Em 2018, o filme Na Natureza Selvagem, realizado por Sean Penn, completará 10 anos de estreia aqui no Brasil. A obra é baseada no livro escrito pelo jornalista Jon Krakauer, lançado em 1996 e que conta a história de vida real de Christopher McCandless, ou “Alexander Supertramp”.
A odisseia na qual Christopher embarcou, deixando para trás carro, família rica, diploma e todos os bens materiais, foi incentivada pelo desejo de uma busca por autoconhecimento e distância de uma sociedade nocivamente capitalista. Infelizmente, como mostrado em suas biografias, a aventura não acabou bem.
O cantor Eddie Vedder, que compôs toda a trilha sonora do filme e deu voz ao interior do personagem, disse em uma entrevista que Alexander talvez fosse a última pessoa no mundo a querer ver sua trajetória transformada em algo comercial e trivial, mas que o filme conseguiu capturar a visão simbólica que o garoto tinha e repassá-la de maneira comovente e verossímil, importando-se mais em contar a verdade do que apenas em vender ingressos.
Em homenagem a quase uma década de lançamento, reunimos aqui 10 curiosidades sobre o filme:
1. Levou uma década para convencer a família McCandless a topar o projeto
Quando Sean Penn encontrou o livro de Krakauer em uma livraria a céu aberto na Califórnia, a primeira coisa que chamou sua atenção foi a capa. Um ônibus abandonado na neve, pura e simplesmente. No dia seguinte, o diretor já havia lido o livro duas vezes e, mais do que tudo, deseja adaptá-lo para o cinema.
Ao contatar o escritor, Penn foi informado de que deveria entrar em contato com a família de McCandless para conseguir os direitos e realizar as filmagens. Foi o começo de uma saga: muita gente havia chegado antes com as mesmas intenções de Penn.
Passaram-se 10 anos de indecisão dos McCandless até que, por fim, resolvessem dar a autorização a Sean, o favorito entre as opções. Segundo Carine McCandless, irmã de Alex, Sean era o único que se importava mais em contar a verdade no filme do que simplesmente em vender ingressos.
2. O protagonista quase foi Leonardo DiCaprio
Sean Penn considerou opções como Leonardo DiCaprio e Shia LaBeouf antes de decidir por Emile Hirsch para interpretar o personagem. O ator, que nunca havia feito parte de grandes produções, ganhou quatro renomados prêmios por seu papel.
Hirsch foi muito elogiado por entregar-se de corpo e alma à sua performance, mas também não era para menos: ele se dispôs a remar o bote por uma correnteza fortíssima mesmo sem experiência, a escalar montanhas e até a contracenar com um urso, dispensando dublês. Até mesmo o pai do verdadeiro McCandless ficou surpreso com a semelhança entre o ator e seu filho no decorrer das filmagens.
3. O filme tem pessoas e objetos da história real
Muitos objetos e pessoas envolvidas nas filmagens fazem parte da história original. O relógio de ouro que Emile usa em uma cena, por exemplo, foi entregue como um presente por Christopher a Jim Gallien, a última pessoa a vê-lo vivo momentos antes de partir para sua aventura na selva.
No filme, Jim aparece interpretando a si mesmo, dando uma carona para Christopher até a floresta e entregando a ele um par de botas e alguns alimentos. Wayne Westerberg, o ex-chefe de Christopher que ajudou a identificar seu corpo, também foi contratado para trabalhar como motorista durante as gravações na Dakota do Sul. Além disso, algumas notas dos diários do aventureiro foram usadas em cena.
4) Os cenários são os reais
Sean Penn excursionou por mais de 35 locações, refazendo os passos de Christopher dos EUA ao México. Todas as cenas foram gravadas de acordo com o local verdadeiro, exceto as do ônibus, local que abrigou Alex em seus últimos dias de vida. Penn achou que seria falta de respeito com os McCandless, então ele recriou o veículo e a locação fielmente em outra floresta.
5) A razão exata da morte de Christopher é desconhecida
No filme, a morte de Christopher é retratada como sendo por envenenamento, causado pela confusão entre duas plantas parecidas, uma comestível e outra venenosa. Mas, fora das telas, a resposta ainda é inconclusiva. O escritor do livro afirma ter encontrado evidências de que Christopher sabia da diferença entre as duas plantas e, na verdade, morreu por inanição. Outros atribuem a culpa da morte ao mofo presente nas batatas, mas não há como saber ao certo.
6) Pessoas tentam recriar a trajetória de Christopher
Depois do lançamento do filme, a história de Christopher McCandless disseminou-se muito, inspirando e conquistando fãs ao redor do mundo. Muitos se dispuseram a seguir seus passos em busca da mesma libertação espiritual, chegando até os locais mais perigosos.
Infelizmente, algumas dessas excursões não acabaram bem. Em 2010, uma garota tentou atravessar o rio Teklanika, assim como Alexander, mas não conseguiu vencer as fortes correntezas. Em 2012, outros dois fãs se arriscaram na selva sem muita experiência e acabaram desaparecidos.
7. Nem todo mundo gosta de Christopher
Apesar de o filme e o livro mostrarem a história como digna de admiração, há quem julgue Christopher McCandless como egoísta, estúpido e suicida por jogar-se numa aventura de porte tão perigoso sem treinamento.
No entanto, quem realmente o conhecia o considerava um inconformista que almejava viver radicalmente aquilo que acreditava e encontrar na natureza o seu verdadeiro eu. Livre de bens materiais, Christopher McCandless buscava o que considerava ser o bem mais precioso: a liberdade.