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12 projetos incríveis de muralismo e arte urbana

Por Redação Super
Atualizado em 21 dez 2016, 10h13 - Publicado em 21 Maio 2015, 16h29

Por Rafael Nardini

 

Para começar, a gente esclarece: grafite é a intervenção artística feita sem permissão. Então todos os projetos que você vai ver aqui são arte urbana ou muralismo. Aos puristas do tempo de aventura grafiteira e da quebra de normas, mas também aos que preferem uma cidade cinza ao spray, uma má notícia: iniciativas como a da Prefeitura da cidade de São Paulo, que fez da 23 de Maio um corredor de street art, são cada vez mais comuns. Do Chile à Noruega, o poder público e a iniciativa privada têm desenvolvido novos conceitos jogando o muralismo e a street art no centro de tudo. No Canadá, um bairro inteiro começou uma vida nova depois que alguém teve e ideia de doar tinta que sobrava para quem sabia o que fazer com elas. Bilionários de rede de hotéis e do setor imobiliário também resolveram bancar os mecenas e recriaram distritos abandonados ou acinzentados por Las Vegas e Miami. Mas nesse mundão tem um pouco de tudo.

Para ajudar a SUPER a escolher algumas das ideias mais interessantes que estão rolando por aí, fomos até o Marcelo Pimentel. O ex-publicitário de 32 anos é co-fundador da Instagrafite, empresa que nasceu dentro do Instagram para agora se tornar incubadora e intermediadora entre marcas, artistas e quem mais se interessar por pinceis e latas de tinta.

Antes do nosso tour, vale lembrar que no Google já possível passear virtualmente por várias dessas iniciativas. O projeto Street Art brotou em junho do ano passado com 5 mil imagens de intervenções urbanas do mundo todo. Tudo catalogado com os artistas, cidades e coletivos ou projetos de cada um especificado. O sucesso foi tanto que o Google resolveu dobrar a aposta há algumas semanas, adicionando outras 5 mil novas imagens. Então, se ao final da matéria bater vontade de ir mais fundo no assunto, corre para lá!

 

1. Mural Arts Program (Filadélfia, EUA)

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1.philly

Sob o nome de Philadelphia Anti-Graffiti Network, o prefeito W. Wilson Goode decidiu enfrentar com tinta a epidemia de grafites ilegais e pichações que varreu a cidade em 1984. A artista Jane Golden foi contratada para fazer a ponte entre grafiteiros e prefeitura e transformar as intervenções fora da lei em murais bancados pelo serviço público. Doze anos depois, em 1996, surgiria o Philadelphia Mural Arts Advocates, entidade sem fins lucrativos e com participações pública e privada para elevar o financiamento do programa.  Em 1991, o Mural Arts atingiria as mil obras espalhados pela cidade, marca triplicada com a pintura  Tuskegee Airmen: They Met the Challenge, na South 39th Street, terminada em 2009. O projeto da Pensilvânia aceita doações de qualquer pessoa, tanto financeira quanto de materiais. Conselhos de moradores e artistas participam conjuntamente para decidir quais obras serão concluídas em cada novo espaço disponível. A marcha de Martin Luther King, em Selma, no Alabama, e Julius Erving, o Dr. J, maior jogador de basquete que passou pelos 76ers, são dois dos murais mais visitados na cidade.

 

VEJA TAMBÉM: Uma galeria com 30 exemplos de muralismo e arte urbana

 

2. Mural Festival (Montreal, Canadá)

Criado por dois motivos: revitalizar o bairro de Saint-Laurent, então conhecido pela violência e tráfico de drogas, e para celebrar o curto verão na fria cidade canadense. Em junho deste ano acontece a terceira edição do festival que contará ainda com DJs de lá e de fora do país. Vinte artistas estão escalados para elaborar novas obras na Saint-Laurent Boulevard. “O mais legal é que os comerciantes locais perceberam o retorno que o projeto começou a dar, o lucro que gerou. Eles viram que não era arte pela arte”. O público pode doar tinta que ficou largada em casa, mas é o município é o principal investidor do projeto.

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3. Etam Cru  (Lodz, Polônia)

Sainer e Bezt, os artistas por trás do codinome Etam Cru, foram alunos da Universidade de Lodz antes de atravessar o planeta rabiscando fachadas de prédios e muros abandonados. Hoje, os dois são os responsáveis pelo curso de artes visuais que tem como trabalho de conclusão de curso a pintura de um mural. O custo da prova final é paga pela universidade e a obra, claro, fica para todos os moradores da cidade.

