todas as rodadas, enquanto toma a decisão, cada pessoa é interrogada sobre quais baralhos acredita serem bons ou ruins. Quanto tempo você acha que levaria para descobrir isso?

Um neurocientista chamado Antoine Bechara e alguns colegas fizeram um experimento exatamente assim em 1997 e descobriram que os participantes precisavam tirar, em média, 25 cartas para sacar quais baralhos eram bons ou ruins.

Mas havia um detalhe: eles também mediram, durante toda a tarefa, as reações elétricas da pele de cada participante – que seriam um reflexo da atividade do sistema nervoso autônomo, responsável pela reação de luta ou fuga, por exemplo. Assim, quando a pessoa se sentisse ameaçada, isso seria indicado por esse medidor.

E foi isso que permitiu uma descoberta espantosa: o sistema nervoso autônomo conseguia decifrar a estatística dos baralhos bem antes que a consciência dos participantes: por volta da 13ª carta. A essa altura, cada vez que um deles estendia a mão para pegar a carta de um baralho ruim, havia um pico de atividade elétrica em sua pele – em outras palavras, uma parte do seu cérebro lhes enviava um sinal de alerta, como que dizendo “Cuidado, cara! Esse baralho vai te fazer perder dinheiro!”.

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Mas acontece que a mente consciente dessas pessoas ainda não era capaz de captar a mensagem claramente. Isso se manifestou, então, na forma de um “pressentimento”: elas começavam a escolher os baralhos bons antes mesmo de poderem explicar o porquê.

Esse pressentimento é necessário para fazermos boas escolhas. O experimento foi repetido com voluntários que tinham danos na área do cérebro responsável pela tomada de decisões – o córtex pré-frontal ventromedial. Descobriu-se que essas pessoas não eram capazes de formar aquele sinal elétrico de alerta na pele. Ou seja, seu cérebro não conseguia compreender as estatísticas tão rápido e, assim, não os advertia. Mas, mesmo quando sua mente consciente finalmente compreendeu quais eram os baralhos bons e ruins, eles continuaram a escolher as cartas dos montes errados. Se a sua consciência sabia o que fazer, mas mesmo assim eles não o faziam, isso indicaria que a atividade “escondida” do cérebro (que se manifesta nesse caso na forma do que chamamos de “pressentimentos”), é essencial para a tomada de decisões vantajosas.

Reconhecendo rostos

O resultado desses estudos condiz com uma descoberta posterior relacionada a pessoas consideradas prosopagnósicas – aquelas que são incapazes de reconhecer rostos. Fazendo essa medição dos impulsos elétricos de sua pele, pesquisadores concluíram que elas apresentavam uma atividade maior quando viam o rosto de uma pessoa que conheciam. Uma parte do seu cérebro ainda era capaz de distingui-los. O problema é que isso não chegava à sua mente consciente.

Voltando ao caso do primeiro parágrafo: o “pressentimento” que você teve em relação ao seu amigo pouquíssimos segundos após olhar para ele provavelmente tem uma explicação parecida. Antes que sua mente consciente sequer tomasse conhecimento de que ele estava ali, é possível que seu cérebro já tivesse analisado sua linguagem corporal e registrado sinais de que havia algo de errado com ele.

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Isso ensina que: 1) Apesar de sua mente consciente (ou aquilo que você considera você) levar o crédito por tudo, ela sabe muito pouco das atividades todas que rolam na sua cabeça – no máximo, ouve sussurros dela. Mas isso não é um problema porque 2) graças a esses “pressentimentos”, podemos tomar decisões vantajosas mesmo sem estarmos conscientes da situação.

Quer tomar a decisão certa? Jogue uma moeda

Se a nossa mente consciente sabe tão pouco do mundo em comparação com o que está inconsciente, como podemos acessar as informações que não chegam até ela e tomar boas decisões?

O neurocientista David Eagleman dá a dica: pegue uma moeda, determine qual face equivale a qual decisão e vá no cara ou coroa. Não, não é que você vai decidir assim, pelo acaso. O truque é avaliar sua sensação depois que a moeda cair. Caso se sinta levemente aliviado com o resultado, essa é a decisão correta para você. Se, em vez disso, se irritar e achar isso ridículo, talvez devesse escolher a outra opção.

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