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Geleiras derretidas mudam equilíbrio gravitacional do oceano

Geleiras atraem a água ao seu redor – mas esse efeito sutil será quebrado pelo aquecimento global, o que tornará certos lugares mais propensos a enchentes

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 set 2017, 12h25 - Publicado em 21 set 2017, 12h23

Uma geleira é um negócio muito, muito grande. Algumas chegam a ter mais de 50 mil quilômetros quadrados – o tamanho do Espírito Santo –, e por isso ganham o nome de mantos (ou lençóis) de gelo. Só há dois desses por aí: um se chama Groenlândia, o outro é a Antártida.

Só na Antártida há 26,5 milhões de quilômetros cúbicos de gelo – isso é no mínimo três quartos de todo o gelo do mundo. E aí ocorre algo curioso:

As leis da gravitação não valem só no espaço, onde há coisas gigantes como planetas e estrelas. Até eu, do alto dos meus 88 quilos, exerço alguma atração – ainda que ínfima – sobre os objetos ao meu redor. Fiz contas rápidas com a equação mais famosa de Newton, F = GMm/R2. Descobri que o lápis de 25 gramas que está na minha mesa, a uns 30 centímetros de distância de mim, sente uma atração de 0,000000000000016 N pela minha pessoa (me perdoem se errei o número de zeros, ninguém é de ferro. Com a potência para ajudar, o valor é 16,3 x 10-13).

Não é suficiente para ele voar na minha direção e me atingir no peito. De fato, isso é tão pouco que você não deve levar a gravidade em consideração quando estiver calculando as chances do crush se sentir atraído por você. O único objeto da Terra grande o suficiente para te atrair… bem, é a própria Terra. Com massa de 5,97219 × 1024 quilos. É por isso que você está de pé em cima dela enquanto tudo se move a 30 quilômetros por segundo em torno do Sol.

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Na água, porém, as coisas mudam um pouco de figura. Os oceanos são sensíveis – sim, do ponto de vista gravitacional – à massa monumental das geleiras. Isso significa que mais água se acumula em torno delas, o que aumenta de forma mensurável a profundidade nessas regiões. Mais ou menos o mesmo processo que faz nosso satélite natural, a Lua, gerar marés, mas em uma escala quase imperceptível para um leigo.

Se uma geleira particularmente gordinha derrete – um oferecimento do aquecimento global – ela derrama toda a sua água no mar. O efeito imediato disso é paradoxal: a água se espalha pelo mundo todo, aumentando a profundidade média dos oceanos. Mas a profundidade do pedaço de oceano que está em volta do local onde ficava a geleira acaba diminuindo – porque não há mais uma massa enorme lá gerando uma pequena maré. Para completar, a massa de terra em que o gelo costumava ficar apoiado não está mais sob pressão, e acaba subindo levemente.

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Aí ocorre o óbvio: se você para de “puxar” de um lado, alguma coisa tão grande quanto passa a “puxar” de outro. Toda vez que uma geleira derrete, o equilíbrio gravitacional do oceano é alterado, e certas áreas litorâneas – em lugares que não tem nada a ver com os polos, como o Brasil – se tornam repentinamente mais suscetíveis a alagamentos. É muito importante, é claro, sabe quais são elas.

Para isso, dois pesquisadores da Universidade da Califórnia usaram dados de satélites da NASA que medem mudanças na distribuição da massa na superfície da Terra, coletados entre abril de 2002 e outubro de 2014 – e bateram eles com informações coletadas por medidores de pressão no fundo dos oceanos (cuja função básica é saber quanta água está acumulada em cima deles). O resultado é este artigo científico, em que é revelada a “impressão digital” de cada geleira sobre o nível do mar.

Vale lembrar que, mesmo com os esforços do Acordo de Paris, as temperaturas médias do planeta subirão pelo menos 1,5ºC – o que torna essa ameaça fantasma bem palpável. “Nós sabemos que as mudanças no nível do mar, por todo o mundo, não serão uniformes”, afirmou à Nature Mark Tamisieia, geofísico da Universidade de Texas que não participou do estudo. “É útil para as pessoas saberem como essas mudanças vão se manifestar.”

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O mapeamento pode colaborar com o posicionamento de novas estações de medição de pressão no fundo dos oceanos – que se tornarão ainda melhores em indicar futuras áreas de risco.

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