 

4. Wynwood Walls (Miami, EUA)

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9.stephard-wynwood

Tony Goldman, megaempresário da Goldman Proprerties – empresa envolvida na transformação do Upper West Side e no Distrito de Wall Street, em Nova York, e de South Beach, em Miami – resolveu comprar vários imóveis no depredado bairro latino de Wynwood. De 2011 para cá, mais de 300 artistas fizeram a festa nas paredes dos imóveis comprados pela incorporadora. Estima-se que 50 mil visitantes, entre moradores e turistas, foram lá conferir o resultado, além de parar para fazer uma boquinha no polo gastronômico que surgiu naquelas bandas. O metro quadrado valia 40 dólares na região em 2000. Hoje, chega a bater na casa dos 300 dólares. “O Tony Goldman levou Osgemeos, o Obey (Stephard Fairey) e o Nunca para trabalhar lá. Em dezembro acontece a repintura. Vai ter artistas do mundo inteiro”.

 

5. Life Is Beatiful (Las Vegas, EUA)

A iniciativa nasceu de Rehan Choudhry, ex-todo poderoso do marketing da rede de hotéis Caesers. O coletivo brasileiro Bicicleta Sem Freio foi um dos convidados para pintar um dos 15 murais da região central da cidade dos cassinos e das despedidas de solteiros mais malucas. Mas aqui a arte urbana é só um incremento para um festival de música, muita música. No ano passado, as principais atrações foram Kanye West, Outkast, Arctic Monkeys e Foo Fighters. É pouco ou quer mais? Chefs renomados servem pratos especiais a 10 dólares e até o Pussy Riot este lá para discursar num dos fóruns abertos pelo festival em 2014. Ah, como podia se esperar, marcas de vodca, de uísque, de cerveja e até o UFC são alguns dos patrocinadores oficiais da coisa toda. E se quer rir, precisa fazer rir. Para participar, você precisa garantir um dos 60 mil ingressos disponíveis. “Não com o mesmo tamanho, claro. Mas também rola o festival Pow Wow, no centro de Honolulu (Havaí). É um projeto com música e artistas de todo tipo e tudo bancado pela iniciativa privada”.

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6. Caminho do Grafite (Rio de Janeiro, Brasil)

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Do Morro dos Prazeres dá para ver – e muito bem – Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Maracanã e a Baía de Guanabara. Mas a comunidade achou que não era o suficiente. Para tornar a vista lá de cima ainda mais espetacular surgiu o Caminho do Grafite. Iniciada timidamente pelos moradores, o projeto parece começar a mudar de figura. O grafiteiro Marcio SWK assumiu a curadoria do projeto para os cerca de 100 metros de paredes pintadas, que já chamam a atenção de turistas estrangeiros e moradores de fora do morro. Até aqui, mais de quarenta artistas deixaram suas marcas. Cariocas, paulistanos, mas também chilenos, americanos, alemães e franceses. Todos sorridentes com o sucesso da empreitada. Em março, começou a segunda fase do projeto, agora com apoio financeiro de uma petrolífera francesa. “O grafite mudou a comunidade e a vida por lá. E eles não estão na mão de ninguém. É um trabalho totalmente independente”.

 

7. Los Muros Hablan (San Juan, Porto Rico)

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Criada de uma parceria entre o Museo de Arte Contemporáneo de Puerto Rico (MAC) e a iniciativa privada (uma marca americana de cerveja), a primeira edição de Los Muros Hablan aconteceu em outubro de 2012 e contou com 12 artistas, entre eles, Alexis Díaz, o grande muralista/grafiteiro porto-riquenho da atualidade. De lá para cá, o bairro de Santurce só viu crescer o número de visitantes. A quarta edição da festa já está garantida e acontece em dezembro deste ano.

 

8. NuArt (Stavanger, Noruega)

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Já faz tempo que o NuArt pegou. A primeira edição rolou na cidade da costa oeste norueguesa em 2001. Quatro anos depois, o foco passou a ser exclusivamente a arte de rua e tudo que envolve esse tipo de trabalho. Digamos que o lema não oficial do projeto poderia ser resumido como “muralismo, grafite, estêncil e ativismo”. Durante o festival, exibições, performances, intervenções, debates e workshops tomam conta do espaço público. Nas palavras de Martyn Reed, o homem por trás da ideia, o NuArt é uma organização sem fins lucrativos tocada por “um bando de idealistas voluntários, vândalos e artistas profissionais chateados”. Na realidade, dá para dizer que é bem mais que isso, já que o Conselho Municipal de Stavanger, Conselho Norueguês de Arte, bancos de investimento, revistas sobre grafite e até a Anistia Internacional são parceiros do projeto. Destaque para o artista Fin DAC, que tem no currículo a pintura de um navio.

