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A macabra história real da Caixa Dibbuk

Por Gabriel Duarte, Pedro Greco
Atualizado em 4 jul 2018, 20h33 - Publicado em 4 nov 2016, 14h22

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Quem viu o filme A Possessão (2012), do produtor Sam Raimi, com certeza deve ter ficado intrigado pela história, em que uma menina compra uma caixa de madeira em uma venda de garagem, se apega ao objeto e então começa a ter um comportamento estranho que afeta todos à sua volta. Neste post, vamos falar da história real que inspirou o filme.

O caso todo começou em setembro de 2001 com Kevin Mannis, dono de uma loja restauradora de móveis. Procurando por novos produtos em uma venda de garagem, ele se interessou por uma antiga caixa de vinho que pertencia anteriormente à falecida esposa do Sr. Havela, organizador da venda. Sua neta, que possuía certa afeição pelo objeto, o negociou com o Sr. Mannis.

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Ao abrir a caixa, Mannis encontrou os seguintes itens: duas moedas, duas mechas de cabelo (uma loira e uma morena) presas com elástico, um pedaço de granito com a palavra “shalom” escrita em hebreu, uma taça de vinho dourada e um candelabro de ferro.

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Dias mais tarde, Mannis viajou a trabalho e Jane Howerton, sua funcionária, ficou encarregada de tomar conta da loja. Não demorou muito para que coisas estranhas começassem a acontecer após o homem ir embora. Jane ouviu um barulho de vidro se quebrando, sentiu um odor desagradável, viu objetos pesados caírem e as lâmpadas oscilarem. Desesperada, ligou para o patrão, mas ele, do outro lado da linha, não ouviu nada além de uma voz assustada o xingando. A funcionária ficou gravemente abalada com o ocorrido, demitiu-se do emprego e até mudou de cidade.

Kevin, também assustado com o evento, manteve tudo em segredo, mas passou a querer se livrar da caixa. Como o aniversário da mãe se aproximava, ele a presenteou com o objeto maldito (isso é que é amor de filho!). Porém, ao abri-lo, a senhora Ida Mannis teve um derrame que paralisou metade do seu corpo, impedindo-a de falar. Com gestos, apontou para a caixa, tentando sinalizar o responsável pelo seu mal.

Um casal comprou a caixa da loja de Mannis, mas logo a devolveu com um bilhete dizendo “isso tem uma estranheza sombria”. Em uma nova tentativa, Kevin tentou passar a caixa para o seu irmão, mas este alegava sentir odores terríveis em sua casa quando o objeto estava lá, então o recusou. No ano seguinte, a família do Sr. Mannis foi passar um fim de semana em sua casa. Coincidentemente (ou não), todos sonharam com uma bruxa os agredindo. Kevin, inclusive, acordou com marcas pelo corpo.

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A próxima tentativa de Kevin foi leiloar a caixa pelo eBay. O comprador foi o usuário spasmolytic, cuja real identidade é Iosif Nietzke, que pagou 140 dólares e chegou a ser alertado sobre os efeitos da caixa. Estudante universitário de Kirksville, Missouri, ele morava com colegas de quarto. Ao abrir a caixa para impressionar uma garota, desencadeou uma série de acontecimentos bizarros. O menino ficou apavorado com o forte odor, o comportamento esquisito dos insetos, os objetos eletrônicos estragando e sua visão periférica falhando. Ele relatava tudo em seu blog e, em certo momento, também fez um leilão no eBay.

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O próximo comprador foi Jason Haxton, diretor do Museu de Medicina Osteopática em Kirksville, Missouri. Impressionado com as histórias sobre o artefato, ele pagou 280 dólares para o usuário. O diretor pretendia analisar o objeto de perto para tentar descobrir o motivo dos estranhos acontecimentos. Pouco tempo depois, acordou um dia com o olho direito inchado, como se tivesse sido picado por algum inseto. Também passou a sentir fadiga, congestão, tosses fortes e presença constante de gosto metálico na boca, além do cheiro de flores e de urina de gato.

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Jason, com motivo, passou a temer pela sua família e contatou Kevin Mannis, o primeiro comprador, para saber o que estava acontecendo com ele. Determinados, eles foram até a casa onde a caixa foi comprada pela primeira vez para descobrir suas origens.

A história do Dibbuk

O que Jason e Kevin descobriram na casa da família Havela foi um tanto perturbador. A história da caixa remontava exatamente ao ano de 1938, na Polônia. O nazismo estava em plena expansão e, apesar de só chegar ao território polonês no ano seguinte, os judeus já eram perseguidos e mortos pelo Terceiro Reich.

