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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Sem paixão, a ciência não anda

  Ele era alpinista. Perdeu as pernas, necrosadas depois de terem congelado na montanha. Então virou um alpinista melhor. Hugh Herr foi amputado dos joelhos para baixo. Agora tinha de usar próteses para andar. Mas aproveitou para transformar a deficiência em trunfo. Passou a construir membros artificiais adaptados para cada tipo de escalada: uma com […]

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 dez 2016, 09h48 - Publicado em 16 jun 2014, 15h02

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Ele era alpinista. Perdeu as pernas, necrosadas depois de terem congelado na montanha. Então virou um alpinista melhor. Hugh Herr foi amputado dos joelhos para baixo. Agora tinha de usar próteses para andar. Mas aproveitou para transformar a deficiência em trunfo. Passou a construir membros artificiais adaptados para cada tipo de escalada: uma com chaves de fenda no lugar dos pés, para subir paredes verticais se apoiando nas fendas das rochas, outra cheia de pregos, para dar mais apoio no gelo…

Engenheiro, decidiu se especializar no assunto. E hoje coordena uma equipe no MIT que desenvolve novos tipos de prótese para amputados. A mais recente é esta aí da foto, uma experimental, que Hugh usa todos os dias. Vi o engenheiro e suas próteses pessoalmente, em março, no Canadá, quando ele deu uma palestra no TED. Impressiona: se eu fosse criança, pediria aquelas pernas mecatrônicas de Natal. Quando meu pai dissesse que eu precisaria perder as pernas para ganhar o presente, passaria o resto do dia tramando como me livrar delas.

As próteses do cara não são só bonitas. São inteligentes, controláveis pelo pensamento. Quando o cérebro dá um comando (inconsciente) para mover a perna que não existe, um motorzinho puxa um tendão artificial, simulando na prótese o ato reflexo que a amputação lhe roubou. Isso dá vida à perna artificial. Torna a coisa parte integrante do corpo. E não fica nisso: ela também tem sensores de tato. Quando você pisa, sente o chão, como se tivesse um pé de verdade.

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Hugh diz que basicamente toda semana sua equipe desenvolve algum software ou alguma peça nova para a prótese. E nos últimos tempos esse processo acelerou. Hugh encontrou Adrian, uma bailarina que tinha perdido uma perna naquele atentado a bomba, o da Maratona de Boston, no ano passado. E decidiu criar uma prótese especial para ela, uma com as peças e o software necessários para reproduzir movimentos de balé (obviamente bem mais complexos do que os movimentos necessários para ir até a padaria). Como ele disse, na palestra do TED: “Em 3 segundos os criminosos covardes tiraram Adrian dos palcos. Em 200 dias a gente colocou ela de novo…”.

Ele segura as lágrimas e continua: “Não vamos ser intimidados, diminuídos, dominados ou impedidos por atos de violência”.

A plateia aplaude de pé, num ato reflexo. Hugh então chama Adrian no palco. E ela dança com a perna artificial que eu gostaria de ter ganho de Natal. Nunca tinha visto nada tão bonito, e acho difícil que veja de novo.

Ela não dançou com a mesma destreza que provavelmente tinha antes. Os movimentos eram limitados, já que a prótese continua em desenvolvimento, e o objetivo de que ela emule os movimentos naturais de uma bailarina ainda parece longe. Essa parte Hugh não falou na palestra. Mas tudo bem. A apresentação em si era um passo importante no próprio desenvolvimento da prótese. Por um lado, o objetivo de fazer uma conferência perfeita no TED moveu Hugh e sua equipe a dar um passo maior do que eles teriam dado sem esse estímulo. Por outro, a coisa chamou a atenção de boa parte do mundo para o trabalho que vem sendo feito para recuperar amputados – o vídeo da apresentação teve os milhões de acessos que toda palestra bem sucedida do TED consegue. E chamar a atenção significa conseguir mais dinheiro para continuar as pesquisas. É o espetáculo, a parte lúdica, trabalhando a favor de algo concreto, e fundamental.

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