O livro Bom Dia, Verônica, lançado em 2016 pela editora DarkSide, traz ação crua desde o primeiro capítulo. Ele é protagonizado por Verônica, secretária de um delegado de polícia. Ela apresenta certo descaso com relação à profissão e busca impressionar a todos solucionando dois casos clandestinamente.
Ao presenciar o suicídio de Marta Campos, que se atira de onze andares, Verônica percebe algo de errado com a mulher e um grande senso de justiça cresce dentro de si. Enquanto isso, com toda a repercussão do caso na TV, uma mulher chamada Janete identifica a policial em entrevistas. Com muito receio, procura denunciar o marido Brandão, um assassino em série frio, pertencente à Polícia Militar.
Em 31 capítulos, há a alternância da narração de Verônica e o desenrolar do drama de Janete. A protagonista é uma mulher decidida e surpreendentemente desligada do amor materno e passional. Seu linguajar é despojado e carregado de palavrões. Por outro lado, Janete vive um relacionamento abusivo e caótico com Brandão, cheio de amor e sofrimento. Esse perfil a aproxima das vítimas de outro criminoso da história, Gregório.
Um dos maiores méritos da autora Andrea Killmore (que assina com pseudônimo e não revela o nome real) é traçar as personalidades de seus criminosos e despertar a curiosidade do leitor. Brandão é um psicopata que se utiliza de rituais para matar e Gregório é um médico necrófilo. Apesar de as duas tramas não se cruzarem num primeiro momento, Verônica irá se utilizar dos dois casos, simultaneamente, para dar um desfecho inesperado ao livro. Isso porque a carga de realidade e o modo ilegítimo de fazer justiça da mulher nos deixa pensativos e quebra a expectativa de um clássico final feliz.
Assim, Killmore cria uma trama complexa e cruel, digna do gênero terror. Nesse sentido, o livro não deixa a desejar em nenhum aspecto, sem, contudo, deixar de chocar o leitor no final.