Em busca de ajuda para o sofrimento de seu povo, um grupo de mulheres decidiu realizar um ritual – uma espécie de tábua de Ouija com um pêndulo – para se comunicar com os espíritos do além. Após várias sessões, o espírito com o qual elas se comunicavam pediu para ser libertado das trevas e colocado para vagar novamente no mundo dos vivos. Assim foi feito. No entanto, as mulheres perceberam tarde demais que estavam lidando com um espírito maligno e tentaram corrigir o erro de libertá-lo.

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Um novo ritual foi feito com o objetivo de aprisionar a entidade em um objeto, mas o grupo falhou e o espírito continuou solto. Coincidência ou não, esse ritual falho aconteceu no dia 10 de novembro de 1938, no qual aconteceu a Noite dos Cristais – nome dado a uma série de atos violentos contra sinagogas, lojas e habitações de pessoas judaicas na Alemanha e na Áustria.

Depois do fim da Guerra, uma das participantes das sessões originais decidiu tentar mais uma vez o ritual de aprisionamento. Dessa vez deu certo e a entidade foi presa na caixa de vinho. A proprietária da caixa, então, imigrou para os EUA e, após sua morte, o objeto assombrado foi herdado por sua neta, ninguém menos que a falecida esposa do Sr. Havela.

Segundo a história, a Sra. Havela tinha sido alertada por sua avó de que a caixa continha um “dibbuk” e que nunca deveria ser aberta. Além disso, a caixa deveria ser enterrada junto com ela, mas, como o pedido contraria as regras de um enterro judeu ortodoxo, a caixa permaneceu na casa da família até sua neta fazer a venda de garagem.

Mas o que afinal é um “dibbuk”? Um dibbuk ou dybbuk é, no folclore judeu, um espírito maligno que foi condenado a vagar pelo mundo para pagar pelos seus pecados. Seu único refúgio é quando se apodera do corpo das pessoas.

Chocado com a história da caixa, Jason pôs-se a pesquisar e chegou até a determinar uma possível identidade para o dibbuk na caixa: o médico eugenista Harry Hamilton Laughlin. O movimento eugenista surgiu nos EUA e inspirou o nazismo por se basear na ideologia da “pureza racial”.

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Com a ajuda de uma jovem judia, Jason descobriu um possível jeito de acabar com os tormentos causados pela caixa: um enterro formal, com a presença de dez homens ou um grupo de oração. Não adiantou. A história só teve fim quando um exorcismo foi feito em 2004.

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Qualquer cuidado é pouco

As imagens da caixa nesse post são de uma réplica construída por Haxton para exibição. Após o exorcismo, a caixa de vinho original foi guardada numa arca de acácia folheada a ouro, que funciona como uma espécie de isolamento psíquico. Tempos depois, Haxton disse ter enterrado a caixa num esconderijo à prova de balas – e nunca revelou sua localização.

A pesquisa de Haxton rendeu um livro, o The Dibbuk Box, e também um site para responder as inúmeras perguntas que ele recebe sobre o assunto. No site, há fotos da produção da réplica da caixa.

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Jason Haxton e a réplica da caixa

É verdade?

Olhando o caso com ceticismo, é possível levantar suspeitas. Para começar, todas as pessoas que tiveram posse da caixa e falaram de seus efeitos acabaram lucrando com a história: Mannis e Nietzke por meio do eBay e Haxton com o livro que lançou a respeito. Quando o filme baseado no caso, A Possessão, foi lançado em 2012, tanto Mannis quanto Haxton tiveram créditos de “consultores de produção” – e com certeza receberam por isso.

O programa Paranormal Witness, do canal SyFy, fez um episódio sobre o caso em 2015, no qual as testemunhas recontaram a história. Foram entrevistados Jane Howerton, Kevin Mannis e sua mãe, Ida, e também Jason Haxton. A história foi a mesma que contamos acima, com a diferença de que o nome de Nietzke foi mudado para “Sam” e ele não foi entrevistado – em vez disso, a produção falou com um de seus colegas de quarto, Brian Grubbs.

A veracidade das histórias depende do quanto você acredita na palavra dessas pessoas, já que não há evidências concretas de que os fatos mencionados ocorreram – ou, se ocorreram, não há evidência de que a culpa seja da caixa. Ao examinar o caso, o escritor Brian Dunning também ressaltou que um “dybbuk”, na mitologia judaica, é um espírito desincorporado que possui outra pessoa. Nunca é dito que o dybukk possui objetos.

Verdade ou não, a história com certeza causa calafrios.

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