 

9. Museo a Cielo Abierto (Valparaíso, Chile)

O que temos na América Latina que merece uma visita? “Valparaíso, no Chile. A cidade inteira é  grafitada, uma das mais grafitadas do mundo”. O Marcelo não está mentindo. A cidade de terreno acidentado em que viveu Pablo Neruda tem muitas cores. As casas, os conjuntos habitacionais, as paredes e as ruas. Tudo é colorido. A impressão que dá é que Valparaíso só não pintou o mar porque o Pacífico já é suficientemente bonito. Dentro disso tudo, uma iniciativa se destaca: o Museo a Cielo Abierto, no “cerro” (morro, numa tradução livre) Bellavista.  Iniciada em 1969 pelo professor Francisco Méndez Labbé, da Faculdade de Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso (PUCV), o museu a céu aberto seria encerrado com a queda de Salvador Allende, em 1973. Só voltaria a funcionar plenamente em 1991, graças a um convênio entre a prefeitura e a PUCV. “Surrealismo en Roca”, de Roberto Matta; “Clases de geometría en colores”, de Ramón Vergara Grez; e “La Cebra y la cuadratura de círculo”, de Matilde Pérez; todas obras de muralistas latino-americanos das décadas 60 e 70, serão todos repintados. A verba vem de um fundo de 30 milhões de pesos chilenos (cerca de R$ 150 mil) criado pelo poder público que vai bancar conservação, pintura e restauração das 20 obras que formam o “museu”. Ah, um projeto de mesmo nome surgiu também na periferia de Santiago, no bairro de San Miguel, e também vale uma visita.

 

10. Urban Nation (Berlim, Alemanha)

Para além da necessidade histórica de passar pelo East Side Gallery e ver de perto a herança artística da Alemanha que antecede a reunificação, existe a Urban Nation. Meio galeria, muito centro de artistas, completamente street art. “Era um prédio abandonado. E aí a Yasha Young viu no lugar uma possibilidade de transformá-lo num centro de cultura. Hoje é a galeria de arte de rua mais ativa do mundo”. Os alemães não estão para brincadeira mesmo. O projeto One Wall leva à capital cinco diferentes muralistas todo ano. Os dois últimos a produzirem sob encomenda da Urban Nation foram o dinamarquês Don John e o americano Stepard Fairey. Sim, isso mesmo. Fairey é aquele da imagem icônica de campanha de Barack Obama, lembra?

 

11. Shoreditch Festival (Londres, Inglaterra)

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Doze anos atrás, os parlamentares britânicos conseguiram aprovar uma lei que tornava o grafite ilegal nas cidades inglesas. Sim, a classe política da terra de Banksy chegou a acreditar que era possível estabelecer, numa canetada, que ninguém mais sairia por aí rabiscando as paredes. Daí que da ideia de repressão surge sempre uma saída inteligente. Uma delas nasceu da organização Shoreditch Trust, ativa no bairro de mesmo nome e conhecido reduto grafiteiro londrino.  De 2007 a 2013, diz a organização, o Shoreditch Festival levou 120 mil pessoas às ruas. A festa que congrega música ao vivo, artistas locais e estrangeiros, comida, moda, troca de livros entre crianças e murais chegou a ser nomeada Projeto Cultural do Ano em 2009 e entrou para os guias culturais londrinos. As primeiras edições aconteciam somente uma vez ao ano, normalmente entre outubro e novembro, mas de uns anos para cá, a organização espalhou a festa e é provável trombar com algum evento acontecendo no bairro até mesmo nos meses mais frios, como no início do ano. Acima de tudo acredite: não é nada complicado encontrar os gigantes da arte de rua pelo bairro. A peregrinação de quem é ligado no assunto acontece regularmente por lá.

 

12. Le M.U.R (Paris, França)

Se a fila para ver a Monalisa estiver muito grande – e é certeza de que estará -, que tal escapar de Paris e se deslocar até Vitry-Sur-Seine? Localizada quatro quilômetros ao sul da capital, os muros da região carregam os grandes nomes franceses da arte de parede da atualidade: Indigo, C12, JR e Fred Le Chevalier. Mas há outro destino ainda mais conhecido. Esse na própria capital. O Le M.U.R, localizado na rua Oberkampf, no bairro boêmio de mesmo nome, é um marco parisiense. Inicialmente um outdoor, tudo começou a mudar na primavera de 2000, quando o artista Hephaestus decidiu transformá-lo informalmente numa tela de grafiteiros. Sete anos depois e o painel de 3m x 8m se tornaria oficialmente espaço dedicado às tintas. De lá para cá já foram 174 intervenções diferentes e todas estão disponíveis no site oficial do projeto. “O Le M.U.R agora é pago pela própria cidade. Os artistas são convidados e há sempre uma nova inauguração. Paris teve ainda a Galerie Itinerrance, um prédio abandonado que foi ocupado por 80 artistas antes de ser demolido”. O Marcelo indica uma caminhada sem destino pela região. Outras obras se amontoam por ali.

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