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Com ambição e personagens em excesso, Esquadrão Suicida é apenas mediano

Por Matheus Bianezzi
Atualizado em 4 jul 2018, 20h35 - Publicado em 3 ago 2016, 17h34

Por Victor Bianchin

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Existem tantos vilões em Esquadrão Suicida quanto existem possibilidades. O longa quer ser um filme sobre gente malvada, mas gasta tempo mostrando que é todo mundo bonzinho (o Pistoleiro tem uma filha, El Diablo virou pacifista, Katana sente falta do marido, etc.). Ele quer ser um filme sobre união, porém tem tantos personagens que a única relação crível é o coleguismo. E ele quer ser um filme de ação, mas a falta de substância do roteiro faz com que as cenas agitadas pareçam arrastadas em vez de empolgantes.

São tantas ambições que o roteirista/diretor David Ayer fica preso entre elas e passa o longa inteiro pondo o pé no acelerador em um minuto e freando no outro, como se ele tivesse braços longos o suficiente pra abraçar o mundo ou, pelo menos, a dúzia de personagens que escolheu usar. Só que não tem e, como a história prova, a indecisão é sempre o pior caminho ao lidar com franquias gigantescas dos quadrinhos.

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Para ser justo, o filme começa bem. Amanda Waller (Viola Davis) chega ao presidente dos EUA e apresenta sua ideia de criar uma força tática composta de vilões. “Se algo der errado, a gente põe a culpa neles”, ela explica. Todos os criminosos candidatos já foram capturados e estão presos no mesmo lugar. Mas há três não-bandidos no grupo também: são Rick Flag (Joel Kinnaman), o soldado que vai comandar a equipe, Katana (Karen Fukuhara), sua guarda-costas, e Magia (Cara Delevingne), uma criatura ancestral que agora habita o corpo de uma arqueóloga.

Após um primeiro ato explicando quem é quem nessa história (e são muitos quens), o plot começa de verdade. Magia se revela maligna, escapa e dá início a um esquema para subjugar a humanidade. O resto da equipe, mesmo sem treinamento, é reunido às pressas para tentar pará-la.

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É um fiapo de história porque, claro, não há espaço para desenvolvê-la. As motivações da vilã são resolvidas com duas únicas falas de diálogo – ela quer que a humanidade volte a venerá-la como uma deusa ou algo assim. O filme prefere focar os conflitos internos da equipe e a quantidade de vezes em que a ação para apenas para que a gente “entenda” um personagem é assombrosa. Você vai perder as contas de quantos flashbacks vai ver nesse filme.

Quando a ação está de fato acontecendo, ela é até interessante, com o Esquadrão encarando hordas dos capangas descerebrados criados pela Magia. As sequências em uma avenida e dentro de um prédio são as melhores. Mas, mesmo nelas, o filme para por algum motivo e a sensação de fluidez, tão importante para uma obra desse tipo, nunca vem.

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O roteiro tem tantos furos que, em alguns momentos, fica realmente difícil entender o que está acontecendo. Por que uma psicóloga ensandecida (Arlequina) é colocada num grupo paramilitar? Por que um grupo de bandidos é encarregado de um caso de segurança internacional? Se Magia era tão poderosa, por que não criar medidas para contê-la em caso de deserção, como é feito com os outros? Se o aparelho que controla as bombas nos pescoços da equipe pode ser destruído sem prejuízos, por que o Esquadrão não o destrói?

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Superando tudo isso, dá para se divertir. Margot Robbie está muito bem como a Arlequina, embora o roteiro se apoie demais nela, o que desgasta um pouco a personagem. A visão de Jared Leto para o Coringa é bastante interessante, ainda que a história paralela do personagem no filme seja apenas gordura para uma trama já muito inchada. E Viola Davis empresta dignidade a Waller, apesar de o roteiro tentar caricaturá-la.

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Para um estúdio que começou o ano com o horrendo Batman vs. Superman, até que a Warner conseguiu subir seu jogo com Esquadrão Suicida. Praticamente tudo é melhor que naquele filme e ainda dá para dar umas risadas sem sentir que isso é “inspirado” na Marvel.

Só não dá para achar maravilhoso um filme que não sabe direito o que quer ser e sacrifica tudo que é importante (coerência, ritmo, empatia) para acabar não chegando perto de nenhuma das possibilidades. Os protagonistas de Esquadrão Suicida podem ser maus, mas nunca tanto quanto o filme que os obrigou a se reunir.

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